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2033 o agro que irá prevalecer já está revelado em 2023

No campo da ciência e da tecnologia do universo agropecuário, o conhecimento disponível já vive no estado da arte desses agentes.

Qual revelação é esta? Assim me questionaram os alunos do mestrado internacional da Audencia, França/FecapE Brasil. Muito simples por uma ótica óbvia, se escaparmos da hipnose das distrações e generalizações podemos pegar, apalpar e ter evidências comprovadas dos agentes do sistema de agribusiness que já atuam em 2023 como se em 2033 estivéssemos.

Daniel Goleman, criador da inteligência emocional nos aponta que cerca de 11% dos agentes humanos atuam engajados nas forças evolutivas da realidade. Portanto, legítimos antecipadores dos ciclos inexoráveis das mudanças.

Na comemoração dos 40 anos da Embrapa Meio Ambiente em Jaguariúna em dezembro 2022, Marcelo Morandi, ex-chefe, e Paula Packer atual chefe dessa unidade, trataram dessa poderosa perspectiva da “competência antecipatória”. Significa demonstrar que na história humana na terra sempre alguns viram antes e anteciparam o que muitos seguiriam tempos à frente.

No campo da ciência e da tecnologia do universo agropecuário, o conhecimento disponível já vive no estado da arte desses agentes do antes, dentro e pós-porteira das fazendas, dos 11% que dominam a competência “antecipatória”. Pesquisadores estudando a relação das plantas com os microbiomas sem dúvida irão antecipar o que uma vanguarda fará na gestão desse “deep ESG”. Outros dois visionários enxergaram nos anos 1950 uma necessidade fundamental tratando o setor de alimentos como uma cadeia umbilicalmente conectada, batizada de “agribusiness”. Foi em Harvard, professores John Davis e Ray Goldberg.

No Brasil, outro gênio do talento antecipatório, Ney Bittencourt de Araújo, então presidente da Agroceres, foi estudar com Ray Goldberg e introduziu no Brasil o conceito de agronegócio. Nascia inspirada pelo Ney a Abag, e o Pensa/ FEA-USP, com dr. Décio Zylbersztajn, tudo isto na virada dos anos 1980 para os 1990.

Então, da mesma forma, conseguimos visualizar hoje algumas cadeias produtivas avançadas na sua coordenação, quando comparamos com a maioria ainda em atritos, desarmonia e numa cacofonia dentro de si mesmas. Renovabio representa um plano inteligentíssimo reunindo a sociedade civil organizada com governo na orquestração da cadeia dos biocombustíveis. Também visualizo na Abrapa, no algodão, um salto positivo a ser seguido por todos nestes próximos 10 anos. A indústria brasileira de árvores, IBA, setor evoluído na sua orquestração também e com muito a contribuir para a imagem do País.

Dessa forma, o que já podemos revelar que será o óbvio para a gigantesca maioria do agro que planeja chegar vivo e próspero em 2033? Vamos a sete pontos verificáveis e acessáveis já à disposição:

1- Gestão de cadeias produtivas, do a do abacate ao z do zebu, com objetivos de cada categoria integrando indústria, comércio, serviços e agropecuária numa sinfonia onde metas, meios, obstáculos e fatores críticos de sucesso estejam compreendidos, responsabilizados e administrados. Não esquecer o consumo per capita mensurado. Uma agroindústria como Caramuru entra com ousadia na logística dos trens e portos, por exemplo. A Associação Brasileira de Supermercados (Abras), com seu vice-presidente institucional e administrativo Marcio Milan, governa o Rama – rastreabilidade e monitoramento de alimentos ao lado da Paripassu com métricas que ligam consumidores finais a produtores rurais pela segurança e sanidade dos alimentos na hortifruticultura.

O presidente executivo da Associação Brasileira da Indústria de Alimentos e Bebidas (Abia), João Dornellas, afirma que: “Seremos cada vez mais supermercado do mundo, além de celeiro”. Quer dizer vamos produzir e vender muito mais valor agregado.

Nutrientes para a Vida, outra iniciativa que vai ao futuro associando nutrição de plantas e solos a saúde humana, com a Anda. Missão de entidades representativas da sociedade civil organizada com agentes públicos.

