
Após um longo período de altas sucessivas, o mercado do boi gordo acumula baixas significativas na sua cotação para a primeira semana de dezembro; Após 25 semanas de alta, recuo soma R$ 40/@ em algumas regiões.
Após um período de 25 semanas consecutivas de alta, o mercado do boi gordo experimenta um momento de forte desvalorização. Segundo a consultoria Agrifatto, os preços da arroba recuaram mais de 5% na última semana, resultado de um cenário marcado por aumento da oferta, ajustes no consumo interno e pressão das indústrias frigoríficas. Essa foi a primeira queda semanal desde junho de 2024, com impactos sentidos em diversas regiões do Brasil.
Mercado físico: quedas generalizadas e negociações travadas
De acordo com levantamento da Scot Consultoria, o boi comum está sendo negociado a R$ 330/@ no mercado paulista, enquanto o boi destinado à exportação (boi-China) apresenta um pequeno ágio, sendo cotado a R$ 335/@. Nas demais praças monitoradas, a média nacional é de R$ 303,80/@, conforme a Agrifatto. Ainda assim, algumas regiões importantes, como Goiás, Minas Gerais e Mato Grosso do Sul, registraram quedas mais acentuadas.
Giro do boi gordo pelo Brasil
- São Paulo: R$ 320,00/@
- Goiás: R$ 306,00/@
- Minas Gerais: R$ 315,00/@
- Mato Grosso do Sul: R$ 322,00/@
- Mato Grosso: R$ 302,00/@
A estratégia das indústrias frigoríficas também contribuiu para o cenário. Muitas optaram por interromper as compras ou realizar abates intercalados, aumentando suas escalas para até nove dias. Essa postura reduziu a urgência em adquirir novos lotes de boiadas, o que pressionou ainda mais os preços.
Exportações sustentam o mercado, mas enfrentam desafios
Apesar da queda interna, as exportações de carne bovina permanecem em bons níveis, oferecendo suporte ao mercado e evitando desvalorizações mais drásticas. Contudo, há uma pressão adicional do mercado chinês, que reduziu o preço do dianteiro bovino importado em cerca de US$ 600 por tonelada. Essa redução impacta os volumes exportados para a China, especialmente em dezembro, quando há menor demanda devido ao Ano Novo Lunar.
Fernando Henrique Iglesias, analista da Safras & Mercado, destaca que, embora as exportações sejam um alívio, os pecuaristas estão buscando estratégias para mitigar os impactos da queda nas cotações. “O nível elevado de exportações atua como um suporte relevante, mas não elimina a necessidade de ajustes locais”, afirmou.
Mercado atacadista e consumo doméstico
No mercado atacadista, os preços permanecem nas máximas históricas, com o quarto traseiro cotado a R$ 27/kg, o dianteiro a R$ 20,50/kg e a ponta de agulha a R$ 19,50/kg. Mesmo assim, o consumo doméstico dá sinais de desaceleração, com muitos consumidores migrando para proteínas mais baratas, como frango, suíno e ovos.
Essa migração reflete o aumento consecutivo nos preços da carne bovina no varejo, que tem limitado o potencial de novos reajustes, mesmo em períodos de alta demanda.
Mercado futuro: sinais de recuperação tímida
Na B3, os contratos futuros operaram em leve alta na sexta-feira, com o vencimento para janeiro de 2025 sendo cotado a R$ 302,95/@, uma valorização de 1,83% em relação ao dia anterior. Apesar disso, a semana foi marcada por quedas expressivas nos contratos futuros, com desvalorização superior a R$ 40/@ em alguns vencimentos.
Impacto no mercado de bezerros e insumos
A desvalorização do boi gordo também influencia o mercado de reposição. O preço do bezerro, que vinha registrando altas expressivas, apresentou uma desaceleração. O indicador Cepea aponta um valor médio de R$ 2.696/cabeça em Mato Grosso do Sul, com alta de apenas 0,28% na última semana. Esse desempenho está alinhado com o movimento de queda no mercado do boi gordo.
No setor de insumos, o farelo de soja teve valorização de 1,26%, sendo cotado a R$ 1.996/tonelada, enquanto o milho manteve relativa estabilidade, com recuo de 0,09%, fechando a semana a R$ 72,80/saca.
Perspectivas e desafios no mercado do boi gordo
Os analistas apontam que a queda nos preços reflete uma conjuntura complexa: alta oferta de animais terminados, contratos a termo em volumes significativos e ajustes no consumo interno e externo. Para os próximos meses, o desafio será equilibrar o mercado em um cenário de consumo doméstico retraído e exportações ainda incertas.
Enquanto isso, os pecuaristas estudam formas de mitigar os impactos, em meio a um mercado que, pela primeira vez em meses, traz sinais mais evidentes de pressão e incerteza.
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