Boi China continua a R$ 250/@, mas mercado interno “decepciona”

Enquanto o mercado trabalha com ágio de R$ 10/@ para o Boi China, o consumo interno traz insegurança para as indústrias que, no curto prazo, dizem que não há motivos que justifiquem uma recuperação nos preços da arroba do boi.

A trajetória no cenário nacional segue pressionada, principalmente diante do menor consumo do mercado interno – mercado que consome cerca de 70% da carne bovina produzida no país. Dessa forma, o mercado físico do boi gordo (Boi China e Boi Comum) registrou preços de estáveis a mais baixos nesta quinta-feira, 20. O ambiente de negócios continua desafiador, com o escoamento lento da carne no atacado, resultando em mais um dia de queda das cotações, segundo Fernando Henrique Iglesias, analista da Safras & Mercado.

Em muitas regiões produtoras, a escala de abate está curta. Sendo assim, existe sim uma lacuna na oferta de animais para abate, o que na teoria levaria a uma pressão positiva nos preços da arroba. No entanto, a indústria tem exercido pressão sobre os preços do boi gordo devido a fatores relacionados à demanda de carne bovina, conforme supracitado.

Dessa forma, pelo menos no curto prazo, não há motivos que justifiquem uma recuperação nos preços da arroba do boi.

Segundo apontou o relatório diário da Scot Consultoria, as cotações de todas as categorias estão estáveis na comparação feita dia a dia, na praça paulista. As escalas estão bem-posicionadas e há ofertas de compra para o boi gordo abaixo da referência, reflexo do fraco escoamento da carne e queda nos preços dos cortes.

O boi gordo ainda está sendo negociado em R$240,00/@, a vaca gorda em R$212,00/@ e a novilha gorda em R$230,00/@, preços brutos e a prazo, apontou a Scot. Seguindo a tendência, em Belo Horizonte, preços estáveis na comparação diária, com indústrias fora das compras. A cotação do boi está em R$220,00/@, a da vaca em R$205,00/@ e a da novilha em R$210,00/@, preços brutos e a prazo.

Os exportadores de carne bovina estão tentando sustentar os preços de venda para os chineses, que apresentaram melhora nas últimas duas semanas, após passarem por um período prolongado de correções para baixo. Além da oferta excedente no Brasil, destaca-se o fato de que o preço do boi gordo na China já passou por desvalorização de 10% em 2023, puxado pela forte queda nas cotações da proteína suína no país (principal proteína animal consumida no gigante asiático), apontou relatório diário da Agrifatto.

A cotação do “boi China” – animal jovem abatido com até 30 meses de idade – está em R$250,00/@, preço bruto e a prazo. Ágio de R$10,00/@ em relação ao Boi Comum. Nesse cenário, diante de maior pressão do mercado interno em algumas regiões, esse ágio chega a R$ 25/@ para o mercado da exportação, apontou a Scot.

Segundo dados da Agrifatto, na B3, os contratos futuros encerraram o penúltimo pregão da semana em queda, com destaque para o jul/23 que recuou 0,77% e ficou cotado à R$ 244,90/@.

Boiada quebra gancho da raça Sindi impressiona pela qualidade 9
Foto: Sindi OT / Divulgação

Frigoríficos fora do mercado

Em geral, diz S&P Global Commodity Insights, os frigoríficos seguem fora das compras de boiadas gordas, trabalhando apenas com compromissos de curtíssimo prazo. A lentidão no escoamento da carne bovina, sobretudo ao mercado interno, explica a posição de cautela das indústrias brasileiras. Por sua vez, os frigoríficos que ainda tentam compor as suas operações de abate tentaram efetivar novas negociações em preços inferiores aos pisos atuais da arroba do boi gordo.

Frigoríficos que operam somente com vendas ao mercado interno registram escalas que não avançam mais de três dias, e optam em paralisam as suas operações em pelo menos dois dias da semana.

Preocupação: Embarques brasileiros de carne bovina in natura recuam em volume e receita na parcial de jul/23

Ao longo dos 10 primeiros dias úteis de julho/23 (acumulado em duas semanas), o Brasil exportou 76,63 mil toneladas de carne bovina in natura, com média de 7,66 mil toneladas/dia – retração de 16,5% frente à média diária de junho/23 e recuo de 3,7% sobre a média diária de julho/22, informou a Secretaria de Comércio Exterior (Secex).

“Normalmente, os embarques das duas primeiras semanas do mês são os mais intensos e os números registrados até o momento de julho/23 indicam que pode haver dificuldades em superar 160 mil toneladas exportadas no mês”, afirmam os analistas da Agrifatto.

Giro do Boi Gordo pelo Brasil

  • Em São Paulo, a referência para a arroba do boi ficou em R$ 242,00.
  • Em Dourados (MS), a arroba foi indicada a R$ 235,00.
  • Já em Cuiabá (MT), a arroba ficou indicada em R$ 213,00.
  • Em Goiânia (GO), a indicação foi de R$ 225,00 para a arroba do boi gordo
  • Em Uberaba (MG) o preço foi de R$ 240,00.

Atacado

No atacado, os preços da carne bovina também recuaram. Iglesias aponta que o ambiente de negócios sugere uma continuidade desse movimento no curto prazo, em virtude da menor demanda ao longo da segunda quinzena do mês. Além disso, a carne de frango continua muito competitiva no mercado interno, sendo a preferência de uma parcela significativa da população.

Os preços dos cortes de carne específicos tiveram as seguintes quedas: o quarto traseiro caiu R$ 0,50, sendo cotado a R$ 17,50 por quilo. O quarto dianteiro teve uma redução de R$ 0,75, sendo precificado a R$ 13,25 por quilo, enquanto a ponta de agulha foi vendida a R$ 13,00 por quilo, com uma queda de R$ 0,90.

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