Aprenda a manejar solos e pastagens para El Niño 2024 na pecuária leiteira

Um dos aspectos que os produtores devem levar em consideraçãopara o manejar, baseia-se na quantidade de forragem necessária para conter o impacto

A redução das precipitações, resultante do fenômeno El Niño, forçou diversos setores da produção agrícola a adotar medidas preventivas visando mitigar possíveis impactos negativos na produtividade é no manjeo. O fenômeno El Niño é caracterizado pelo aumento anormal e duradouro da temperatura da superfície do Oceano Pacífico na região próxima à Linha do Equador, abrangendo desde as costas da América do Sul até a porção central do Pacífico Equatorial.

Durante a ocorrência desse fenômeno, que geralmente se inicia no segundo semestre do ano, as temperaturas das águas elevam-se pelo menos 0,5°C acima da média, persistindo por um período significativo de, no mínimo, seis meses. É importante ressaltar que o El Niño não possui uma duração pré-determinada, podendo estender-se por até dois anos ou mais.

O papel crucial na formação do El Niño é desempenhado pelo comportamento dos ventos alísios. Esses ventos constantes originam-se nos Hemisférios Sul e Norte, convergindo na região da Linha do Equador e movendo-se de leste para oeste ao redor do planeta Terra.

Em circunstâncias normais, a ação dos ventos alísios influencia o Oceano Pacífico ao empurrar as águas superficiais em direção ao oeste, permitindo que as camadas mais profundas e frias ascendam. Contudo, quando os ventos alísios enfraquecem ou mudam de direção, essa transferência de águas não ocorre, resultando na permanência prolongada das águas mais quentes na superfície, podendo atingir temperaturas até 3°C ou mais acima da média. É assim que se configura o fenômeno El Niño.

Como ele impacta o agronégocio?

Além da inquietação em relação à produtividade das safras agrícolas durante esse biênio, a pecuária também enfrenta desafios semelhantes. A prolongada seca atual tem o potencial de atrasar o ganho de peso do gado destinado à safra, indicando uma possível escassez de oferta para o primeiro semestre de 2024. No entanto, é crucial lembrar que o desafio na produção de forragem, concentrado no último trimestre, representa também um obstáculo reprodutivo para as fêmeas, que, devido à escassez de forragem, podem apresentar taxas mais baixas de concepção.

Assim, a repetição do ciclo reprodutivo das vacas pode resultar em uma oferta adicional de fêmeas no início do próximo ano, dando continuidade à liquidação observada atualmente, em decorrência das condições de mercado. Esse movimento tem sido observado frequentemente em países como Estados Unidos e Austrália, onde, diante dos desafios climáticos decorrentes de secas prolongadas, os produtores optaram por liquidar fêmeas como uma estratégia para aliviar a pressão sobre as pastagens.

No que diz respeito ao milho, os padrões de chuva associados ao El Niño acabam favorecendo as regiões sul, sudeste e parte do centro-oeste. Especialmente para o milho de inverno, o aumento da umidade nessas áreas representa um desafio adicional devido ao maior investimento em defensivos e herbicidas, uma vez que as condições climáticas favoráveis também beneficiam as pragas.

Quanto à intensidade do atual El Niño, é impossível prever neste momento. No entanto, independentemente da intensidade, um colapso produtivo significativo parece improvável, considerando as lições aprendidas em ocasiões passadas em que esse fenômeno influenciou as temperaturas globais.

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Foto: Divulgação

Como fazer o manejo correto

No caso da pecuária leiteira, uma atividade intrinsecamente ligada a diversas variáveis, é imperativo adotar uma abordagem abrangente que considere solos e pastagens. Isso se torna um requisito essencial para evitar que a escassez de chuvas comprometa o crescimento, resultando na redução da qualidade do leite e da produção.

A Associação Nacional dos Produtores de Leite, Analac, desenvolveu uma série de recomendações e estratégias de curto prazo, oferecendo diretrizes aos produtores para que o impacto desse fenômeno climático não prejudique significativamente seus sistemas de produção.

Em suas orientações, a associação destaca a importância de os produtores considerarem a quantidade adequada de forragem necessária para mitigar os efeitos negativos. Um planejamento forrageiro preciso é essencial, começando pela compreensão das necessidades de consumo dos animais da fazenda, levando em conta seu peso vivo e estado produtivo.

A Associação ressalta que um animal pode consumir entre 10% e 14% do seu peso vivo em forragem verde diariamente. Esse consumo ocorre principalmente em sistemas pastoris, onde é necessário descontar o desperdício do processo, resultando em uma oferta estimada entre 18% e 22% do peso vivo do animal. Conhecendo essas necessidades, é crucial entender a capacidade de produção de forragem da fazenda, calculando com precisão a taxa diária de crescimento do pasto e sua capacidade ao final do período de descanso.

Além disso, os especialistas enfatizam que não se trata apenas de produzir uma quantidade específica de forragem; é igualmente essencial otimizar seu aproveitamento, visando a eficiência no pastoreio. Isso implica garantir um resíduo mínimo após a retirada dos animais do pasto, permitindo o rápido crescimento da forragem. Mesmo em regiões onde ocorreu chuva nas últimas semanas, favorecendo o crescimento das gramíneas, essa abordagem é essencial.

No que diz respeito ao plantio e manejo de pastagens, os especialistas recomendam a implementação de práticas como mecanização vertical (cultivo), semeadura e correção, otimização da fertilização, uso de irrigação e monitoramento rigoroso em todo o processo, especialmente se a estação seca se prolongar por mais 30 dias. Durante os períodos de seca mais intensa, é crucial evitar o sobrepastoreio, adotar uma fertilização estratégica, permitir a recuperação da pastagem e otimizar o uso da água.

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ℹ️ Conteúdo publicado pela estagiária Ana Gusmão sob a supervisão do editor-chefe Thiago Pereira

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