
Com resistências dos pecuaristas, exportações fortes e expectativa de consumo no Dia dos Pais, mercado projeta retomada gradual das cotações do boi gordo
O mercado físico do boi gordo inicia a semana e encerra o mês de julho em um momento de transição que pode marcar o início de uma recuperação dos preços da arroba. Após semanas de quedas sucessivas, influenciadas por fatores externos e internos, analistas acreditam que o cenário começa a mudar, impulsionado por uma postura mais firme dos pecuaristas, exportações aquecidas e pelo aumento do consumo interno esperado para o Dia dos Pais.
Segundo Fernando Henrique Iglesias, da consultoria Safras & Mercado, há espaço para alguma reação positiva dos preços no decorrer de agosto, ainda que de forma gradual. “O Dia dos Pais será um elemento importante para justificar a retomada do consumo doméstico”, afirmou.
Pressão e recuperação no mercado do boi gordo paulista
Em São Paulo, referência nacional para as negociações, o início da semana registrou queda de R$ 3/@, levando a cotação para R$ 292/@ no prazo (valor bruto), de acordo com a Scot Consultoria. A novilha gorda também recuou, passando para R$ 278/@, enquanto a vaca gorda manteve-se em R$ 270/@ e o boi-China em R$ 298/@.
A pressão sobre as cotações ao longo de julho foi resultado de diversos fatores:
- Tarifação dos EUA: A imposição de uma nova tarifa de 50% sobre a carne bovina brasileira aumentou a apreensão no mercado exportador.
- Oferta elevada de animais: O grande volume de bois terminados em confinamento e contratos de parceria pressionou a arroba.
- Abate elevado de fêmeas: Especialmente no Norte, reforçando a oferta de carne.
- Concorrência com outras proteínas: Carne de frango e suína, mais baratas, ganharam espaço no consumo doméstico.
Mesmo diante desse cenário, desde a semana passada os pecuaristas passaram a resistir às ofertas mais baixas dos frigoríficos, desacelerando a tendência de queda e garantindo relativa estabilidade nos preços.
Panorama nacional das cotações
Os dados mais recentes indicam estabilidade em grande parte do país:
- São Paulo: R$ 294,78/@ (mercado físico)
- Goiás: R$ 276,43/@
- Minas Gerais: R$ 285,29/@
- Mato Grosso do Sul: R$ 294,66/@
- Mato Grosso: R$ 290,14/@
No mercado atacadista, houve leve queda nos cortes bovinos:
- Quarto traseiro: R$ 21,40/kg (-R$ 0,10)
- Quarto dianteiro: R$ 17,50/kg (estável)
- Ponta de agulha: R$ 17,00/kg (estável)
Exportações como pilar de sustentação
Mesmo com a pressão no mercado interno, as exportações de carne bovina in natura seguem fortes e crescentes, reforçando a posição do Brasil como um dos principais fornecedores mundiais. Esse movimento tem ajudado a equilibrar o mercado, compensando parcialmente a demanda interna enfraquecida no fim do mês.
Segundo a Agrifatto, os fundamentos de médio e longo prazo continuam sólidos. A expectativa é que a oferta de boiadas gordas diminua nos próximos meses, especialmente de fêmeas, abrindo espaço para valorização mais consistente no último trimestre de 2025.
O que esperar para agosto
O mês que começa traz expectativas moderadas, mas otimistas:
- Consumo interno em alta por conta do Dia dos Pais;
- Exportações aquecidas sustentando preços;
- Postura firme dos pecuaristas nas negociações;
- Menor oferta futura de animais no mercado.
Embora ainda seja cedo para falar em alta expressiva, a virada do mês pode, sim, marcar o início de uma “nova era” para o boi gordo, com recuperação gradual e sustentada das cotações.
Quer ficar por dentro do agronegócio brasileiro e receber as principais notícias do setor em primeira mão? Para isso é só entrar em nosso grupo do WhatsApp (clique aqui) ou Telegram (clique aqui). Você também pode assinar nosso feed pelo Google Notícias.