Aumento de exportação de carne à China contrapõe-se à queda do consumo no Brasil

O consumo da carne bovina chegou a 26,5 quilos por habitante, em 2021, segundo dados da Conab, que mostram ser este um menor volume em 25 anos.

No Brasil, o consumo de carnes bovinas chega aos níveis mais baixos da história recente, ao mesmo tempo em que é registrado o crescimento das exportações da proteína para China. No país, o cenário macroeconômico continua desafiador, pressionando a demanda, afirma o CFO da JBS, Guilherme Cavalcanti.

Cavalcanti afirma que “a rentabilidade da carne bovina continua sendo impactada pela alta do preço médio do gado, de cerca de 11%”, explicou durante teleconferência com analistas para comentar os resultados da empresa, que viu seu lucro mais do que dobrar. Ainda foram anunciados, pela JBS, dividendos de R$ 2,2 bilhões. A JBS anunciou, também, um programa de recompras e cancelamento de ações em tesouraria.

Exportações para China

O consumo da carne bovina chegou a 26,5 quilos por habitante, em 2021, segundo dados da Conab, que mostram ser este um menor volume em 25 anos.

A venda do produto segue baixa em 2022. Em contraponto, a JBS informou que o mercado externo foi o destaque dos três meses, sobretudo com o crescimento de 17,3% no volume e de 20% no preço médio de venda de carne bovina in natura, impulsionado principalmente pela retomada das exportações brasileiras para a China no final de 2021.

Gilberto Tomazoni, CEO da JBS, afirma: “nós vemos que a China vai ser importador de carne bovina a longo prazo”, avalia e acrescenta que essa tendência deve mudar o mercado de forma global.

Segundo explicou, o consumo de carne é muito baixo ainda naquele país e como o ciclo de criação e produção de gado é demorado em relação a outras proteínas, a mudança se dará de forma mais lenta, mas ocorrerá.

A plataforma diversificada por região e tipo de proteína da JBS facilita o enfrentamento de “ambientes e ciclos mais desafiadores em um determinado negócio ou um ou outro país”. Conforme o executivo, essa diversificação é evidenciada nos resultado do primeiro trimestre.

Mercado norte-americano

André Nogueira, CEO USA da JBS, pondera que sobre o mercado norte-americano, do ponto de vista logístico, há problemas, fazendo com que a empresa trabalhe “com nível de estoque muito acima do que gostaria”. Os portos americanos foram impactados nos últimos meses por greves e a pandemia, o que tem gerado lentidão logística.

O CEO USA acredita em uma melhora gradual nos Estados Unidos, com relação ao item. Sobre Xangai, na China, Nogueira disse que teve queda nas exportações por conta do lockdown, “mas começou a recuperar”.

“A gente está trabalhando com nível (alto) de estoque e isso afetou nossa geração de caixa, pela questão de preço, que aumentou bastante, mas também por conta da logística mais devagar. Mas com a evolução, teremos geração de caixa”, comentou.

Em relatório, o Bradesco BBI destacou que o Ebitda da JBS no primeiro trimestre ficou 5% acima do consenso do mercado e com o faturamento consolidado e as margens ligeiramente acima do consenso.

De acordo com o documento, o BBI continua a ver as margens spot geralmente caindo para a carne bovina nos EUA – que tem sido o principal impulsionador dos resultados da JBS –, já que a menor oferta de gado eleva os custos para os frigoríficos. O BBI reiterou recomendação neutra para as ações e preço-alvo de R$ 36.

Resultados consistentes

A JBS divulgou mais um robusto resultado no 1T22, levemente acima das expectativas, sendo sustentada por mais um forte desempenho da sua operação norte-americana e das exportações de carne do Brasil, avaliou a Eleven.

O destaque negativo, conforme esperado, ficou por conta da Seara, que segue sofrendo com cenário de pressão de custos. Eleven mantém recomendação neutra para JBS, com preço-alvo de R$ 36.

Segundo o Credit Suisse, a JBS teve um trimestre “muito bom”, com o Ebitda consolidado superando os números de consenso, impulsionados principalmente pelas operações nos Estados Unidos.

Analistas continuam construtivos no caso de investimento da JBS, pois acreditam que seu impulso operacional permanecerá sólido nos próximos trimestres. O Credit Suisse mantém classificação outperform para o papel, e preço-alvo de R$ 45.

O time de research da XP acredita que a JBS continuará mostrando força em sua diversificação de proteínas e geografia, o que deve ajudar a compensar a característica cíclica nos resultados da empresa. Dessa forma, reiterou recomendação de compra em JBSS3 com preço-alvo de R$ 51,8, reforçando sua posição como top pick no setor de proteínas.

Siga o Compre Rural no Google News e acompanhe nossos destaques.
LEIA TAMBÉM