Boi gordo a R$ 340/@ virou sonho; E agora, o que fazer?

“Boi gordo alcança o recorde de preço nas praças paulistas com média de R$ 340/@, aponta Indicador do CEPEA”, era essa a manchete que estimulou o pecuarista a investir mais na atividade nos últimos meses; E agora?

O pecuarista não parou, investindo em genética, produtividade, qualidade da carne, nutrição e tecnologia. Entretanto, aquele sonho de vender seus lotes para abate pelo recorde de preço de R$ 340,29/@ – valor médio do Indicador do Boi Gordo/CEPEA em FEV/22 – foi indo embora ao longo dos últimos doze meses, após o indicador despencar mais de R$ 53,00/@. E agora, como tem se comportado o mercado e quais as perspectivas para os preços do boi gordo?

De forma generalizada, os frigoríficos seguem manifestando intenção de compras abaixo dos patamares históricos para o período, mas buscando formas para derrubar os preços de balcão. O fraco apetite comprador das indústrias brasileiras reflete sobretudo a dificuldade em escoar a produção para o mercado interno.

Recordando sobre o movimento da arroba nos últimos doze meses, conforme o gráfico do Cepea abaixo, é possível ver que os preços sofrem uma grande desvalorização. Em Fev/22 o valor médio foi de R$ 340,29/@, valor esse que foi estimulado pelo apetite chinês após suspensão do embargo de 2021. Entretanto, o que parecia ser uma nova era de preços altos, se viu desequilibrada ao longo dos últimos meses, com forte pressão do mercado interno e renegociações de contratos pela China.

Dessa forma, observamos uma queda de preço que levou a média do Indicador paulista a uma das piores cotações para o período avaliado. Sendo assim, atualmente os preços estão cotados a R$ 286,90/@, ou seja, uma perda de receita de R$ 53,40/@.

movimento de queda se tornou mais agressivo no mercado físico do boi gordo, em especial no Centro-Norte do país neste começo de semana. O grande limitador para movimentos ainda mais agressivos de queda está na boa capacidade de retenção do pecuarista neste momento, avaliando a boa condição das pastagens.

Segundo o analista de Safras & Mercado Fernando Henrique Iglesias, os frigoríficos sinalizam dois fatores importantes para justificar o movimento. O primeiro fator é que as escalas de abate permanecem confortáveis, fazendo com que a indústria possa cadenciar o ritmo das negociações. Uma ou outra lacuna precisa ser preenchida, principalmente em relação a animais padrão China, mesmo assim o ímpeto de compra está muito distante na comparação com anos anteriores.

“O segundo fator é que a conta da carne no atacado é bastante desfavorável neste início de ano, com estoques elevados e com a população descapitalizada não há incentivo para pagar valores mais altos pela arroba do boi gordo.”, diz Iglesias.

“As indústrias de São Paulo continuam efetivar preços para arroba abaixo das mínimas vigentes”, relata a IHS Markit. Segundo apurou consultoria, no mercado paulista, há relatos de ofertas de boiadas gordas em R$ 275 (valor bruto), porém os pecuaristas não cederam e os preços permanecem estabilizados em R$ 281.

“As escalas de abate no MS encontram-se estabelecidas entre 7 e 10 dias, apesar dos volumes diários permanecerem abaixo da capacidade de operação”, informa a IHS.

Giro do boi gordo pelo Brasil

  • Em São Paulo (SP), a referência para a arroba do boi caiu para R$ 277 .
  • Em Minas Gerais, os preços subiram e fecharam em R$ 283.
  • Em Dourados (MS), a cotação se manteve R$ 257.
  • Em Cuiabá (MT), a arroba de boi gordo finalizou o dia cotada a R$ 253.
  • Em Goiânia (GO), a arroba está em R$ 273.

Exportações de carne bovina abrem 2023 em ritmo forte, aponta a Secex

As exportações de carne bovina in natura da primeira semana de 2023 (cinco dias úteis) ficaram em 40,80 mil toneladas, com embarque diário médio de 8,16 mil toneladas, resultado 24,1% superior à média registrada em todo janeiro/22 e 17,5% maior em relação à média de dezembro/22, informam as consultorias do setor pecuário, que nesta terça-feira (10/1) repercutiram os dados divulgados pela Secretaria de Comércio Exterior (Secex). “Caso os envios permaneçam nesse mesmo ritmo, janeiro/23 pode superar o volume embarcado em janeiro/22 e atingir um novo recorde para o mês”, relatam os analistas da Agrifatto.

Em janeiro do ano passado, foram embarcadas 38,06 mil toneladas, em 21 dias úteis. Na avaliação da Agrifatto, apesar da proximidade do feriado de Ano Novo na China, os processos de flexibilização das medidas de combate à Covid-19, além de uma moeda local (yuan) orbitando no maior patamar dos últimos cinco meses frente ao dólar, sinalizam expectativa de forte apetite chinês por grãos e proteínas para o curto prazo.

Em relação aos preços da carne bovina brasileira, na primeira semana de janeiro/23, o valor médio ficou em US$ 4.880 mil por tonelada, com queda de 6,7% frente ao patamar de janeiro de 2022.

O que esperar?

Em relação ao mercado internacional, ritmo das exportações permanece positivo, porém o preço pago pela carne bovina brasileira registrou baixas consecutivas ao longo das últimas semanas.

Outro fator que preocupa os frigoríficos exportadores é valorização do real frente ao dólar – o câmbio iniciou o ano em torno de R$ 5,45 e encontra-se próximo a R$ 5,10 –, o que deixou a carne brasileira menos competitiva no mercado internacional.

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