
Mercado do boi gordo inicia com pressão moderada e cotações estáveis na maioria das praças; Frigoríficos maiores já estão com escalas de setembro definidas e, com isso, retiram compradores do mercado
O mercado físico do boi gordo começou a semana em ritmo lento e com poucas alterações nos preços da arroba, refletindo o típico comportamento das segundas-feiras. Apesar do cenário de estabilidade em grande parte das praças pecuárias, frigoríficos seguem tentando pressionar as cotações para baixo, sustentados por escalas de abate confortáveis e pelo aumento da oferta de animais de contratos a termo e confinamentos próprios.
Segundo o analista Fernando Henrique Iglesias, da Safras & Mercado, muitas indústrias já têm a programação de setembro definida, o que reduz a necessidade de compras no mercado spot.
A presença de animais de parceria (contratos a termo) amplia essa situação, mesmo em um cenário em que as exportações seguem aquecidas em 2025. Iglesias também destaca que o câmbio exerce papel importante: o dólar próximo a R$ 5,30 gera pressão adicional sobre os preços da arroba, dificultando avanços.
Já a consultoria Agrifatto observa que as plantas exportadoras trabalham com escalas médias de dez dias, o que limita ainda mais a urgência de compras. O aumento de bovinos oriundos de contratos firmados no primeiro semestre elevou a oferta de gado terminado em cocho, contribuindo para a manutenção de preços estáveis, mesmo diante da demanda internacional firme.
Cotações regionais do boi gordo
- São Paulo: R$ 306,83/@ (Safras & Mercado) e R$ 310/@ no físico; boi-China a R$ 320/@ (Agrifatto).
- Minas Gerais: R$ 288,24/@ (ante R$ 292,94 na sexta).
- Goiás: R$ 291,79/@ (ante R$ 295,36).
- Mato Grosso do Sul: R$ 320,82/@ (queda leve frente à semana passada).
- Mato Grosso: R$ 300,41/@ (leve recuo).
Pelas referências da Scot Consultoria, em São Paulo o boi gordo comum está em R$ 312/@, o animal padrão-China em R$ 315/@, enquanto vacas terminadas valem R$ 285/@ e novilhas, R$ 300/@.
Atacado e consumo
No mercado atacadista, os preços também apresentam acomodação. O traseiro segue a R$ 24,10/kg, o dianteiro a R$ 18,00/kg e a ponta de agulha em R$ 17,10/kg. Iglesias explica que a valorização observada no início de setembro aumentou a competitividade da carne bovina frente a outras proteínas, mas o consumo interno ainda mostra baixo apelo, limitando novas altas.
Futuro e indicadores
Na B3, os contratos futuros do boi gordo encerraram a última semana em queda:
- Setembro/25: R$ 305,20/@ (-1,82%).
- Outubro/25: R$ 310,60/@ (-2,92%).
- Novembro/25: R$ 318,85/@ (-3,01%).
- Dezembro/25: R$ 324,60/@ (-2,16%).
Os analistas ressaltam que a elevada oferta de animais disponíveis para abate pressiona os vencimentos mais curtos, enquanto os contratos de novembro e dezembro, embora ainda negociados com ágio frente ao físico, sofreram desvalorização significativa.
O início desta semana mostra um mercado em banho-maria, com frigoríficos tentando testar preços mais baixos e produtores atentos ao câmbio e ao ritmo das exportações. A estabilidade prevalece, mas a pressão da oferta e as escalas alongadas seguem como fatores de peso, ao mesmo tempo em que o apetite internacional por carne bovina mantém o suporte necessário para evitar quedas mais bruscas.
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