Estudos confirmam que a negligência no controle do Mofo-branco na lavoura pode dizimar até 70% da colheita e inviabilizar áreas por anos
Considerada uma das doenças mais devastadoras para a soja, a infecção causada pelo fungo Sclerotinia sclerotiorum deixou de ser uma preocupação restrita às regiões de altitude para se tornar um problema nacional.
Dados de referência do setor, incluindo estudos da Embrapa, apontam que, em condições favoráveis e sem controle efetivo, as perdas de produtividade podem variar de 30% a 70%, comprometendo drasticamente a rentabilidade do produtor rural. Siga a leitura e acompanhe o Compre Rural, qui você encontra informação de qualidade para fortalecer o campo!
O custo do descuido: impacto econômico e biológico
A presença do Mofo-branco na lavoura não é apenas um problema agronômico; é um rombo financeiro. Estima-se que cerca de 27% a 30% das áreas de produção de soja no Brasil já convivam com algum nível de infestação deste patógeno.
A biologia do fungo é o que torna o combate tão complexo. O agente causal sobrevive no solo através de estruturas de resistência chamadas escleródios. Estudos fitopatológicos indicam que essas estruturas podem permanecer viáveis no solo por até 8 a 10 anos, mesmo sem a presença da planta hospedeira. Isso significa que um erro de manejo na safra atual pode cobrar seu preço por quase uma década. Além disso, o fungo é polífago, afetando mais de 400 espécies de plantas, incluindo culturas importantes na rotação, como feijão, algodão e girassol.
Janela de infecção: a “Tempestade perfeita”
O sucesso do controle depende de entender o momento exato em que o Mofo-branco na lavoura ataca. O monitoramento deve ser intensificado quando o ambiente apresenta a combinação crítica:
- Alta Umidade: Umidade relativa do ar superior a 80% ou molhamento foliar contínuo (chuvas frequentes, neblina).
- Temperaturas Amenas: O fungo tem seu desenvolvimento otimizado em temperaturas entre 18°C e 23°C.
- Fase Fenológica: O período mais crítico vai do estádio R1 (início do florescimento) ao R3 (formação de vagens). É neste momento que as flores senescentes servem de fonte de energia para que o fungo infecte a planta.
Sintomas e identificação em campo
A identificação precoce é vital. Os técnicos devem buscar por:
- Murcha e Seca: Sintomas visíveis na parte aérea, muitas vezes confundidos com estresse hídrico em reboleiras.
- Podridão Úmida: Lesões no caule que evoluem para uma podridão mole.
- Sinal Característico: A formação de um denso micélio branco (aspecto de algodão) sobre as lesões.
- Escleródios: Formação de corpos rígidos e negros (semelhantes a fezes de rato) no interior ou exterior da haste. A presença destas estruturas nos lotes de sementes é uma das principais vias de disseminação para áreas isentas.

O tripé do controle eficiente do Mofo-branco na lavoura
Diante de um patógeno tão agressivo, o uso isolado de fungicidas químicos tem se mostrado insuficiente. O sucesso agronômico exige o Manejo Integrado de Doenças (MID), focado em reduzir o “banco” de escleródios no solo.
Controle cultural e rotação
A rotação de culturas é inegociável. A introdução de gramíneas (milho, trigo, braquiária) que não hospedam o fungo quebra o ciclo da doença. Além disso, a formação de palhada densa (plantio direto) cria uma barreira física. Pesquisas mostram que a palhada impede a luz solar direta sobre os escleródios, inibindo a formação dos apotécios (estruturas que liberam os esporos infectantes) em taxas significativas.
Controle biológico: A revolução do Trichoderma
O uso de agentes biológicos, especificamente fungos do gênero Trichoderma, tornou-se uma ferramenta indispensável. Quando aplicado corretamente, o Trichoderma parasita e degrada os escleródios no solo. Dados de campo sugerem que o uso contínuo de biológicos pode reduzir a pressão de inóculo no solo de forma progressiva safra após safra, sendo recomendado aplicações não apenas no vegetativo, mas também na pós-colheita (na resteva).
Controle químico de alta precisão
O controle químico deve ser preventivo. A eficiência dos fungicidas (como procimidona, fluazinam e dimoxistrobina) cai drasticamente se aplicados após o estabelecimento da doença.
- Timing: A primeira aplicação deve ocorrer no fechamento das entrelinhas ou no pré-florescimento.
- Tecnologia de Aplicação: Garantir que a gota atinja o baixeiro da planta é crucial, visto que é lá que a infecção geralmente começa.
Planejamento blinda a produtividade
Ignorar o Mofo-branco na lavoura é assumir um risco incalculável. A doença possui capacidade de destruir a arquitetura da planta, inviabilizar a colheita mecânica e condenar lotes inteiros de sementes.
O produtor moderno precisa encarar o manejo fitossanitário não como custo, mas como o seguro da sua produtividade. A integração entre escolha de cultivares (de arquitetura aberta), rotação de culturas, controle biológico massivo e fungicidas no timing correto é a única blindagem real contra prejuízos bilionários.
Escrito por Compre Rural
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ℹ️ Conteúdo publicado pela estagiária Ana Gusmão sob a supervisão do editor-chefe Thiago Pereira
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