Formas de expressão e sinais da comunicação dos cavalos

Os cavalos mostram três linguagens corporais distintas: o movimento de repressão, o empurrão e a apresentação da traseira.

No movimento de repressão, utilizado por animais corajosos e dominadores, o cavalo coloca o corpo na frente do outro animal, impedindo-o de avançar. O empurrão com o ombro é a forma mais violenta de dominação e a apresentação da traseira ocorre quando o cavalo demonstra que vai escoicear. Um corpo flexível, cheio de movimentos, que simplesmente explora todas as suas possibilidades, demonstra muita alegria. Isso ocorre quando os animais estão encocheirados ou soltos.

Sinais da comunicação dos cavalos

Nesta posição o cavalo estã prestando atenção em algo.
Nesta posição o cavalo estã prestando atenção em algo.

O cavalo se comunica usando oito sons principais. O mais conhecido é o relincho, que é um som longo, alto e agudo, usado para chamar a atenção sobre algo ou de alguém. O resfôlego é um som que se origina através da saída bruta de ar pelas narinas, que trepidam. É uma forma de limpar as vias respiratórias, aumentando a oxigenação. É o som que traz consigo curiosidade e medo ao mesmo tempo, quando vê algo novo. Muitas vezes é usado para alertar os outros animais da novidade. O guincho é um som emitido com a boca fechada, sendo baixo e freqüente em encontros não muito “românticos” entre éguas e garanhões. É dado em sinal de defesa, do tipo “cai fora”.

O ronco, um som grave, curto e descontínuo, pode ser de cumprimento, namoro ou maternal. Quase sempre está ligado ao reconhecimento, a um sinal leve de excitação, ou porque viu um cavalo amigo, uma pessoa querida, um alimento, uma égua ou o filho (potro). O ronco de namoro é o mais excitante, pois é acompanhado do bater dos cascos e o movimento da cabeça, pescoço e cauda. Muitos cavalos reagem dessa forma na aproximação de seus donos. O urgido é um som agudo, comum entre os cavalos selvagens e ocorre em estados emocionais intensos. Semelhante ao resfôlego, mas sem trepidação, o sopro é um som mais suave e com uma mensagem menos tensa, significando apenas um “Hum! O que é isso?!”. E ainda temos o suspiro, com a saída longa de ar pelas narinas, onde o animal demonstra um certo tédio, mal estar digestivo ou até mesmo angústia.

Cavalo está bravo
Cavalo está bravo

Um dos sinais de comunicação mais utilizados e mais fácil de ser observado é o transmitido pelas orelhas. Elas mostram sempre aonde está direcionada a atenção do cavalo. Conforme a posição das orelhas, o cavalo mostra o seu ânimo e a sua atenção. Por exemplo: inclinação aguda para frente indica tensão, curiosidade ou boa intenção; caídas para o lado significam aborrecimento ou cansaço; abaixadas e voltadas para trás indicam animosidade ou agressão.

Os cavalos também usam combinações dessas posições, além de posições intermediárias que, por enquanto, só eles mesmo entendem o significado. Entretanto, sabemos que orelhas em pé e voltadas para trás denotam a presença de um dominador, que geralmente é o treinador ou o cavaleiro e indicam submissão, obediência, um indício de que a voz de comando foi utilizada para o adestramento como uma “ajuda”.

A cabeça mostra, através de movimentos pendulares, que existe alguma insatisfação, uma vontade de sair da situação em que está. Quando montados, demonstra desagrado com a embocadura ou com o exercício imposto. Mas, muitas vezes, o movimento com a cabeça serve apenas para aumentar o campo de visão do animal ou para chamar a atenção de alguém. A investida ou empurrão com a cabeça é também uma forma de atrair a atenção ou talvez a demonstração de não gostar de alguma coisa que está vendo ou sentindo.

As pernas não servem somente para dar movimento e estrutura, também possuem a sua linguagem. Escavar o chão com as patas mostra o desejo de achar algum alimento ou de estar pedindo-o ao seu dono. Serve também de reconhecimento e como desejo claro de continuar com algum movimento, mostrando algum tipo de frustração. Levantar a pata dianteira é ameaça, pois dá início ao coice frontal, enquanto que levantar a perna traseira é um ato defensivo, anterior ao coice. O coice é uma forma de proteção, agressão, dominância e força, enquanto bater e pisar são maneiras como o cavalo demonstra que é o chefe, é uma forma de protesto.

