
Iniciativa da Embrapa é pioneira na América Latina e pode revolucionar a pecuária de corte tropical com os primeiros bezerros Angus resistentes ao calor nascendo no Brasil com edição genética inédita
O avanço da edição genética na pecuária brasileira deu um salto inédito com o nascimento dos primeiros bezerros Angus resistentes ao calor, resultado de um projeto liderado pela Embrapa Gado de Leite, em parceria com a Associação Brasileira de Angus. A inovação visa adaptar uma das raças de carne mais valorizadas do mundo ao clima tropical brasileiro, com foco em bem-estar animal, produtividade e sustentabilidade. O que muda com a edição genética da raça Angus?
A inovação consiste na introdução de uma mutação natural no gene do receptor da prolactina, responsável por estimular o crescimento de pelos curtos e lisos. Essa característica favorece o controle da temperatura corporal dos animais, reduzindo os efeitos do estresse térmico — algo essencial para o desempenho em regiões tropicais e subtropicais do Brasil.
Segundo o pesquisador Luiz Sérgio de Almeida Camargo, da Embrapa, a iniciativa busca adequar a raça Angus ao calor, mantendo seu padrão de carne premium. “Esses animais de pelo curto conseguem controlar melhor a temperatura corporal, o que contribui para maior fertilidade, bem-estar e produtividade”, afirmou.
Como é o aspecto dos bezerros Angus geneticamente editados?
Dois bezerros editados nasceram entre o fim de março e o início de abril de 2025 e já apresentam as características fenotípicas esperadas, como o pelo curto, liso e escuro, comprovando o sucesso da edição genética.
Ambos os animais estão sob monitoramento técnico da Embrapa e são comparados com bezerros não editados, usados como grupo de controle. Até agora, não foram identificadas diferenças de saúde ou comportamento, o que reforça a viabilidade da tecnologia.
A genética resistente ao calor pode ser herdada?
A próxima etapa do projeto é descobrir se a mutação pode ser transmitida aos descendentes. Para isso, a Embrapa irá coletar sêmen e óvulos dos bezerros quando atingirem a puberdade e gerar novos embriões para análise.
Se confirmada a hereditariedade, será possível multiplicar a característica de resistência ao calor por meio da reprodução convencional, facilitando a disseminação da genética adaptada entre produtores de carne de alta qualidade.

Qual é o impacto dessa inovação na pecuária brasileira?
O aquecimento global e as ondas de calor mais frequentes estão tornando desafiadora a criação de bovinos europeus no Brasil, especialmente nas regiões Centro-Oeste, Sudeste e Sul. A edição genética surge como solução viável para garantir produtividade, qualidade de carne e bem-estar animal, mesmo sob temperaturas elevadas.
Além disso, essa tecnologia contribui para uma pecuária mais sustentável, alinhada aos desafios das mudanças climáticas e da segurança alimentar.
O futuro da carne Angus tropicalizada
Se os testes forem bem-sucedidos, a expectativa é que a Embrapa possa ampliar o acesso dos produtores à nova genética, promovendo um salto de produtividade e eficiência na pecuária de corte tropical. Isso marca o início de uma nova era em que a tecnologia genômica será cada vez mais protagonista no campo.
Perguntas frequentes sobre os Angus resistentes ao calor
O que é a mutação no gene da prolactina?
É uma alteração genética que induz o crescimento de pelos curtos e lisos, ajudando os animais a se manterem frescos sob altas temperaturas.
Essa mutação é segura para os bezerros?
Sim. Até o momento, os bezerros editados apresentam comportamento e saúde normais, comparáveis aos animais não editados.
A mutação pode ser passada para os descendentes?
Essa é a próxima fase do estudo. A Embrapa irá verificar a hereditariedade da mutação por meio de reprodução assistida.
Quando os produtores poderão usar essa genética?
Se confirmada a estabilidade genética, a expectativa é de que a tecnologia esteja disponível para uso comercial nos próximos anos.
A edição genética dos bezerros Angus resistentes ao calor é mais do que uma inovação — é um divisor de águas para a pecuária tropical brasileira. Ao unir qualidade de carne, adaptação ao clima e bem-estar animal, a tecnologia oferece uma resposta concreta às novas exigências do mercado e do planeta.
➡️ Se você trabalha com genética bovina ou produção de carne premium, essa é uma inovação para acompanhar de perto. O futuro da pecuária passa pela ciência — e ele já começou.
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