2 – Capitalismo consciente das organizações empresariais, conforme as definições de Thomas Eckschmidt, Raj Sisodia e Timothy Henry estão escritas no livro “Capitalismo consciente – guia prático”. Já constatamos ações realistas de corporações como a Bayer, num projeto de incluir na tecnologia contemporânea 100 milhões de pequenos agricultores no mundo. A UPL desenvolvendo o conceito pronutiva da saúde vegetal, a Biotrop, Koppert, Índigo, agrichem com bioinsumos, a Nutrien consolidando uma rede de distribuição e um conceito “UP” de extensão tecnológica, a DSM Tortuga numa jornada de capilaridade da saúde animal, a Jacto e sua fundação Shunji Nishimura de tecnologia em Pompeia.

Agropalma, em Tailândia no Pará, um show vivo de responsabilidade social e ambiental. Líderes nos alimentos como Unilever definindo que irão incluir no seu suply chain milhares de pequenos agricultores. Pepsico trazendo e revelando produtoras e produtores de suas batatas para o consumidor final. Iniciativas de produtores rurais com agropecuária sustentável, a pantaneira como exemplo, a marsuriana nascendo agora em Naviraí, Mato Grosso do Sul; a Nestlé apoiando a instalação de biodigestores para produção de biometano nos seus fornecedores de leite; JBS maior do planeta em alimentos criando a campo forte, fertilizantes especiais. Idem BAT Souza Cruz valorizando seus integrados na faixa de 17 mil famílias. A Unesp Jaboticabal com prof. Paranhos em bem-estar animal e Carmen Peres, um símbolo exemplo nacional. Marise Porto também exemplo real do programa agricultura ABC, com ILPF. Esses são apenas alguns exemplos do que já temos em 2023 e que será regra em 2033.

3 – Cooperativismo crescente e abundante. As cooperativas significam a única fórmula realista para a prosperidade de 100% dos seus agentes. A lei dos 11% é dura e, se não houver gestão e pressão educadora, a maioria fica pelo caminho. E o cooperativismo tem como dever supremo não deixar gente pra trás. Pobreza, miséria e fome serão inaceitáveis cada vez mais e, se não forem de forma determinantemente combatidos, os governos serão inapelavelmente destituídos. Portanto, essa governança exigirá cooperativas como plano de Estado. E já as temos hoje? Sim. No mundo e aqui no Brasil à disposição. Reunidas formam o maior faturamento de um bloco empresarial do País, mais de 15 milhões de cooperados. E, onde tem uma cooperativa bem liderada, o IDH da região é superior. Assim como Marcio Lopes presidente da OCB diz: “Cooperativismo é prosperidade”. Roberto Rodrigues, embaixador das cooperativas na FAO, acrescenta: “Onde tem cooperativa, tem riqueza; onde não tem cooperativa, tem pobreza”. Em 2033 teremos obrigatoriamente a inclusão de milhões de brasileiros nesse sistema, abandonando programas assistencialistas que não emancipam seres humanos. O cooperativismo de crédito tenderá a ter uma participação ascensional no sistema financeiro nacional.

4 – Ciência intensiva aplicada e educada diminuindo desperdícios em todos os sentidos.

Desde saber que plantar uma semente sob temperatura elevada representa desperdiçar parte considerável de seu potencial genético, até uma chegada enorme de nichos e segmentações de originações agrícolas a partir de engenharia genética já com um “design” voltado ao fim específico da transformação agroindustrial, ou nutricional do consumidor final incluindo “accountability” positivo ambiental, iremos ter menos utilização de terras com muita profundidade de consciência no rendimento científico de cada grão já com valor agregado embarcado desde sua concepção. Uma unidade da Cargill, em Bebedouro, produzindo pectina, evidencia o futuro já no presente das grandes tradings, além de containers e navios de 70 mil toneladas de commodities, passam a ser organizações de soluções de ingredientes agroindustriais em pequenas embalagens.

Uma empresa de engenharia mecânica como MWM ao lado de uma cooperativa agroindustrial como Primato, numa intercooperação com demais cooperativas do Oeste paranaense criando uma cooperação agroenergética de biogás já é realidade em 2023. As impressoras 3D e as sínteses da ciência, com “nerd farmers” já existem e farão parte de 2033 que já se evidenciam em 2023. Na educação, a preparação global como a Esalq num acordo com a universidade da China, e nossa experiência com audiência de Nantes num hub agro planetário. Insper, Fia, D Cabral, já existem como exemplos e aqui estão.

Exemplos dignos de menção e em nome deles não esquecer muitos funcionários do ministério da agricultura como Cléber Soares, como Fabiana Alves, sabem tudo o que precisamos fazer nessa rota de 2023 para 2033, assim como a Embrapa e institutos agronômicos.