A face do animal também transmite sinais, através da boca, dos olhos e das narinas. O ato de abocanhar, onde o animal puxa o canto da boca, abrindo-a e fechando-a como se fosse morder, mostra o lado brincalhão, querendo dizer “olha, eu estou aqui e sei ser simpático!”. Quando os cavalos possuem o hábito de mordiscar uns aos outros (pêlo e crina), pode ser a representação de cordialidade entre eles, a maneira que encontraram de demonstrar “amizade”. Abrir os lábios e não morder, também é uma brincadeira, mas a mordida é uma forma de defesa. A boca contraída mostra angústia e dor, enquanto os lábios caídos mostram relaxamento.

Os olhos demonstram medo, excitação, curiosidade, dor e interesse, assim como as narinas podem dilatar em estado de excitação, esforço ou emoção intensa. Prestando atenção no comportamento de pastejo do cavalo, veremos que, praticamente, não se modifica quando anoitece, o que revela uma capacidade de visão noturna relativamente boa.

Os cavalos utilizam-se de vários recursos para se comunicarem através de seus próprios corpos ou com a emissão de sons, cabendo a nós conhecer e observar esses sinais de comunicação para que se possa chegar ao convívio mais completo. O cavalo faz sua parte de maneira natural e espontânea, expressando o que sente, avisando com antecedência do que gosta e do que não gosta, deixando clara sua posição de submissão e obediência, da mesma forma que alerta sobre sua postura de líder em determinadas situações. Será que estamos atentos a isso e correspondendo com a mesma franqueza aos sinais de comunicação. Bom, se ficou alguma dúvida no ar, chame seu cavalo e tenha uma longa conversa com ele!

Formas de expressão dos cavalos

Os cavalos estão quase o tempo todo enviando sinais muito claros e precisos que demonstram o que se passa em suas cabeças. Como são incapazes de compreender a linguagem oral, como uma criança que ainda não aprendeu a falar, utilizam com o homem e outros cavalos uma linguagem corporal e emitem sons e murmúrios como forma de comunicação.

Como nós, humanos, conseguimos trabalhar com as duas linguagens, a corporal e a oral, torna-se bem interessante trocar idéias com um cavalo, olhando para ele, exercitando uma “leitura” do animal, vendo as contrações da sua pele, observando a posição de suas orelhas, como ele mexe o pescoço, movimenta as patas e muitas outras formas de expressão. Existe também outra linguagem, que é a do próprio organismo do cavalo, que fala dos desequilíbrios em suas funções, gerando o que conhecemos como doenças. Esta, talvez, seja uma das mais claras “falas”, o melhor aviso do animal para dizer que algo não vai bem.

Cada cavalo tem seu papel definido dentro do grupo onde existe um relacionamento social e uma hierarquia muito bem estabelecida. Na natureza, as manadas não são pura e simplesmente aglomerações ou agrupamentos físicos de cavalos sendo, na verdade, uma complexa e autêntica rede de indivíduos se relacionando. Há os que dominam e os que são dominados e essa ordem social é vantajosa, inclusive para os que se encontram numa posição mais baixa da hierarquia, pois as brigas e os conflitos são evitados e eles se sentem protegidos por seus líderes contra a ameaça de predadores e intrusos. Tal hierarquia pode ser estabelecida por diversos fatores como idade, experiência, força e coragem.

A imagem mais comum de uma manada é aquela composta por um garanhão, seu harém e sua prole. No entanto, podem ser formadas só de fêmeas ou só de machos adultos, de jovens de ambos os sexos, só de machos jovens, etc. Existem, também, manadas dentro de manadas, que em determinadas circunstâncias podem andar juntas, porém, conservando a sua hierarquia e individualidade. A principal função que o hábito de se reunir em manadas cumpre é a proteção da espécie. O interessante é que, mesmo depois de domesticado, o cavalo continua sentindo-se atraído pela reunião com seus semelhantes, pois o desejo de fundir-se na manada é eterno.

Muito do comportamento dos animais que vivem em manadas, livres, selvagens, é comumente demonstrado hoje em haras, em pequenas e grandes propriedades onde seu convívio com o homem tornou-se tão intenso que se faz necessário um maior entendimento, uma interpretação mais clara dos sinais da comunicação. Brincalhões, agressivos, ansiosos, distraídos, cada cavalo e cada momento é transmitido aos seus semelhantes e ao homem.

Para um bom relacionamento e melhor convivência, cabe a nós captar e entender esses sinais que eles nos passam. Também o clima pode provocar nos cavalos diferentes reações no comportamento. Eles desenvolveram um comportamento de defesa diante dos rigores de clima e, no caso de vento muito forte e contínuo, a fim de exporem a menor área possível dos seus corpos, se colocam paralelos e esse incômodo elemento: a garupa fica voltada para o vento e as orelhas voltam-se no sentido oposto. A fuga é o principal meio de defesa dos cavalos, seguida pelo coice e a mordida. Muito se conserva em termos de hierarquia, como a posição dos animais dentro do grupo durante o deslocamento, mesmo quando toda a manada está em fuga.

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