
Massa polar avança pelo país com força: geadas, frio intenso e temporais pontuais devem afetar a produção no campo; previsão do tempo aponta um dos invernos mais abrangentes dos últimos anos, mas com chuva antes.
Semana começa com alerta para todos os estados e o clima dos próximos dias pode definir o ritmo da colheita e do manejo no campo. O Brasil enfrenta nesta semana uma combinação perigosa de chuvas expressivas e avanço de ar polar, com possibilidade de geadas, frio abaixo de 4 ºC e riscos para diversas culturas agrícolas e rebanhos, de acordo com o meteorologista Arthur Mülller, do Canal Rural, e com dados da Climatempo.
Os impactos devem atingir especialmente o Sul, Sudeste e Centro-Oeste, enquanto o Nordeste segue sob estiagem e o Norte observa queda de umidade.
Centro-Oeste em alerta: acumulados de até 80 mm e queda brusca nas temperaturas
Produtores do Mato Grosso do Sul devem ficar atentos: entre os dias 7 e 9 de junho, o avanço de uma baixa pressão sobre o Paraguai, associada à entrada de umidade do Norte, pode gerar chuvas entre 60 e 80 mm, principalmente no sul do estado, além de trovoadas e transtornos na colheita e aplicação de defensivos.
A partir de domingo (8), a chegada da massa de ar polar provoca queda acentuada nas temperaturas, com mínimas próximas de 8 ºC a 9 ºC. O frio afeta o manejo de bovinos de corte e leite, demandando ajustes emergenciais em nutrição e aquecimento em áreas vulneráveis.
Em Goiás e norte do Mato Grosso, o cenário é de calor persistente, com máximas de até 38 ºC e umidade relativa do ar abaixo de 20%, exigindo hidratação redobrada e pausas nas atividades no campo.
Sul do Brasil: sensação térmica de inverno antecipado e risco de geadas
A Região Sul será duramente atingida pelo avanço da massa polar, uma sensação de inverno adiantado. As manhãs entre os dias 8 e 14 de junho prometem mínimas até 5 ºC abaixo da média, especialmente em áreas de baixada da Campanha (RS), serras de Santa Catarina e norte do Paraná. O frio será acompanhado por possíveis geadas localizadas, prejudicando a produção de leite, hortaliças e frutas de caroço.
Antes da chegada do ar polar, o Paraná ainda enfrenta chuvas entre 60 e 80 mm, o que pode saturar o solo e atrasar trabalhos no campo. No restante da região, Santa Catarina e Rio Grande do Sul terão frio predominante, mas volumes de chuva mais baixos — até 20 mm em áreas de planalto e litoral.
Sudeste em transição: calor úmido dá lugar a frio intenso
Até segunda-feira (9), a instabilidade permanece no centro-leste de São Paulo, sul de Minas e Rio de Janeiro, com chuvas de até 30 mm e temperaturas baixas, pouco comuns para o mês de junho. Já a partir de quinta, o ar polar avança e reduz drasticamente as mínimas, podendo marcar menos de 9 ºC em SP, com risco de recorde de frio para o ano.
Geadas podem ocorrer nas serras de SP e MG, onde as mínimas devem atingir 2 ºC entre sexta e sábado. No norte de Minas, as temperaturas não caem tanto, mas a queda nas máximas (em torno de 22 ºC) pode afetar o desempenho vegetativo em pomares e lavouras sensíveis.
Nordeste sob estiagem e umidade concentrada no litoral
A maior parte do interior nordestino segue em estiagem severa, com calor acima dos 37 ºC e umidade abaixo de 30%. Regiões como o sul do Maranhão, Piauí e oeste da Bahia enfrentam estresse hídrico severo em lavouras de sequeiro e pastagens.
Na faixa leste, entre Bahia e Rio Grande do Norte, são esperadas chuvas entre 10 e 20 mm, com destaque para o Maranhão, que pode acumular até 40 mm. Essa condição ajuda na recuperação do solo, mas também pode atrasar o plantio e colheita em áreas do centro-norte do estado.
Norte do país com umidade em queda e atenção ao risco de queimadas
A Região Norte começa a registrar redução das chuvas, com destaque para Acre, Amazonas e Rondônia, onde o tempo seco favorece a mecanização agrícola, mas também aumenta o risco de incêndios florestais e queimadas, especialmente nas fronteiras agrícolas.
A menor contribuição da umidade da Amazônia ao sistema climático nacional também agrava a situação de seca no Centro-Oeste e Sudeste, ampliando os efeitos da massa polar.
Recomendações para o produtor rural diante da previsão do tempo
Este é o segundo evento de frio mais abrangente do ano, segundo a Climatempo, e deve ser menos intenso que o de maio, mas com abrangência territorial maior. Entre as ações recomendadas para o campo, destacam-se:
- Proteção de lavouras sensíveis (café, frutas e hortaliças) com cobertura e manejo irrigado;
- Ajuste nutricional de bovinos em áreas de pastagens degradadas ou com pouca disponibilidade;
- Atenção à logística rural, especialmente em regiões com previsão de chuvas fortes (MS, PR, SP);
- Prevenção a incêndios nas regiões de baixa umidade, com manejo correto de resíduos vegetais.
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