
O ASG deixou de ser pauta opcional e tornou-se condição estratégica para o agronegócio em 2025
O conceito de ASG (Ambiental, Social e Governança) consolidou-se como ferramenta de gestão estratégica no agronegócio em 2025. Sua adoção passou a ser exigência de mercados internacionais, instituições financeiras e consumidores finais, não apenas como sinal de responsabilidade socioambiental, mas como pré-condição para inserção competitiva em cadeias globais.
De acordo com o Banco Mundial (2024), cerca de US$ 40 trilhões em ativos financeiros globais já seguem critérios ASG. No Brasil, o agronegócio responde por 29% do PIB nacional e 42% das exportações totais em 2025, segundo dados do MAPA. Assim, a adequação às métricas de sustentabilidade tornou-se essencial para a manutenção da relevância do setor.
A pressão climática é um fator adicional: o IPCC (2023) estima que a agropecuária represente 23% das emissões globais de gases de efeito estufa, reforçando a necessidade de mecanismos de mitigação. No Brasil, eventos climáticos extremos geraram perdas superiores a R$ 30 bilhões em 2024, conforme levantamento da CNA, o que evidencia a vulnerabilidade produtiva diante das mudanças do clima.
Estrutura conceitual do ASG no agro
O ASG é dividido em três pilares fundamentais:
- Ambiental: manejo eficiente dos recursos naturais, mitigação de emissões e preservação da biodiversidade.
- Social: promoção de condições de trabalho dignas, respeito aos direitos humanos e fortalecimento das comunidades locais.
- Governança: gestão transparente, cumprimento regulatório e estrutura de tomada de decisão baseada em métricas objetivas.
Embora práticas de sustentabilidade já fossem aplicadas no agro brasileiro, o ASG amplia a abordagem ao integrar indicadores mensuráveis e relatórios de desempenho, conectando a propriedade rural às exigências de investidores e compradores internacionais.
Fatores ambientais
O pilar ambiental no agronegócio brasileiro é regulado por instrumentos como o Plano ABC+ (Agricultura de Baixo Carbono), vigente até 2030. No Plano Safra 2025/26, foram destinados R$ 7,1 bilhões em crédito rural específico para tecnologias de mitigação de carbono.
Práticas incentivadas incluem:
- Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF): redução de até 30% nas emissões de metano entérico e recuperação de áreas degradadas.
- Plantio direto: aumento médio de 15% na retenção de carbono no solo.
- Manejo Integrado de Pragas (MIP): redução de até 30% no uso de defensivos químicos.
- Agricultura de precisão: uso de sensores, drones e satélites para otimizar insumos e reduzir impactos ambientais.
O Decreto 11.075/2022 segue como marco regulatório, estabelecendo as diretrizes para o mercado nacional de créditos de carbono. Em 2025, o Brasil figura entre os países com maior potencial de oferta de créditos agrícolas, projetado em até US$ 20 bilhões anuais até 2030 (IPEA, 2024).
Fatores de governança
A governança garante a integração prática dos pilares ambientais e sociais. No agro, envolve desde a adoção de tecnologias digitais de gestão até o cumprimento de obrigações regulatórias e fiscais.
Pontos-chave de 2025:
- Transparência: relatórios anuais de sustentabilidade alinhados ao padrão GRI (Global Reporting Initiative).
- Gestão de riscos: avaliação contínua de riscos climáticos e de mercado.
- Compliance: conformidade com a Lei da Rastreabilidade Ambiental (Lei nº 14.820/2023), em fase de implementação.
- Tecnologia: uso de softwares de gestão rural e estações meteorológicas próprias para planejamento de safra.
- Conselhos consultivos e auditorias independentes, cada vez mais comuns em grandes grupos rurais.
A consequência é o aumento do acesso a crédito: em 2025, bancos como BNDES e Banco do Brasil oferecem linhas com taxas até 20% menores para produtores com certificação ASG comprovada.
Implementação prática do ASG na fazenda
O processo de implantação segue quatro etapas fundamentais:
- Diagnóstico: levantamento de emissões, riscos sociais e pontos de governança.
- Definição de metas: indicadores claros (ex.: redução de 10% no consumo de água por hectare até 2027).
- Capacitação: treinamento contínuo da equipe e integração da cultura ASG.
- Monitoramento: uso de KPIs (Key Performance Indicators) e relatórios periódicos.
Ferramentas como softwares de gestão agrícola, checklists de conformidade e auditorias externas já são padrão em grupos exportadores e começam a se difundir em propriedades médias.
Implementação prática do ASG na fazenda
O processo de implantação segue quatro etapas fundamentais:
- Diagnóstico: levantamento de emissões, riscos sociais e pontos de governança.
- Definição de metas: indicadores claros (ex.: redução de 10% no consumo de água por hectare até 2027).
- Capacitação: treinamento contínuo da equipe e integração da cultura ASG.
- Monitoramento: uso de KPIs (Key Performance Indicators) e relatórios periódicos.
Ferramentas como softwares de gestão agrícola, checklists de conformidade e auditorias externas já são padrão em grupos exportadores e começam a se difundir em propriedades médias.
ASG x Agricultura Sustentável
Embora interligados, os conceitos não são equivalentes:
- Agricultura sustentável: práticas de produção que preservam recursos naturais.
- ASG: engloba a sustentabilidade, mas adiciona critérios sociais e de governança com métricas objetivas e relatórios auditáveis.
Ou seja, uma propriedade pode ser ambientalmente correta, mas não será considerada ASG sem gestão estruturada e indicadores sociais implementados.
Perspectivas para 2030
Estudos do IPEA (2024) projetam que a integração plena de práticas ASG pode ampliar o PIB brasileiro em até R$ 3 trilhões até 2030, com ganhos em competitividade e acesso a mercados premium.
No agro, a tendência é de que certificações ASG sejam pré-requisito para exportações, sobretudo para União Europeia e Ásia. Além disso, o mercado de carbono deve se consolidar como nova fonte de receita para propriedades rurais, especialmente aquelas que adotam agricultura regenerativa e sistemas de baixo carbono.
Escrito por Compre Rural
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ℹ️ Conteúdo publicado pela estagiária Ana Gusmão sob a supervisão do editor-chefe Thiago Pereira
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