
Reposição valorizada se firma, especialmente o bezerro, e cenário revela o início de um novo ciclo de alta, com aumento de preço e ágio sobre a arroba do boi gordo; E agora?
O mercado de reposição vive um momento de forte valorização. No dia 4 de junho de 2025, o Indicador do Bezerro CEPEA/ESALQ para Mato Grosso do Sul atingiu R$ 2.898,79, após registrar alta diária de 0,78%. Em comparação mensal, a variação foi de +0,99%, consolidando uma tendência de firmeza nos preços desde o segundo semestre de 2024.
Esse avanço representa não apenas uma recuperação significativa para o segmento da cria, mas também a maior valorização acumulada do bezerro desde 2020, superando o desempenho de importantes commodities agrícolas, como boi gordo, milho e soja no mesmo período.
Bezerro lidera valorização frente ao boi gordo e grãos
De acordo com levantamento do Farmnews, entre janeiro de 2020 e maio de 2025, o preço do bezerro subiu 83,2%, enquanto o boi gordo teve alta de 59,6%. A soja e o milho apresentaram valorizações menores, de 52,0% e 43,5%, respectivamente. O desempenho dos bezerros se destaca também frente ao indicador de inflação (IGP-M), que acumulou variação de 58,2% no mesmo período.
Embora o milho e a soja tenham atingido picos de valorização expressivos — com máximas de 130% e 97,2%, respectivamente —, a performance atual do bezerro mostra maior estabilidade e perspectiva positiva para o ciclo da pecuária de corte.
Fatores que sustentam a alta: abate de fêmeas e menor oferta
Segundo análise de Hyberville Neto, da HN Agro, publicada no Portal DBO, a valorização do bezerro vem sendo puxada por um longo período de aumento no abate de fêmeas, o que comprometeu a reposição de animais e gerou impacto direto na oferta. Já são 10 meses consecutivos de valorização, e a percepção do mercado é de que o ciclo de alta está apenas começando, pois a escassez de oferta ainda não foi totalmente refletida nos preços.
Mesmo com uma recente pressão de baixa no mercado do boi gordo — que em maio recuou 4,9% em São Paulo — o bezerro manteve tendência oposta, com alta de 3,0% no mesmo mês. No acumulado de 12 meses, a diferença é ainda mais expressiva: valorização de 36,5% para o boi e 40,7% para o bezerro, segundo dados do Cepea.
Relação de troca desfavorável e ágio crescente
A valorização da reposição vem afetando diretamente o poder de compra do recriador e do invernista. Atualmente, são necessárias 9,1 arrobas de boi gordo para a compra de um bezerro, índice 8,3% maior do que o registrado em abril, e 3,5% acima do mesmo período de 2024.
Esse ágio crescente exige cautela nas decisões de compra. Especialistas alertam para a importância de utilizar ferramentas de proteção, principalmente no confinamento, para garantir margem em um cenário de incerteza nos preços futuros.
O que esperar para os próximos meses?
Embora o preço esteja elevado, o mercado ainda vê oportunidade. A leitura predominante entre analistas é que, mesmo com a relação de troca mais apertada, há espaço para valorização adicional da arroba nos próximos ciclos de engorda, desde que o planejamento produtivo seja bem executado e o custo de aquisição seja racional.
O histórico de preços e a dinâmica dos abates indicam que o estoque de arrobas formado agora pode ter valorização nos meses à frente, sobretudo se o ciclo de alta do boi gordo se confirmar — o que tende a ocorrer em meio à redução gradual da oferta e à retomada das exportações.
O preço do bezerro beira os R$ 2.900 e já acumula a maior alta desde 2020, reflexo de um novo ciclo pecuário que pode beneficiar criadores e recriadores atentos às oportunidades. Com menor oferta, demanda firme e mercado internacional aquecido, o cenário é de otimismo — mas exige boa gestão de risco, controle de custos e visão estratégica para aproveitar o momento sem comprometer margens.
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