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[vídeo] Aquecimento poderá reduzir em até 44% a circulação das águas do Atlântico, dizem especialistas

Pesquisa paleoclimática mostrou que, no passado, o colapso da grande circulação das águas do Atlântico provocou chuvas torrenciais e prolongadas no Nordeste e marcante aumento da temperatura ao largo do Sudeste. Esta circulação poderá diminuir sua intensidade quase pela metade ainda neste século.

INFLUÊNCIA DAS CORRENTES MARÍTIMAS NO CLIMA

As correntes marítimas são movimentações das águas dos mares e oceanos com características comuns em termos de composição e temperatura. A existência delas, além de ser fundamental para a existência de inúmeras espécies e, consequentemente, para os ecossistemas, também é importante para a determinação dos climas e a distribuição do calor pelo planeta.

Em razão da existência do efeito coriólis – uma pseudoforça causada pela inércia sobre corpos que se encontram em rotação, como a Terra –, a movimentação das correntes marítimas ocorre em formato circular. No entanto, por causa desse mesmo efeito, a direção acontece em sentidos diferentes conforme o hemisfério: no norte, elas movimentam-se no sentido horário e, no sul, no sentido anti-horário.

Essa configuração apresentada pelo mapa é importante para definir uma parte do equilíbrio climático do planeta. As condições naturais dessas correntes contribuem para definir a composição das massas de ar em ambientes próximos, bem como as condições meteorológicas das regiões de destino dessas massas.

Sabemos que o clima do planeta é basicamente regulado pela atividade solar, de modo que a influência das correntes marítimas sobre o clima é apenas uma derivação dessa configuração. Nesse sentido, os oceanos recebem o calor da radiação solar – o que ocorre em intensidades diferentes conforme as latitudes – e distribuem esse calor à medida que suas águas se movimentam. Contudo, é errôneo pensar que essa distribuição é total e compensa as diferenças térmicas entre as diferentes partes do globo.

A temperatura das correntes marítimas é relevante a ponto de ser utilizada para classificá-las. Assim sendo, esse fator divide as correntes em frias e quentes. Para entender essa divisão, é preciso ter em mente que, em termos de radiação e temperatura, as zonas equatoriais (baixas latitudes) são sempre mais quentes do que as áreas polares e extratropicais (elevadas latitudes).

As correntes frias são aquelas que surgem das áreas polares, onde a radiação solar incide de forma menos intensa ao longo do ano e, portanto, gera temperaturas menores. Por serem mais frias, essas correntes são mais densas e circulam em profundidades maiores, além de movimentarem-se mais lentamente em direção ao Equador.

As baixas temperaturas das correntes frias fazem com que suas águas evaporem-se em menor quantidade e, com isso, gerem menos umidade para o ambiente ao seu redor. Por conta dessa configuração, as áreas continentais que se encontram próximas a essas correntes não recebem massas de ar úmidas, o que proporciona a existência de climas mais áridos. Um exemplo é a ação da Corrente de Humboldt no Oceano Pacífico sobre a porção oeste da América do Sul que é a responsável pela existência do deserto do Atacama, no Chile.

As correntes quentes, por outro lado, surgem nas áreas equatoriais, onde a radiação solar incide de forma mais intensa durante todo o ano, o que faz com que suas temperaturas sejam mais elevadas. Consequentemente, a densidade dessas águas é menor, o seu deslocamento é menos profundo e rápido e seu índice de evaporação é elevado, o que gera massas de ar quentes e úmidas para diversas áreas do planeta.

Um exemplo de corrente quente encontra-se no Atlântico, a chamada Corrente do Brasil, que é responsável pela umidade que gera boa parte das chuvas na porção leste do nosso país. Segundo alguns estudos, foi esse clima quente e úmido ocasionado por essa corrente marítima que forneceu as condições naturais ideais para a constituição e manutenção da Mata Atlântica. Outro caso é o da Corrente de Golfo, que provoca interferências nos climas da América do Norte e da Europa.

Portanto, como podemos notar, a compreensão das correntes marítimas e seus efeitos é de fundamental importância, pois, além de determinarem o deslocamento de espécies marinhas e favorecer a atividade pesqueira em muitos países (como o Peru e o Japão), elas também são importantes fatores climáticos. Até mesmo o El Niño possui relações com essas correntes oceânicas, uma vez que a sua formação está no aquecimento das águas do Pacífico em função da contenção da Corrente de Humbolt pelos ventos alísios. Essa e outras dinâmicas naturais nos fazem perceber o quanto o nosso planeta é dinâmico e interessante!

Por Me. Rodolfo Alves Pena

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