⁠Retrospectiva 2025: Principais destaques da avicultura

O ano de 2025 consolidou o Brasil como o grande porto seguro da proteína mundial, superando desafios sanitários e quebrando recordes de exportação

O ano de 2025 não foi apenas mais um período de crescimento; ele configurou-se como um verdadeiro divisor de águas para a produção de proteína animal no mundo. Enquanto cadeias de suprimento globais colapsavam sob pressões sanitárias e volatilidade cambial, o Brasil emergiu com uma resiliência estrutural robusta. Nesta Retrospectiva 2025: Principais destaques da avicultura, dissecamos com profundidade analítica os vetores que garantiram o protagonismo incontestável do país na segurança alimentar global.

A relevância nacional no tabuleiro internacional nunca foi tão evidente. Competidores históricos, como Estados Unidos e União Europeia, enfrentaram retrações severas de oferta devido à persistência da Influenza Aviária de Alta Patogenicidade (IAAP). O Brasil, por sua vez, utilizou a diplomacia sanitária não apenas para manter, mas para expandir sua presença. Dados da ABPA e do USDA confirmam: a produção brasileira cresceu em volume e, crucialmente, em valor agregado.

Principais destaques da avicultura

Para compreender a performance do setor, é imperativo analisar o “bolso” do produtor e o macroambiente. O agronegócio, que viu seu PIB crescer 6,49% no primeiro trimestre, operou sob um regime cambial de mão dupla: o dólar alto encareceu a tecnologia e os microingredientes, mas garantiu a competitividade do frango nas gôndolas do Oriente Médio e Ásia.

Entretanto, a anatomia dos custos revelou uma disparidade importante no início do ano, segundo dados do Cepea e da CNA:

  • Produtor Independente: Ficou exposto à volatilidade do mercado spot de milho e soja, vendo o custo da ração subir cerca de 37,2% no primeiro trimestre.
  • Produtor Integrado: Protegido por contratos de longo prazo e escala, sentiu menos o impacto, conseguindo manter a estabilidade operacional.

A virada de chave ocorreu no segundo semestre. A estabilização dos preços dos grãos e a valorização do frango vivo permitiram uma recuperação generalizada das margens, preparando o terreno para um fechamento de ano positivo.

Frango de Corte: A vitória da regionalização e novos mercados

O segmento de corte operou sob a égide da “resiliência sanitária”. A produção total deve fechar em 15,32 milhões de toneladas (+2,2%), com disponibilidade interna recorde de quase 10 milhões de toneladas.

O grande triunfo diplomático do ano foi a aceitação internacional do protocolo de regionalização. O caso isolado de IAAP no Rio Grande do Sul, que em outros tempos fecharia mercados inteiros, teve impacto cirúrgico graças à transparência do serviço veterinário oficial.

  • Japão e a Confiança: A manutenção do comércio com o Japão, aceitando a regionalização, foi um marco que validou a robustez da defesa sanitária brasileira.
  • Diversificação Estratégica: O Brasil reduziu a “China-dependência”. O México, tradicionalmente abastecido pelos EUA, recorreu massivamente ao Brasil. Filipinas, Peru e Reino Unido também aumentaram suas cotas.

A revolução dos ovos é ponto central da Retrospectiva 2025: Principais destaques da avicultura

Se a carne de frango foi a âncora de estabilidade, o setor de postura foi o foguete de crescimento. Historicamente focado no mercado interno, a avicultura de postura viveu um boom de internacionalização.

A crise sanitária nos EUA, que dizimou plantéis de poedeiras, criou um vácuo de oferta histórico. O resultado? Um crescimento astronômico de 116,6% nas exportações de ovos, totalizando 40 mil toneladas. O envio de ovos processados para a indústria norte-americana funcionou como um “selo de qualidade” global. Internamente, o consumo per capita saltou para a faixa de 306 ovos por habitante, impulsionado pelo marketing do Instituto Ovos Brasil e pela inovação em ovoprodutos.

O Mapa da Produção: Nuances Regionais

A geografia da avicultura em 2025 mostrou dinâmicas distintas nos principais polos, essenciais para esta Retrospectiva 2025: Principais destaques da avicultura:

  1. Paraná (Liderança Verde): Responsável por mais de 40% das exportações, o estado liderou a “revolução do biogás”. Programas de incentivo transformaram dejetos em energia e biometano, criando novas receitas para os integrados e atraindo investimentos massivos, como os R$ 300 milhões da Seara.
  2. Rio Grande do Sul (Superação): Após o susto sanitário de maio, o estado provou a eficácia de seus sistemas de compartimentação, recuperando rapidamente os fluxos de exportação e investindo em granjas de postura diferenciadas na Serra Gaúcha.
  3. Minas Gerais (Tecnologia): Consolidou-se como polo de genética e tecnologia. O evento “Avicultor Mais 2025” reuniu 4 mil profissionais focados em gestão baseada em dados, reafirmando o estado como competidor direto em qualidade e volume.
  4. Santa Catarina: Manteve seu status sanitário diferenciado (livre de Aftosa sem vacinação), sendo o fornecedor preferencial para cortes nobres em mercados de altíssima exigência.

O Desafio da Logística: Portaria 1.280 e Bem-estar

O ambiente regulatório foi dominado pela implementação da Portaria SDA nº 1.280. A norma redefiniu o transporte de animais vivos, exigindo alturas mínimas em caixas e controle rigoroso de temperatura/ventilação.

Embora tenha gerado atrito inicial devido ao aumento dos custos logísticos (menor densidade de carga exigiu mais viagens), a medida forçou uma modernização da frota. A edição posterior da Portaria 1.295 ajustou prazos, evitando um colapso logístico. A longo prazo, essa adequação antecipa barreiras não-tarifárias da União Europeia sobre bem-estar animal.

Inovação Tecnológica e ESG

O ano também foi marcado pela tecnologia aplicada ao campo:

  • Transporte 4.0: Caminhões climatizados com som ambiente para reduzir estresse pré-abate e melhorar a qualidade da carne (reduzindo PSE).
  • Saúde: Novas gerações de vacinas vetoriais da Ceva e outras empresas focaram em doenças imunossupressoras.
  • Automação: Robôs para revolvimento de cama e IA para monitoramento de comportamento das aves ganharam escala diante da escassez de mão de obra.

Perspectivas para 2026

O horizonte desenha-se com otimismo cauteloso. A ABPA projeta para 2026 uma produção de frango de 15,6 milhões de toneladas e exportações de ovos atingindo 45 mil toneladas. O desafio será manter os canais de exportação abertos mesmo com a recuperação dos EUA e consolidar a adaptação total à nova legislação de transporte. O Brasil entra em 2026 como a superpotência indispensável da proteína mundial.

Escrito por Compre Rural

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ℹ️ Conteúdo publicado pela estagiária Ana Gusmão sob a supervisão do editor-chefe Thiago Pereira

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