
Escalas cheias, demanda interna fraca e exportações em alta formam o cenário do mercado do boi gordo; veja o que esperar para segunda quinzena
O mercado do boi gordo encerrou a segunda semana de setembro sob forte pressão, com preços em queda na maior parte das praças pecuárias do país. A combinação de escalas de abate já preenchidas pelas indústrias, oferta consistente de animais terminados em confinamentos e a demanda interna enfraquecida manteve o cenário desfavorável aos produtores. Embora as exportações sigam firmes e sejam um ponto de sustentação para o setor, o viés predominante segue de baixa.
Analistas destacam que os frigoríficos de maior porte operam com escalas alongadas, muitas vezes preenchidas até o fim do mês, sustentadas por contratos a termo e uso de gado próprio. Essa condição reduz a necessidade de compras no mercado spot, permitindo às indústrias pressionar por preços mais baixos.
Em São Paulo, por exemplo, após negociações que chegaram a flertar com R$ 320/@ no início de setembro, os preços recuaram e o boi gordo comum fechou a semana em R$ 308,58/@, com o chamado “boi China” sendo negociado até R$ 315/@.
Cotações regionais da arroba do boi gordo
O fechamento da semana registrou os seguintes valores médios:
Estado | Preço médio (R$/@) | Variação semanal |
São Paulo | 308,58 | -0,9% |
Goiás | 295,36 | -2,7% |
Minas Gerais | 292,94 | -1,7% |
Mato Grosso do Sul | 321,02 | +0,3% |
Mato Grosso | 301,89 | -2,5% |
A variação foi negativa na maioria das praças quando comparada à semana anterior, refletindo a pressão de baixa vinda da indústria.
Consumo interno segue travado
Apesar de setembro ser, tradicionalmente, um período de maior circulação de salários e aumento do poder de compra, o consumo doméstico de carne bovina não respondeu como esperado. A competitividade com proteínas mais baratas, como frango e ovos, tem limitado o escoamento no mercado interno.
No atacado, a carne bovina registrou estabilidade nos preços: o traseiro foi cotado a R$ 24,10/kg, o dianteiro a R$ 18,00/kg e a ponta de agulha a R$ 17,10/kg.
Exportações em ritmo recorde
O alívio vem das exportações, que continuam em ritmo acelerado. Nos primeiros cinco dias úteis de setembro, o Brasil embarcou 78,3 mil toneladas de carne bovina, com média diária de 15,6 mil toneladas, alta de 30,8% frente ao mesmo período de 2024. A receita atingiu US$ 435 milhões, crescimento de 60,9% na comparação anual.
Expectativas no mercado do boi gordo para o fim do mês
Especialistas avaliam que, até o final de setembro, o mercado tende a se manter pressionado. Felipe Fabbri, da Scot Consultoria, aponta que o consumo doméstico moderado e a ausência de fatores sazonais que impulsionem a demanda — como ocorreu nas eleições municipais de 2024 — limitam uma reação nos preços.
Já Fernando Henrique Iglesias, da Safras & Mercado, alerta que os frigoríficos devem seguir testando valores mais baixos, enquanto as exportações, embora fortes, têm sua competitividade reduzida pela queda recente do dólar.
📌 Resumo: O mercado do boi gordo atravessa uma fase de oferta elevada, consumo doméstico enfraquecido e escalas cheias nas indústrias, resultando em preços em queda para os pecuaristas. As exportações seguem como sustentação, mas o curto prazo ainda inspira cautela, com tendência de estabilidade ou novas baixas até o fim do mês.
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