Aumento da exportação de carne de frango pode equalizar lucro da Aurora

A Aurora espera compensar parte das adversidades vistas no segmento de carne suína, para o qual se prevê estabilidade para os embarques de 2022 diante da redução no apetite de compras da China.

As exportações de carne de frango da Aurora Alimentos, terceira maior indústria de aves e suínos no Brasil, devem aumentar 14% neste ano, em meio a oportunidades de negócios deixadas por concorrentes como Estados Unidos e Ucrânia, disse à Reuters o diretor de mercados da cooperativa, Leomar Somensi.

Com o avanço, a Aurora espera compensar parte das adversidades vistas no segmento de carne suína, para o qual se prevê estabilidade para os embarques de 2022 diante da redução no apetite de compras da China, maior importadora global. “Não tenha dúvida, o cenário do frango é mais favorável”, afirmou o executivo quando questionado sobre a possibilidade de compensação entre os resultados das duas proteínas.

Ele disse que o frango já tem uma representatividade maior que a carne de porco nas exportações da Aurora, e ainda conta com uma conjuntura positiva para os exportadores brasileiros. “O conflito da Ucrânia com a Rússia deixou mais favorável para o frango, porque a Ucrânia exportava (para os europeus) e a Europa teve que se abastecer no mercado global”, afirmou.

“Os negócios já estão acontecendo, as vendas (para a União Europeia)”, acrescentou Somensi. Reportagem da Reuters indicou, no início de março, que o ataque da Rússia à Ucrânia afetou os custos da indústria de carnes, devido à alta nos preços dos grãos usados na ração, mas um eventual recuo nas exportações ucranianas de frango abriria uma lacuna que poderia ser ocupada pelos frigoríficos do Brasil.

O diretor também destacou que as granjas dos Estados Unidos estão com problemas sanitários que afetam seu desempenho no mercado internacional. Os norte-americanos enfrentam a doença gripe aviária que matou mais de 19 milhões de galinhas poedeiras em fazendas comerciais do país neste ano, no pior surto desde 2015, eliminando cerca de 6% das criações do país, segundo cálculos da Reuters a partir de dados de governos.

Na França o problema é ainda pior. Mais de 13 milhões de aves foram abatidas desde o final de novembro, de acordo com o Ministério da Agricultura francês, configurando a maior crise de gripe aviária no país.

Em paralelo, as exportações de carne de frango do Brasil avançaram 5,7% em março na comparação anual, totalizando 418,8 mil toneladas. No primeiro trimestre, o aumento foi de 10,2% em relação ao mesmo período de 2021, somando 1,142 milhão de toneladas, conforme dados da associação do setor ABPA.

O diretor da Aurora disse que a cooperativa registrou um crescimento de 14% nos embarques da proteína no primeiro trimestre, e deve seguir com resultados acima da média do mercado ao longo do ano. Em 2021, a Aurora embarcou 310 mil toneladas de frango e 240 mil de carne suína, disse Somensi.

DIVERSIFICAÇÃO NO SUÍNO

O executivo afirmou que, atualmente, o Brasil possui uma participação “excelente” no setor de frango no mercado global, algo que ainda não ocorre nos suínos.

Segundo ele, a Aurora já exporta a proteína para os Estados Unidos, mercado considerado relevante pela alta exigência sanitária para compra, e parte dos cortes que iriam para a China estão sendo alocados em outros países, como as Filipinas.

Após ter o rebanho devastado pela peste suína africana, a China recompôs seu nível de produção a um patamar que superou a demanda local, o que tem levado a uma redução nas compras internacionais neste ano.

Fonte: Reuters

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