Zona rural não é mais segura, entidades cobram segurança

Violência ronda zona rural, com casos de roubo de gado e até latrocínios; entidades cobram policiamento ostensivo e endurecimento de leis.

A violência que assusta a população das cidades também tira o sono de quem vive no campo. Produtores rurais sofrem com furtos e roubos de gado, de defensivos agrícolas e de maquinário, segundo informações levantadas pela Safra junto ao Grupo de Repressão a Crimes Rurais e Divisas (GRCRD) da Polícia Civil de Goiás (PC/GO). Já entidades do setor agropecuário citam a necessidade de providências, como policiamento ostensivo e o endurecimento da legislação penal para garantir mais segurança no campo.

O presidente da Sociedade Goiana de Pecuária e Agricultura (SGPA), Hugo Goldfeld, diz que os produtores estão “ansiosos” para que a questão da segurança no campo seja resolvida. “Não vejo outra maneira de resolver esse problema a não ser que a gente trate o bandido como ele nos trata. Tem que haver uma mudança na legislação, porque não é possível acontecer tudo e ninguém ser punido, e na atuação da polícia, com policiamento ostensivo e um uso melhor da inteligência”, defende.

Na exposição agropecuária de 2015, a entidade ofereceu para o governo de Goiás uma área para que um batalhão de policiamento rural fosse instalado. Um decreto chegou a ser assinado, mas, de acordo com o presidente da SGPA, “se perdeu na burocracia do Estado”. Mais de um ano depois, o projeto ainda não saiu do papel. A reportagem entrou em contato com a Secretaria de Segurança Pública e Administração Penitenciária (SSPAP) para obter um posicionamento sobre o assunto, mas até o fechamento da matéria não obteve retorno.

O reforço para o campo, por ora, vem do Grupo de Repressão a Crimes Rurais e Divisas (GRCRD) e do Comando de Operações de Divisas (COD), da Polícia Militar (PM), que tem 21 bases espalhadas pelo Estado. Ambos foram criados em 2012. Titular do grupo, o delegado Alzemiro José dos Santos, explica que o furto e roubo de gado é o maior problema enfrentado no campo hoje.

De acordo com ele, bandidos estariam migrando da cidade para o campo, por causa da facilidade em transformar o produto roubado em dinheiro. “Geralmente, esse tipo de crime acontece de madrugada, em local longe e sem testemunhas”, alertando que o produtor rural deve tomar cuidados básicos, como contratar funcionários para cuidar do gado. “A recuperação de gado é difícil. Rapidamente, os animais vão para frigoríficos e já são mortos”, cita. Ele diz que, no caso das ocorrências envolvendo furto e roubo, é comum que os fazendeiros demorem até dez dias para perceber o sumiço dos animais.

Quadrilha

Em abril, o GRCRD desarticulou um grupo especializado em roubo de gado em Goiás e investigado por crimes semelhantes em Minas Gerais e em Mato Grosso. A investigação apontou que eles se apropriaram de mais de 1,3 mil animais e equipamentos em quatro fazendas do Estado, com prejuízos somados que passam dos R$ 5 milhões. As investigações começaram no ano passado, quando um produtor rural de Montividiu do Norte sofreu um infarto e morreu, depois de ter 500 cabeças de gado roubadas.

Além dos animais, os defensivos agrícolas e o maquinário também estão na mira dos bandidos, de acordo com o delegado. “Eles se transformam em dinheiro rapidamente”, justifica, citando que, muitas vezes, os produtores sequer têm dados e fotos do veículo. “Ele tem que vigiar seu patrimônio mais de perto, porque é muito complicado perder um gado e as máquinas, que são caras”, aconselha.

grafico roubos no campo

Reprodução Revista Safra por Diene Batista

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