
Alta nos preços do boi gordo, exportações firmes e menor oferta de gado impulsionam o otimismo no setor pecuário, com expectativa de novas valorizações até o fim do ano
O mercado do boi gordo encerrou a semana com tendência positiva em praticamente todas as principais praças pecuárias do país. Após meses de instabilidade, a arroba voltou a subir, refletindo o avanço das exportações, o encurtamento das escalas de abate e a melhora da demanda interna. Analistas apontam que o movimento pode marcar o início de uma fase mais firme de preços, com perspectiva de recuperação consistente até o final de 2025.
Segundo o analista Fernando Henrique Iglesias, o cenário de encurtamento das escalas de abate, sobretudo entre frigoríficos de menor porte, favoreceu a alta. “O mercado físico trabalha com preços mais firmes, e o ambiente de negócios sugere novas valorizações no curto prazo”, afirmou o especialista.
De acordo com levantamento da Safras & Mercado, a arroba apresentou variações positivas ao longo da semana. Em São Paulo, o preço subiu para R$ 310, aumento de 3,3% frente aos R$ 300 registrados anteriormente. Em Goiás e Minas Gerais, o valor médio atingiu R$ 295, enquanto em Mato Grosso do Sul permaneceu em torno de R$ 320, e em Rondônia chegou a R$ 280, com valorização superior a 2,5%.
Consumo interno e exportações em alta
O mercado interno também mostrou reação, impulsionado pelo recebimento dos salários e pela proximidade da primeira parcela do 13º. Esse fator contribui para uma melhora nas vendas no varejo e maior reposição entre atacado e supermercados.
No front externo, as exportações continuam em ótimo nível, sustentando o otimismo. Dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) mostram que, em setembro, o Brasil embarcou 314,7 mil toneladas de carne bovina, com receita de US$ 1,76 bilhão, alta de 55,6% no valor médio diário em relação ao mesmo mês do ano anterior. A China segue como principal destino, antecipando compras antes do Ano Novo Lunar de 2026.
Menor oferta e melhora nas pastagens
Analistas da Scot Consultoria observam que o início das chuvas em várias regiões tem melhorado a qualidade das pastagens, permitindo que os pecuaristas segurem os animais por mais tempo, aguardando melhores preços. Além disso, a redução no abate de fêmeas em setembro — que deve continuar caindo até dezembro — ajuda a sustentar a arroba e reduzir a oferta de gado pronto.
A zootecnista Juliana Pila explica que o cenário é resultado de uma combinação de fatores: “Menor oferta, retomada das vendas internas e bons volumes de exportação têm dado sustentação aos preços. A expectativa é de continuidade do movimento de alta nos próximos meses”, destacou em entrevista ao Terraviva DBO.
Expectativas no mercado do boi gordo para o fim do ano
Com o consumo aquecido, o aumento da demanda chinesa e a entrada do 13º salário, o último trimestre de 2025 tende a ser de estabilidade a alta nos preços. O analista Felipe Fabbri, também da Scot Consultoria, reforça que o mercado deve seguir positivo, “mas com atenção à oferta de gado confinado, à competitividade com outras proteínas e à margem da indústria frigorífica”.
A arroba do boi gordo, que já vinha sofrendo com meses de pressão, parece ganhar novo fôlego. O “fantasma de baixa”, como classificaram alguns analistas, dá lugar ao otimismo, sustentado por fundamentos sólidos e um cenário internacional favorável. Se as previsões se confirmarem, os preços podem avançar gradualmente até o fim do ano, consolidando uma virada positiva no ciclo pecuário brasileiro.
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