E o consumo consciente já hoje presente terá na educação dos consumidores uma grande transformação antidesperdício e saudabilidade com 90 mil pontos de vendas dos supermercados sendo transformados em pontos de educação.

5 – Consciência climática e restauração do paraíso natural.

Podemos não concordar com a “guerra pelas percepções humanas” que o tema ambiental propicia, criando bandeiras e sentidos pelo qual “vale a pena viver” num burburinho “cacofônico”. Porém, somos agraciados pelo destino e estamos no “cockpit” desse sonho, ou utopia, ou “metaverso” das imaginações humanas. Estamos simplesmente no Brasil, o único país com nome de árvore e com o maior patrimônio vivo do desejo da humanidade, se pudéssemos obter uma convergência de todas essas vozes. Na FGV Agro, no Observatório da Bioeconomia, Daniel Vargas me disse que o potencial de ativos ambientais no mundo somaria o equivalente a cerca de 50% do total do PIB do mundo hoje.

Portanto, voltando aos 11% que possuem a competência antecipatória, Blairo Maggi numa entrevista que me concedeu afirmou: “Nosso negócio é atender nossos clientes. Já fizemos a moratória da soja, iniciativa tomada em 2012, não podemos nadar contra a corredeira, vamos atender clientes para vender e estar 100% com a lei, portanto quem tem a lei ao seu lado não deve temer”.

Marcello Brito, ex-presidente da Abag, hoje coordenador acadêmico do agro da fundação Dom Cabral, também participa das iniciativas de orquestrações de empresas conscientes ambientais e participa de uma startup de chocolate amazônico “Demendes”. O embaixador Rubens Barbosa, presidente da Abitrigo, também considera vital uma inteligência diplomática brasileira como protagonista da questão mundial e não a reboque ou negando essa discussão. Em 2033 poderemos estar na condição dos “restauradores” desse paraíso, como Jorge Caldeira, Júlia Sekula e Luana Schabib tão bem descrevem no livro “Brasil Paraíso Restaurável”. Para isso precisamos dos próximos dois pontos abaixo.

6 – Produtoras e produtores rurais numa nova dimensão de agentes da saúde.

Conversando com Ray Goldberg, ele me disse: “Tejon, alimento agora é sinônimo de saúde, saúde do solo, da planta, animais, água, meio ambiente, pessoas, a saúde da humanidade nasce na originação dos alimentos, entramos num ‘health system’, um sistema de saúde”.

Não vamos chamar mais agricultores, somente de produtores, eles estão acima e além de “bushels” toneladas, arrobas, conteiners, commodities, são agentes essenciais de saúde em todos os sentidos. Um Food citizenship, seria uma “agrocidadania”.

Por isso, esses quase 600 milhões de agricultores no planeta terra, cerca de 6 milhões no Brasil, devem e precisam sim ser tratados com elevada consciência de justiça. Enfrentam riscos, fatores incontroláveis em todos os sentidos tanto climáticos, quanto doenças e pragas, fatores de mercados, políticas econômicas, um verdadeiro “festival” de incertezas. E agora mais do que nunca pressionados numa verdadeira “olimpíada” científica e tecnológica com digitalização exigente de sinal, sensores e moderníssima gestão, necessitados de educação, suporte, proteção, pois sabemos filosoficamente que a “tecnologia digital estará sempre a serviço de um mundo cada vez mais analógico”, como explica o prof. dr. José Carlos de Souza Jr, do Instituto Mauá de Tecnologia: “ Pois entre o 0, e o 0,1111 existe o infinito”.

Caberá sim a uma política de estado e a governança de todas as cadeias produtivas desenvolverem algo que já não é novo, porém fundamental, o “fair trade“, comércio justo. Contratos que protejam agricultores, ou “agentes da saúde“ para que do lado do setor mais arriscado dentre os demais elos do sistema de agronegócio, possam dedicar seu tempo, cérebro, coração e alma para o foco crítico de sucesso de todo complexo: a saúde da produção. E ao lado desta visão, também iremos ver como já vemos em programas excelentes do Sebrae, o desenvolvimento dos “terroir” nacionais, em arranjos produtivos locais, indicação de origem, gerando renda e distribuição de renda em cada município, acrescentando ainda a agricultura local em grandes megalópoles como na própria cidade de São Paulo. Novos entrantes urbanos adentrarão esse universo dos solos, águas, mares e ares do novo agro, numa legítima realidade de um país brasileiro potência agroalimentar, agroambiental, agroenergético, e potência agrohumana.

