
Essa experiência prática me mostrou a importância do trabalho integrado entre nutrição, bem-estar e gestão.Compartilho aqui um pouco da rotina que vivemos no confinamento.
A rotina no confinamento de bovinos vai muito além de fornecer ração e esperar resultados. Ela exige observação contínua, decisões rápidas e um olhar técnico apurado. Como estudante de Zootecnia, tive a oportunidade de vivenciar essa realidade de perto na Fazenda Roseira da Serra, acompanhando todas as etapas do manejo em parceria com a equipe.
Essa experiência prática me mostrou a importância do trabalho integrado entre nutrição, bem-estar e gestão.Compartilho aqui um pouco da rotina que vivemos no confinamento.
Início do dia: leitura de cocho e avaliação dos animais
Logo pela manhã, o trabalho começa com a leitura de cocho, um dos pontos mais importantes do dia. Essa etapa permite avaliar a aceitação da dieta, observar sobras e o comportamento dos bovinos. Com base nessa análise, o sistema é atualizado com dados precisos para decidir se haverá aumento ou diminuição da dieta para o lote.
Essa leitura não é feita apenas uma vez pela manhã: ao longo do dia, os animais são observados diversas vezes. O objetivo é captar qualquer sinal de desconforto, recusa de alimento, alterações de fezes ou comportamento que possam indicar problemas no manejo ou na dieta.
Bem-estar e análise de fezes: a leitura que os animais nos dão
As fezes são um indicativo importante de como a dieta está sendo digerida. Observar consistência, presença de grãos inteiros ou excesso de mucos é uma prática diária que complementa a avaliação nutricional. Além disso, o comportamento do lote também revela sinais de bem-estar ou estresse, como agitação, apatia ou brigas por espaço no cocho.
Nos dias mais frescos, é visível que os animais apresentam maior ingestão alimentar. Já em dias de calor intenso, o consumo tende a cair, o que exige atenção redobrada para evitar perdas de desempenho.
Adaptação: o começo do sucesso
O período de adaptação dos animais ao confinamento dura 21 dias, e é acompanhado de perto por mim e pelos funcionários da fazenda. Acompanhamos a evolução do consumo, a interação dos animais com o ambiente, e buscamos garantir que todos estejam bem adaptados à nova rotina. Essa fase é fundamental para o sucesso da engorda, pois reduz riscos de doenças metabólicas e melhora a resposta à dieta.
Três refeições por dia e sistema de controle em tempo real
Os animais recebem três alimentações diárias, em horários estrategicamente definidos para otimizar o consumo e evitar sobras. Toda a movimentação é registrada em tempo real em um sistema que organiza:
• Alimentação diária
• Entrada e saída de animais
• Estoque de insumos (FIFO – primeiro que entra, primeiro que sai)
• Medicações e manejos
É como se a fazenda estivesse toda “dentro do sistema”, o que traz mais rastreabilidade, organização e precisão técnica.
A visão da zootecnista no confinamento
Estar inserida nessa rotina me ensinou que o papel da zootecnista vai muito além da formulação de dietas. É preciso estar presente, observar os animais, entender os sinais do lote, manter boa comunicação com os funcionários e utilizar a tecnologia como aliada.
Cada decisão tomada no campo reflete diretamente no resultado da arroba produzida, e cada detalhe por menor que pareça importa. Essa vivência me fortaleceu como profissional e reforçou a importância da zootecnia aplicada com olhar técnico e sensibilidade prática.
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