Veja os principais destaques da pecuária leiteira em 2025: produção recorde, queda de preços, crise das importações e o avanço da tecnologia no campo
O ano de 2025 entra para a história como um dos mais desafiadores para o produtor de leite. O cenário foi marcado por um contraste brutal: de um lado, as fazendas bateram recordes de produção e tecnologia; do outro, o preço pago pelo litro despencou, deixando o caixa no vermelho. Ao analisarmos os destaques da pecuária leiteira, fica claro que produzir muito não foi suficiente para garantir o lucro.
Nesta retrospectiva, mostramos como o clima, as importações do Mercosul e os custos altos formaram uma “tempestade perfeita” que levou muitos produtores a pedirem recuperação judicial, mesmo em um ano de safra cheia.
O fim da “Lei da Oferta e Procura”?
Quem esperava a tradicional valorização do leite no inverno (entressafra) se frustrou. Um dos grandes destaques da pecuária leiteira foi o comportamento atípico do mercado: o preço caiu quando deveria subir.
Segundo o Cepea, o valor do leite pago ao produtor caiu por sete meses seguidos. Em outubro, a média fechou perto de R$ 2,30 por litro.
- O prejuízo real: Comparado a 2024, o produtor perdeu mais de 20% do seu poder de compra.
- Onde doeu mais: No Sul do Brasil, a queda foi ainda pior. O Paraná e o Rio Grande do Sul viram os preços derreterem porque as indústrias não deram conta de captar tanto leite produzido graças ao clima favorável.
Produção explodiu, mas a conta não fechou
É difícil entender, mas aconteceu: o preço caiu, e mesmo assim a produção aumentou. O Índice de Captação de Leite subiu quase 14% no ano.
Dois motivos explicam essa “enchente” de leite:
- Investimentos Pesados: Quem investiu em galpões (Compost Barn) e genética em 2023/24 precisou colocar as máquinas para rodar.
- Clima ajudou (até demais): O La Niña trouxe chuvas perfeitas para o pasto no Sul e Sudeste. Com comida barata no cocho, as vacas produziram muito mais.
Importações: O pesadelo do Mercosul
Não foi só a produção interna que encheu o mercado. O leite importado da Argentina e Uruguai foi o grande vilão entre os destaques da pecuária leiteira. O Brasil importou quase 2 bilhões de litros até outubro.
O problema? Esse leite chega aqui muito barato (prática de dumping), competindo deslealmente com o produtor nacional. O leite em pó estrangeiro entrou a preços que inviabilizaram a concorrência.
A reação dos Estados: Cansados de esperar pelo Governo Federal, estados como o Paraná criaram leis estaduais (Lei nº 22.765/2025) proibindo que laticínios usem leite em pó importado para vender como leite líquido. Minas Gerais e Ceará já se movimentam para fazer o mesmo.
Custos nas alturas: O “Efeito Tesoura”
Enquanto o preço do leite caía, a conta para produzir subia. É o chamado “efeito tesoura”, que cortou o lucro das fazendas.
- Minerais: Subiram quase 16%.
- Energia e Diesel: Ficaram 12% mais caros.
- Mão de obra: Além de cara, está difícil encontrar quem queira trabalhar no campo.
O resultado? Um recorde triste: os pedidos de Recuperação Judicial no agro cresceram 61%, puxados principalmente por pecuaristas que investiram e não conseguiram pagar as contas.
Tecnologia: A boa notícia do ano
Se o financeiro foi ruim, a tecnologia salvou a operação de quem pôde investir. A robótica foi um dos positivos destaques da pecuária leiteira. Fazendas com robôs de ordenha produziram 7% a mais e sofreram menos com a falta de funcionários.
Além disso, quem apostou na sustentabilidade (ESG) ganhou dinheiro extra. Projetos de “leite verde” e baixo carbono pagaram bônus aos produtores, provando que cuidar do meio ambiente dá lucro.
O que esperar para a pecuária leiteira em 2026?
O ano de 2025 deixa uma lição amarga, mas importante. Para 2026, a expectativa é de que a oferta diminua um pouco (muitas vacas foram descartadas na crise), o que deve ajudar o preço a reagir a partir de março ou abril.
O produtor que sobreviveu a 2025 entra em 2026 mais eficiente, mas precisará de muita gestão para recuperar o prejuízo.
Escrito por Compre Rural
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ℹ️ Conteúdo publicado pela estagiária Ana Gusmão sob a supervisão do editor-chefe Thiago Pereira
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