Parte importante das exportações brasileiras continua na lista de produtos tarifados — cerca de um quinto do total enviado ao mercado americano.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta quarta-feira que espera uma nova rodada de retirada de tarifas impostas pelos Estados Unidos a produtos brasileiros. A declaração ocorre um dia após uma conversa telefônica de cerca de 40 minutos com o presidente americano Donald Trump, marcada por um tom considerado positivo pelo governo brasileiro e vista como um avanço nas negociações comerciais entre os dois países.
De acordo com integrantes do Planalto, a conversa tratou principalmente das sobretaxas de 40% aplicadas pelos Estados Unidos a uma série de exportações brasileiras, medidas que vinham afetando duramente setores do agronegócio e da indústria. Nas últimas semanas, Washington já havia suspendido tarifas para mais de duzentos itens, incluindo café verde, frutas, sucos e especiarias, o que foi comemorado como um passo inicial significativo. Mesmo assim, parte importante das exportações brasileiras continua na lista de produtos tarifados — cerca de um quinto do total enviado ao mercado americano.
Durante o diálogo, Lula reforçou a necessidade de que os EUA ampliem a revogação das sobretaxas e argumentou que a política tarifária vinha causando prejuízos bilionários ao setor produtivo nacional. Segundo assessores, Trump se mostrou receptivo, sinalizando disposição para avançar nas negociações e manter uma agenda bilateral mais estável e cooperativa.
Além do tema comercial, os dois presidentes discutiram esforços conjuntos de combate ao crime organizado e à lavagem de dinheiro em operações transnacionais. Fontes do governo brasileiro afirmam que essa área de cooperação tem ganhado peso nas conversas recentes, especialmente diante de investigações envolvendo grupos criminosos que atuam em vários países da América Latina.
Apesar do otimismo, a equipe econômica brasileira reconhece que ainda há desafios. A retirada parcial das tarifas trouxe alívio para segmentos importantes, mas as sobretaxas remanescentes continuam pressionando setores industriais e agrícolas de maior valor agregado. O governo trabalha com a expectativa de que uma nova rodada de flexibilização possa ocorrer já nas próximas semanas, o que abriria caminho para ampliar exportações, recuperar competitividade e reduzir riscos para a balança comercial.
A avaliação interna é de que o diálogo direto entre Lula e Trump acelerou as tratativas, fortalecendo o ambiente político para acordos mais amplos. Ainda assim, diplomatas alertam que negociações comerciais desse porte envolvem disputas internas nos Estados Unidos e podem enfrentar resistência de grupos que defendem políticas protecionistas.
Mesmo sem prazo definido, o Planalto considera que o entendimento entre os dois presidentes elevou o patamar da relação bilateral e pode inaugurar um novo ciclo de cooperação. Caso as expectativas se confirmem, o governo brasileiro aposta em ganhos expressivos para o agronegócio, para a indústria de alimentos e para segmentos que dependem fortemente do mercado americano.
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ℹ️ Conteúdo publicado por Myllena Seifarth sob a supervisão do editor-chefe Thiago Pereira
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