7 – Não existem países subdesenvolvidos existem países subadministrados (Peter Drucker)

A questão de todas as questões sobre os seis aspectos anteriores reside exatamente na liderança e competência de administração. Significa mitigar os fatores incontroláveis ampliando consideravelmente o planejamento estratégico, efetivar uma “ecogovernança” ao invés de uma subdesenvolvida “egogovernança”, a luta dos egos X egos. Segurança alimentar é fundamento de Estado.

Temos exemplos de superação espetaculares no país onde cidades se organizaram através de agentes da sociedade civil, formularam uma coordenação para o desenvolvimento, contrataram consultorias internacionais, decidiram um plano, e ao lado do legislativo, executivo e judiciário conduzem seus municípios acima de todas as medianas nacionais de IDH e comparáveis às melhores cidades do planeta.

Temos linhas mestras disponíveis para isso, por exemplo, numa imaginável orquestração das confederações nacionais empresariais, das federações, e nos municípios de suas representações. Ao contrário do jogo perde perde, de um segmento contra o outro, partimos para a convergência das decisões ganha ganha, onde o potencial existente é estupidamente maior do que a demanda corrente. Confederações, uni-vos.

Então, para isso, precisamos dos demais 89% dos percentuais de Daniel Goleman mencionados no início deste artigo. 11% engajados e donos de capacidade antecipatória. Enxergam e atuam antes. Em seguida teríamos 19% que poderiam imitar e seguir esses 11%, entretanto os próximos 50% são acomodados como turistas passando tempo no planeta e os restantes 20% formam a legião dos “terroristas”, falando mal de tudo e de todos. A liderança ecológica, a ecogovernança, para 2033 precisará atrair os indiferentes, e oferecer causas nobres para que a raiva dos detratores terroristas possa ser transmutada em lutas bravas e dignas pelo aperfeiçoamento das legítimas imperfeições.

Igualmente, essas lideranças já existem, nós as temos, precisamos apenas de lhes dar muito mais visibilidade e poder de comunicação. Nesta próxima década, um fator específico decisivo para obtermos maior ou menor velocidade nesta jornada para o paraíso restaurável está sob responsabilidade da mídia ética e consciente de seu papel civilizatório.

Enquanto escrevo este trigo, Pedro de Camargo Neto, um legítimo líder do agro brasileiro está ao lado de Ray Goldberg (96 anos), lá em Harvard participando do Papsac, uma reunião anual com a diversidade de líderes do sistema agroindustrial, incluindo seus críticos. E os temas sendo debatidos hoje na virada 2022/23 são:

1 – agricultores e a mudança climática;

2 – agricultores, comércio e regulações;

3 – preferência dos consumidores, nutrição e segurança dos alimentos. Tema este último com total aderência ao ITAL, instituto de tecnologia de alimentos, à disposição.

Precisamos de liderança, aqui vai para o Instituto Pensar Agro (IPA), com Nilson Leitão, uma janela da boa esperança na rota 2023 para 2033. Idem para as mulheres do agro (CNMA) e a juventude (Yami).

O PIB do país pode dobrar de tamanho. Para isso, o PIB do agro precisa também dobrar de tamanho. Relacionar e vincular uma coisa a outra é parte da responsabilidade de líderes se comprometerem e assumirem.

Em junho de 2023, um grande evento acontecerá na cidade de São Paulo, a capital do capital do agronegócio nacional. Será o Brasil Agribusiness onde esses sete aspectos estarão evidenciados rumo a 2033.

“Tudo seria fácil não fossem as dificuldades” (Barão de Itararé). Nunca foi. Mas as forças criadoras sempre vencem e superam as energias das entropias destruidoras. O agro 2033 já existe em parte aqui em 2023, questão de foco e seremos muito melhores, todos, não alguns. Não temos tempo a perder, o jogo é cada vez mais veloz.

(Os exemplos mencionados neste artigo são apenas extratos que abrem pistas para os leitores investigarem o que já temos de realidade hoje que nos permite visualizar os próximos 10 anos. São abundantes as iniciativas inovadoras e sistêmicas de um “design thinking” já em andamento, com notáveis brasileiros responsáveis trabalhando. O presente é o resultado do futuro.)

Fonte: summitagro

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