AEB: revogação é benéfica para EUA e Brasil, e tem impacto político para Trump

A medida deve ter impacto positivo sobre o Brasil, do ponto de vista econômico, mas ressalta a importância de as negociações continuarem, com foco nos bens industriais.

Brasília, 21 – A retirada do tarifaço de 40% pelos Estados Unidos sobre produtos agrícolas brasileiros tende a beneficiar ambos os lados, mas seu principal efeito recai sobre questões internas americanas, analisa o presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), José Augusto de Castro. Ele avalia que a medida deve ter impacto positivo sobre o Brasil, do ponto de vista econômico, mas ressalta a importância de as negociações continuarem, com foco nos bens industriais. “Na parte industrial o impacto ainda é muito pequeno até agora, e esse é o nosso interesse maior; porque gera atividade econômica e empregos”, diz ao Broadcast.

Para Castro, com a redução das sobretaxas anunciadas na quinta-feira, 20, Trump reconheceu que a medida havia sido inadequada. “Em um primeiro momento, se imaginava que iria gerar receita e combater o déficit interno nos EUA, mas, no fundo, não gerou nada disso. Resultou, na verdade, em inflação interna e não necessariamente em condições para combater esse déficit”, detalha.

Como a ressonância magnética nuclear ajudou a desmascarar manteiga falsificada

O especialista entende que, embora beneficie ambos os lados, essa revogação tem efeitos diferentes nos países. “Sob a lógica de Trump, foi mais politicamente importante. Sob a lógica brasileira, economicamente”, observa.

Sob a perspectiva doméstica, pondera que, mesmo que a medida tenha efeito principalmente sobre itens como carne e o café – produtos que o Brasil conseguiu redirecionar para outros mercados -, ela tende a impactar positivamente a economia, em razão do volume elevado de produção desses itens.

Ele frisa, no entanto, que ainda é necessário avançar nas negociações com foco nos produtos industriais, e enfatiza que, nesse quesito, a briga tende a ser “mais acirrada”, com a questão do custo diretamente em jogo. “No fundo, é uma questão de querer vender para o outro, e não comprar”, pontua Castro, que afirma que o custo Brasil já reduz a competitividade dos bens industriais nacionais e que as tarifas agravam essa situação.

Também no radar de preocupações está a investigação comercial dos EUA em relação ao Brasil, que ocorre no âmbito da seção 301. Para Castro, a indefinição proporcionada pela apuração, que ainda está em curso, contribui para que o País “não tenha a condição de ter uma posição mais clara e mais competitiva.”

Siga o Compre Rural no Google News e acompanhe nossos destaques.
LEIA TAMBÉM