Boi gordo dispara e sobe até R$ 15/@ nesta semana; viés de alta contínua?

Com oferta restrita, retomada da demanda e exportações firmes, arroba se valoriza em diversas praças e indica tendência de manutenção no curto prazo para o mercado do boi gordo

O mercado do boi gordo vive uma semana de forte valorização, com altas de até R$ 15 por arroba em algumas regiões pecuárias do país. A retomada da demanda interna por carne bovina, aliada à menor disponibilidade de animais terminados e ao bom desempenho das exportações, tem impulsionado os preços e reacendido o otimismo entre os pecuaristas.

De acordo com a consultoria Agrifatto, a tendência de baixa observada no final de maio foi interrompida. “Os reajustes positivos, embora ainda moderados, começaram a ganhar força em importantes praças brasileiras”, relatam os analistas. Em São Paulo, por exemplo, a arroba do boi comum foi cotada a R$ 310/@, enquanto o boi-China subiu para R$ 313/@, ambos no prazo .

Oferta curta pressiona as indústrias

A grande responsável pela alta dos preços é a escassez de boiadas prontas para abate. Conforme apontado pela Scot Consultoria, os frigoríficos precisaram aumentar as ofertas para garantir escala, devido à baixa disponibilidade de animais, principalmente os jovens que atendem aos requisitos de exportação para a China .

“A oferta restrita de boiadas gordas favorece os pecuaristas, especialmente diante da retomada da demanda interna por carne bovina a partir da primeira quinzena do mês”, destacou a Agrifatto . Já a consultoria Safras & Mercado reforça que a menor presença de animais jovens e a representatividade das fêmeas no Centro-Norte geram diferenciação acentuada nos preços entre machos e fêmeas.

Preços da arroba do boi gordo por estado

  • São Paulo: R$ 315,08
    (dia anterior: R$ 313,25)
  • Mato Grosso do Sul: R$ 312,39
    (ontem: R$ 309,43)
  • Mato Grosso: R$ 306,76
    (na quarta: R$ 304,39)
  • Minas Gerais: R$ 297,35
    (anteriormente: R$ 295,29)
  • Goiás: R$ 294,11
    (na quarta: R$ 291,79) 

Exportações aquecidas sustentam o movimento

Outro fator decisivo na arrancada dos preços é a forte demanda internacional. Conforme observado por Fernando Henrique Iglesias, analista da Safras & Mercado, as exportações têm sido o principal pilar de sustentação da arroba em 2025, com o Brasil caminhando para um novo recorde de embarques .

Dados preliminares da Secex indicam que, só na primeira semana de junho, os embarques superaram 40 mil toneladas de carne bovina in natura, com destaque para China, Emirados Árabes e Chile. Esse volume escoa parte relevante da produção nacional, reduzindo a oferta no mercado interno e elevando os preços pagos ao produtor.

Alta atinge diversas regiões

Segundo levantamento da Agrifatto, 9 das 17 regiões monitoradas registraram alta nas cotações no dia 4 de junho. No Mato Grosso, os preços subiram para R$ 306,76/@, enquanto no Mato Grosso do Sul a arroba foi negociada a R$ 312,39, conforme dados do dia 5 .

Minas Gerais e Goiás também acompanharam a tendência de valorização, com cotações que ultrapassaram os R$ 295/@ e R$ 294/@, respectivamente. Já no atacado, os cortes bovinos apresentaram forte valorização, com o quarto traseiro subindo R$ 1,50/kg e o quarto dianteiro, R$ 1,00/kg, refletindo o bom escoamento no varejo.

Viés de alta vai continuar no mercado do boi gordo?

Especialistas acreditam que o mercado segue com viés altista no curto prazo, embora o ritmo de alta possa variar conforme a praça e o comportamento da indústria. “Os frigoríficos de menor porte, voltados ao consumo interno, continuam enfrentando dificuldades para alongar as escalas de abate, o que intensifica a pressão altista sobre os preços”, afirma a Agrifatto .

Por outro lado, grandes plantas frigoríficas que operam com contratos a termo têm mantido certa cautela nas compras, atuando de forma mais seletiva. A expectativa é que a firmeza nos preços permaneça até o avanço dos primeiros lotes de confinamento, que deve ganhar ritmo a partir de julho.

A disparada de até R$ 15/@ no preço do boi gordo nesta semana consolida um novo momento de recuperação para o mercado pecuário brasileiro. Com oferta curta, exportações robustas e demanda aquecida, o setor vislumbra mais alguns degraus na escada de valorização ao longo de junho.

A grande incógnita agora é saber até onde o consumidor final suportará esse movimento, já que os preços da carne no varejo também começam a subir. Se o consumo interno acompanhar, o ciclo de alta pode se prolongar. Caso contrário, ajustes pontuais podem ocorrer. Por ora, o cenário é positivo para o pecuarista, que volta a negociar com mais poder diante da indústria.

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