A Inteligência Artificial no agro: auxilio ou armadilha para quem usa?

Nos últimos dois anos, a IA deixou de ser assunto exclusivo dos escritórios de tecnologia e passou a ser acessível também à fazenda, à agroindústria, ao consultor de campo.

Por Fernando Lopa* – Tenho acompanhado de perto a evolução da tecnologia no campo. Do plantio direto ao GPS em tratores, passando por sensores de solo, chips em animais, técnicas de manejo, imagens via satélite e todo o avanço das máquinas e implementos para a agropecuária.

Vivencio essa transformação silenciosa na produção que começou lá atrás, com a Revolução Verde nos anos 1970, ganhou força com a agricultura de precisão nos anos 2000 e, agora, nos conduz a uma nova etapa, talvez a mais impactante até aqui: o uso da inteligência artificial.

E aqui que faço um alerta importante: a IA não veio para substituir pessoas. Veio para valorizar o que temos de melhor. Ela automatiza o que é repetitivo, organiza volumes imensos de dados e, principalmente, nos devolve tempo — tempo para pensar, para planejar, para decidir com mais clareza.

Chamo isso de produtividade inteligente. A inteligência artificial não tira o protagonismo de quem decide no campo. Pelo contrário: ela amplia o olhar, fortalece o pensamento crítico e entrega mais precisão sem abrir mão da experiência de quem toma decisões com os pés no chão e os olhos no horizonte.

Produtividade inteligente: é isso que a IA entrega quando bem usada

Nos últimos dois anos, a IA deixou de ser assunto exclusivo dos escritórios de tecnologia e passou a ser acessível também à fazenda, à agroindústria, ao consultor de campo. E o impacto é claro: um profissional que domina seu ofício e usa a IA com inteligência pode ser 10 vezes mais produtivo, sem perder sua originalidade nem sua autonomia.

Mas atenção: produtividade não é fazer mais coisas no automático. É fazer as coisas certas com mais precisão. E isso passa por saber quando a IA ajuda e principalmente, quando ela atrapalha.

Porque auxílio ou armadilha na tomada de decisão?

Porque a IA não decide por você, pois ela responde com muita confiança até quando está errada.

Um dos pontos mais críticos, e frequentemente ignorados, é que a Inteligência Artificial responde com aparente autoridade, mesmo quando comete erros. E no Agronegócio, onde decisões imprecisas podem comprometer o planejamento de meses, não há margem para confiar cegamente em qualquer resposta “bonita” ou bem estruturada.

Mais preocupante ainda é que a IA pode atuar como um gatilho mental de confirmação, moldando as respostas de acordo com o que o usuário quer ouvir, ou seja, buscando justificativas para reforçar ideias já formadas, em vez de questioná-las com profundidade.

Por isso, é fundamental entender que a IA não substitui a sua decisão, ela amplia sua capacidade de pensar de forma mais estratégica, desde que você saiba fazer as perguntas certas, interpretar os dados e validar os resultados com senso crítico.

No agronegócio, isso significa avaliar riscos com mais precisão, tomar decisões menos intuitivas e mais fundamentadas, e sobretudo, distinguir o que é modismo tecnológico daquilo que realmente gera valor para o negócio.

IA como aliada na tomada de decisões inteligentes no agronegócio — Você está pronto?

Nos últimos tempos, tenho observado com frequência, especialmente nas redes sociais, profissionais do setor e até mesmo jovens produtores rurais compartilhando conteúdos técnicos e de gestão que, muitas vezes, carecem de embasamento confiável. É provável que essas informações estejam sendo obtidas diretamente de ferramentas de Inteligência Artificial, sem a devida filtragem crítica.

Sim, a IA é uma ferramenta poderosa. Mas é importante reforçar: ela não é infalível. A confiança com que entrega respostas pode facilmente enganar, especialmente quando não há conhecimento técnico para validar o que é apresentado. No agronegócio, decisões mal orientadas não custam pouco: custam tempo, dinheiro e, às vezes, a próxima safra.

A tecnologia está aqui para ampliar a nossa capacidade de pensar, não para substituí-la. E quem souber unir conhecimento técnico, visão de negócio e uso criterioso da tecnologia estará em vantagem na nova era do Agro.

Minha dica:

Produtores rurais, consultores e empreendedores do agronegócio que desejam ampliar ganhos de produtividade e rentabilidade com a IA precisarão desenvolver algumas competências indispensáveis:

  • Pensamento crítico: para interpretar respostas com responsabilidade, identificar erros da IA e tomar decisões embasadas.
  • Capacidade de diagnóstico: saber identificar os problemas reais antes de buscar soluções tecnológicas.
  • Visão estratégica de negócio: entender onde a IA se encaixa para otimizar operações, reduzir desperdícios e aumentar resultados.
  • Fluência tecnológica: saber explorar essas novas ferramentas tecnológicas, testar soluções e tomar decisões com base nos dados.
  • Autonomia e iniciativa: sair do “deixar como está” e buscar melhorar processos, reduzir desperdícios e encontrar novas oportunidades com apoio da tecnologia.
  • Liderança adaptativa: saber agir com confiança, utilizando as vantagens da IA, em meio à incerteza do mercado, do clima ou da tecnologia.

E agora, eu te pergunto:

Você está realmente preparado para essa nova fase do agronegócio?

Com minha experiência no setor, oriento produtores, profissionais e empreendedores do Agro que desejam desenvolver competências para usar as ferramentas e os resultados que Inteligência Artificial entrega com consciência, estratégia e resultados práticos.

Fernando Lopa é Mentor de Carreiras e Negócios para o Agronegócio

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