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A moda do “boi digital” já chegou, você conhece?

Conhecida como a era da boiada digital já faz parte da realidade das fazendas que reconhecem a necessidade da tecnologia para ajudar na produção!

A transformação digital das fazendas de engorda de bovinos começou há cerca de dez anos com uma tarefa simples: a substituição de anotações no papel, do manejo dos animais, para o registro direto em celulares e tablets. De lá para cá, algumas plataformas digitais ganharam notoriedade, como os aplicativos da paulistana Bovcontrol, da catarinense Jetbov e das mineiras Prodap e 4Hoffs. O movimento agora ganha ritmo. Uma infinidade de opções vem surgindo para ajudar o produtor a ter um maior controle do rebanho.

Entre as novidades estão sensores de movimento e de comportamento dos animais, chips de identificação menores e mais potentes, câmeras, pistolas automáticas de aplicação de medicamentos, cochos e balanças inteligentes.

“Isso tudo vai ajudar o fazendeiro a ter maiores ganhos de produtividade e lucratividade”, afirma o veterinário argentino Ariel Maffi, vice-presidente de Ruminantes Brasil da DSM Tortuga. “Estamos investindo na transformação digital da pecuária e o Brasil será o centro do desenvolvimento de tecnologias para a produção de bovinos da companhia para todo o mundo.”

Não é por menos essa responsabilidade. Com o maior rebanho de bovinos do mundo, com 213,5 milhões de animais, o País é a referência para a holandesa DSM. Há cerca de dois anos, a companhia, que fatura no País cerca de R$ 2 bilhões com a fabricação de ração e formulações nutricionais e de saúde para a criação de bovinos, aves, suínos e peixes, vem transformando uma das suas unidades experimentais, a fazenda Caçadinha, com 5,2 mil hectares no município de Rio Brilhante (MS), no mais poderoso polo de pesquisa e desenvolvimento da companhia no mundo.

“Tudo que há de mais moderno para a produção está lá”, diz Maffi. Há, por exemplo, equipamentos digitais para medir o consumo de ração, água e peso dos animais. Há também um sistema de câmeras interligado a um sistema de inteligência artificial que dá com precisão a quantidade de ração que deve ser fornecida diariamente aos animais. Segundo o zootecnista Tiago Acedo, gerente de Inovação e Ciência Aplicada da DSM para América Latina, há câmaras que capturam imagens em terceira dimensão de cada animal. “A partir dessas imagens, um sistema vai acompanhando o crescimento do animal e diz quando ele já está pronto para o abate”, explica.

Confinamento de ponta

O aparelhamento tecnológico da Caçadinha, através de parcerias com universidades e instituições de pesquisa, empresas e startups do agronegócio, era apenas para dar à DSM mais referência ao desempenho de sua ração nos rebanhos. Mas, com a crescente onda da digitalização do campo, o produtor pode contar com a chance dessas tecnologias chegarem às fazendas pelas mãos da DSM.

“Faz todo o sentido para a empresa oferecer serviços que ajudem o produtor a ganhar com essas ferramentas”, diz Acedo. As novidades estão em fase de testes, mas devem chegar ao mercado dentro de 5 anos.

De olho em um cenário muito favorável à pecuária nos próximos anos, a DSM não é a única que está estruturando um centro próprio de pesquisa. Victor Paschoal Cosentino Campanelli, administrador de empresa e diretor executivo da AgroPastoril Paschoal Campanelli, com sede em Bebedouro (SP), também está investindo em uma unidade experimental no confinamento da empresa, na fazenda Santa Rosa, localizado no município de Altair (SP), a cerca de 100 quilômetros da matriz.

“Sou um aficionado por tecnologia. Nós estamos estruturando a empresa para ser cada vez mais eficiente e sustentável”, afirma Campanelli.

Por exemplo, está em fase de teste uma pistola de medicamentos que faz a aplicação na dosagem recomendada segundo o peso do animal. A pistola recebe as informações de peso da balança e em questão de segundos calcula a quantidade do fármaco. A ferramenta veio da Austrália e é uma novidade no País. Através de tecnologias como essa, o produtor passa a ganhar mais, segundo o engenheiro industrial Gustavo Ferro, diretor associado de Precisão e Desenvolvimento de Negócios da MSD Saúde Animal. “O maior benefício do sistema é a precisão da aplicação”, diz Ferro. “Garantir a dose certa de cada medicamento melhora a eficácia dos tratamentos”.

Outro projeto promissor que estará em estudo na Santa Rosa é a associação de sistemas de sombreamento dos animais e rações com aditivos para minimizar o estresse térmico dos bovinos. “A ideia é que isso possa dar mais eficiência à produção, fazendo com que um animal diminua o consumo de água”, diz Campanelli. “O importante é que estamos gerando dados e isso é
o que move nossas decisões”. É exatamente isso que tem feito sua empresa crescer, em anos nos quais a pecuária patinou. Como ocorreu nas quatro últimas safras de boi.

A companhia faturou no ano passado R$ 253,4 milhões, 11,1% a mais que em 2017 e 71,6% acima de 2014. Os abates devem chegar a cerca de 75 mil bovinos este ano. Em 2018, o confinamento abateu 60 mil animais. “Acredito apenas em Deus. Para as demais coisas, só acredito com dados”, destaca Campanelli.

Minerando os dados

São os dados que darão o tom da pecuária 4.0 não apenas no Brasil. Pode não parecer, mas isso é um desafio em lugares reconhecidos como bem servidos com tecnologia. É o caso dos Estados Unidos, segundo o veterinário Leonardo Sá, CEO da Prodap, de Belo Horizonte (MG), fabricante de insumos de nutrição animal, consultoria e desenvolvedora de plataformas digitais para fazendas de pecuária.

“Tenho andado bastante na região do Vale do Silício, na Califórnia”, diz Sá. “É o principal pólo de desenvolvimento de inovação no mundo e, mesmo assim, percebi que faltam tecnologias para a pecuária de corte. Isso é uma grande oportunidade para o Brasil”, observa.

No caso da Prodap, ela passou por uma reestruturação para apostar cada vez mais no desenvolvimento de tecnologias de coleta de dados da pecuária, a partir da comunicação entre máquinas – a internet das coisas (IoT, na sigla em inglês), aprendizado de máquina e inteligência artificial. Entre os sistemas que já em funcionamento estão o cálculo de pastagens por imagens de satélite, sensores que medem a qualidade da água, mini estações meteorológicas e, em testes, a coleta automatizada de informações da quantidade de ração e sal mineral no cocho.

“Um drone está em estudo para fazer esse serviço e a tecnologia já deve ser oferecida aos produtores no próximo ano”, diz Sá. Todas as informações ficam reunidas na plataforma Prodap Views, acessada por computador, celular e tablet. A empresa investe R$ 10 milhões até o final do ano nessa transformação digital. O faturamento deve chegar a R$ 70 milhões, 30% acima de 2018. “Vamos dar a oportunidade para a pecuária ter um grande salto de produtividade”, diz Sá. “Isso começa com dado confiável e de qualidade”, ressalta.

Fonte: Dinheiro Rural.

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