
O preço do boi gordo surpreende o mercado, que tem mantido as exportações aquecidas, oferta reduzida e expectativa de valorização no mercado físico e futuro; junho começa com cotações em alta e clima favorável à retomada da confiança no setor.
O mês de junho começou com firme valorização da arroba nas principais praças pecuárias do Brasil. Dados históricos mostram que, em média, junho registra um aumento de 0,8% nos preços do boi gordo em relação a maio, podendo alcançar até 4,8% nos melhores cenários, como o observado em 2013. Considerando o valor de fechamento de maio, em R$ 301,96/@, projeções apontam para uma arroba chegando a R$ 316,54 ainda este mês. Esse comportamento é impulsionado pela combinação de menor oferta de animais terminados e aquecimento nas exportações, que seguem em ritmo recorde e com preços elevados.
Na semana encerrada em 6 de junho, o mercado físico do boi gordo manteve a tendência de alta, com valores em ascensão em 27 praças e estabilidade em apenas cinco, segundo levantamento da Scot Consultoria. São Paulo, principal referência nacional, viu a arroba atingir R$ 320 (em negociações pontuais), avanço de 3,23% na semana.
Outros estados, como Mato Grosso do Sul (R$ 315), Mato Grosso (R$ 310) e Minas Gerais (R$ 295), também apresentaram valorizações relevantes. Esse movimento tem como base o desequilíbrio entre a oferta reduzida e uma demanda aquecida — tanto no mercado interno quanto nas exportações.
Cotações do boi gordo por região
A valorização se espalhou pelas principais regiões produtoras. Veja as principais cotações da arroba do boi gordo (modalidade a prazo):
- São Paulo (capital): R$ 320/@
- Mato Grosso do Sul (Dourados): R$ 315/@
- Mato Grosso (Cuiabá): R$ 310/@
- Minas Gerais (Uberaba): R$ 295/@
- Goiás (Goiânia): R$ 295/@
- Rondônia (Vilhena): R$ 270/@
A dificuldade na composição das escalas de abate, especialmente para animais jovens e prontos para exportação, tem sido um fator de sustentação. Ao mesmo tempo, há redução no abate de fêmeas, em especial no Centro-Norte, o que favorece a valorização dos machos.
O que esperar nos próximos dias
O cenário para os próximos dias segue otimista. Na B3, contratos futuros com vencimento em junho indicam valores em torno de R$ 318,25/@, enquanto contratos para outubro já batem R$ 340,45/@, refletindo o apetite do mercado por continuidade na alta. Com exportações aquecidas e menor oferta no campo, analistas reforçam que o momento é de firmeza.
Raphael Galo, da Scot Consultoria, recomenda atenção às oportunidades de proteção de margem via hedge, diante da volatilidade possível nas próximas semanas. “Na dúvida, garanta sua margem; lucro pequeno nunca quebrou ninguém”, ressalta.
Fatores de pressão e suporte no mercado do boi gordo
Principais fatores de alta:
- Exportações recordes: 218 mil toneladas em maio, com preço médio de US$ 5.200/tonelada;
- Demanda interna firme, puxada pela entrada dos salários e queda de preços no varejo;
- Menor oferta de animais terminados e recuo nas escalas de fêmeas.
Alertas de atenção:
- Clima: o avanço do inverno pode antecipar a entrega de boiadas e pressionar os preços;
- Concorrência com carne de frango, que será redirecionada ao mercado interno após embargos internacionais devido à gripe aviária;
- Custo de produção em alta, especialmente com alimentação e reposição.
Carne bovina no atacado
No mercado atacadista, a tendência é de acomodação nos preços. O quarto traseiro encerrou a semana a R$ 23/kg (queda de 3,77%) e o quarto dianteiro a R$ 18,50/kg (queda de 2,63%). Apesar das baixas, ainda há espaço para recuperação pontual, com reposição entre atacado e varejo mais dinâmica neste início de mês.
Com fundamentos positivos, o mercado do boi gordo começa junho em alta e projeta um novo patamar de preços, superando os R$ 320/@ em algumas regiões. A expectativa de continuidade na valorização exige cautela do pecuarista, mas também oferece oportunidades estratégicas de venda e proteção. O momento é de atenção redobrada e análise criteriosa de mercado.
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