
O hábito compulsivo de engolir ar coloca em risco a saúde digestiva dos cavalos, trazendo riscos como cólicas e úlceras; soluções passam por mudanças no manejo e atenção ao bem-estar.
A saúde dos cavalos está diretamente ligada ao manejo, ao ambiente em que vivem e às condições de bem-estar proporcionadas. Entre os problemas que mais preocupam criadores e veterinários está a aerofagia equina, popularmente conhecida como “engolir ar”. Esse comportamento, classificado como um vício estereotipado, consiste em apoiar os dentes em superfícies rígidas, arquear o pescoço e engolir ar, produzindo um som característico. Embora possa parecer inofensivo, trata-se de um distúrbio com sérias consequências para o trato digestivo e para a qualidade de vida do animal.
A aerofagia é considerada um comportamento compulsivo, muitas vezes comparado a distúrbios repetitivos em humanos. O cavalo que desenvolve o hábito procura objetos como portas de baias, cochos ou cercas para apoiar os incisivos. Ao executar o movimento, flexiona o pescoço e engole grandes quantidades de ar, o que se torna um ciclo de repetição difícil de interromper.
Esse comportamento ocorre principalmente em animais de cocheira, que passam longos períodos em confinamento e com pouca interação social ou física.
Diversos fatores estão associados ao surgimento da aerofagia:
- Estresse e confinamento: a falta de espaço, de estímulo e de liberdade aumenta a ansiedade e gera comportamentos compulsivos.
- Manejo inadequado: dietas pobres em volumoso, isolamento de outros animais e baixa oferta de exercícios agravam o problema.
- Imitação: potros e animais jovens podem aprender o comportamento ao observar cavalos adultos, principalmente as mães.
As repercussões da aerofagia vão além do incômodo visual para o criador. Entre os principais riscos estão:
- Gastrite e úlceras gástricas: o excesso de ar provoca lesões no estômago, causando dor e perda de apetite.
- Cólica: a entrada contínua de ar no trato digestivo aumenta a formação de gases, elevando os riscos de cólicas.
- Perda de peso e queda de desempenho: a dificuldade de digestão e o desconforto reduzem a eficiência alimentar.
- Desgaste dentário: o atrito constante dos incisivos contra superfícies rígidas gera desgaste irregular.
- Hipertrofia do pescoço: a repetição dos movimentos pode causar aumento anormal da musculatura cervical.
O controle da aerofagia exige mudanças no manejo e, em alguns casos, tratamentos mais invasivos:
- Alteração do manejo: proporcionar maior tempo ao ar livre, interação com outros animais, oferta adequada de volumoso (feno e pasto) e redução de fatores de estresse.
- Colares anti-aerofagia: dispositivos que impedem a flexão do pescoço, limitando o ato de engolir ar.
- Intervenções cirúrgicas: utilizadas apenas em casos graves, após falhas em outras estratégias, e consistem na remoção de partes da musculatura do pescoço.
A prevenção é o melhor caminho, já que detectar o problema nos estágios iniciais aumenta as chances de controle. O criador deve observar atentamente o comportamento de seus animais e buscar orientação veterinária ao menor sinal do vício.
A aerofagia equina reforça a importância de práticas de bem-estar animal e manejo adequado. Ambientes mais naturais, com acesso a pastagens, interação social e alimentação equilibrada, reduzem os riscos e promovem saúde física e mental para o cavalo. Para criadores, além de evitar prejuízos econômicos com queda de performance e tratamentos caros, investir em prevenção é garantir longevidade e qualidade de vida ao plantel.
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