Agronegócio continuará sustentando a economia brasileira em 2017

Crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) entre 2,5% e 3%; safra de grãos recorde em torno de 215 milhões de toneladas; melhor desempenho na balança comercial; e geração de novos empregos no campo, enquanto outros setores foram mais marcados por demissões.

Esse é o resumo do atual cenário do agronegócio brasileiro para o encerramento do ano, de acordo com o documento “Balanço 2016, Perspectiva 2017”, divulgado na terça-feira, 6 de dezembro, pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), em Brasília (DF). A coletiva de imprensa foi acompanhada ao vivo, pela equipe SNA/RJ, via Twitter e Facebook.

Conforme a instituição, o setor agropecuário deve fechar 2016 liderando novamente a economia nacional, assim como ocorreu no ano passado, ao superar problemas conjunturais, como os entraves na concessão de crédito, dificuldades na área de logística e transporte, além da crise política e econômica que marcou o período.

Até agora, de acordo com a CNA, o agro aumentou de 21,5% para 23% sua participação no PIB e representa, atualmente, 48% das exportações totais do país. China e União Europeia lideram os destinos das vendas externas do Brasil.

GRÃOS

O Balanço também mostra que, em 2016, a safra nacional de grãos registrou sua maior queda nos últimos seis anos, somando aproximadamente 186 milhões de toneladas, principalmente, por causa das mudanças climáticas influenciadas pelo fenômeno El Niño, que ocasionou fortes secas em determinadas regiões do país e excessos de chuvas em outras.

De acordo com o superintendente técnico da Confederação, Bruno Lucchi, o produtor rural conseguiu bons preços por algumas commodities, porque grande parte da safra já havia sido comercializada, antes do plantio. Para ilustrar o “vai-e-vem” do setor de grãos, ele cita o caso do milho que, neste ano, passou por problemas de abastecimento e variações de preços.

“Todos esses preços (alta do milho), o produtor não conseguiu aproveitar, para ter uma rentabilidade maior, porque grande parte da safra já tinha sido comercializada, antes da produção. Ele (o agricultor) precisou assumir compromissos, porque teve de comprar milho no mercado para repassar aquilo que estava em contrato. Ou seja, ele aprofundou o prejuízo que teve em função da quebra de grãos. Apesar de os números serem ainda muito positivos, porque estão em alta cotação, o produtor (de milho), infelizmente, não conseguiu absorver isso na íntegra”, relata Lucchi.

Para o próximo ano, conforme o executivo, há uma tendência de volatilidade dos preços operacionais do milho. “Devemos ter um preço mais alto no primeiro trimestre de 2017, mas acreditamos que, com a safrinha entrando forte, possamos ter uma queda mais significativa nos preços do milho”, disse.

Segundo o superintendente, muitos contratos futuros de milho na safra 2016/17, diferentemente da soja, não foram fechados ainda: “O produtor está esperando para comercializar na época da safra (colheita) e isso pode ser um risco grande, pois a gente não imagina como será o comportamento (do mercado interno e externo de milho), porque pode ter uma queda de valores acima do previsto. Então, é um risco, diferente da soja, setor em que grande parte já fechou o preço” de comercialização.

Durante a coletiva, o superintendente apresentou outros dados do setor de grãos, como os do café, com destaque para o conilon. Ele relatou a quebra significativa da safra cafeeira, principalmente no Espírito Santo, causada especialmente pelos efeitos climáticos.

SETOR SUCROENERGÉTICO

De acordo com Lucchi, o setor sucroenegético foi um dos segmentos do agro que mais se destacou neste ano, no que diz respeito à rentabilidade. “Houve um déficit de açúcar no mundo inteiro, principalmente na Indonésia e Índia, que são grandes produtores, mas tiveram muitos problemas com suas respectivas safras. Isso favoreceu a cotação do açúcar no mundo inteiro, porque os estoques estavam baixos”, relatou o superintendente técnico da CNA.

“Nós (do Brasil) aumentamos em 40,5% o valor da exportação de açúcar bruto e 32% em volume. Muitas usinas, principalmente que estão em recuperação judicial, conseguiram recuperar fôlego”, comentou Lucchi, salientando também os ganhos com o etanol, que registraram alta em 2016.

Para Lucchi, de modo geral, “o agronegócio continua resiliente”, registrando bons índices na comercialização de seus produtos agropecuários, com alta no PIB e da balança comercial, além de gerar empregos. “Temos condições de fazer o Brasil crescer pelo agronegócio… Mas a ampliação de mercados passa pelas melhorias do transporte e logística.”

EXPORTAÇÕES

O “Balanço 2016, Perspectiva 2017” da CNA também aponta que as exportações do agronegócio têm garantido sucessivos superávits na balança comercial. Neste ano, as commodities brasileiras devem garantir um importante saldo para o país: algo em torno de US$ 72,5 bilhões.

De janeiro a novembro de 2016, os 15 principais produtos do agro representaram 38% do total das vendas externas do país. “Cabe, agora, ao Brasil, lutar pela abertura de novos mercados”, disse Lígia Dutra, superintendente de Relações Internacionais da CNA.

Para o ano que vem, segundo Lígia, a expectativa é de maior crescimento das vendas externas, com a continuidade de abertura de novos mercados para os produtos agropecuários e agroindustriais.

“O mercado global de commodities continuará marcado pela cautela relacionada à variação cambial e às incertezas políticas mundiais. A combinação desses fatores poderá influenciar a dinâmica e o fluxo do comércio global, criando desafios e oportunidades para o produtor rural brasileiro”, resume o documento da Confederação.

 

CAMINHOS A SEGUIR

  • Diante do atual cenário do agro brasileiro, o documento da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil aponta os caminhos que o país deve seguir, tais como:
  • Construir uma ampla rede de acordos preferenciais de comércio, que garantam a abertura novos mercados e manutenção daqueles já consolidados;
  • Atrair investimentos, especialmente voltadas aos elos da cadeia produtiva da agropecuária que possam agregar valor aos produtos exportados;
  • Promover a qualidade do modelo produtivo brasileiro e os requisitos de sustentabilidade cumpridos pelo setor, com objetivo de suprir a demanda de uma sociedade cada vez mais exigente e consciente dos desafios ambientais do planeta.

Fonte: CNA

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