Mercado entra em ritmo mais lento no fim do ano, com preços do boi gordo firmes em praças estratégicas, escalas alongadas e indústrias reduzindo abates para manutenção e ajuste de oferta
O mercado do boi gordo atravessa a segunda quinzena de dezembro com movimentação mais contida, típica do período de festas, mas ainda sustentando valores relevantes em regiões-chave da pecuária nacional. Em importantes praças, a arroba segue próxima ou estabilizada na faixa de R$ 325, mesmo diante da postura mais cautelosa dos frigoríficos, que já começam a programar férias coletivas e paradas para manutenção industrial.
De acordo com analistas do setor, o cenário combina ritmo mais lento nas negociações, escalas de abate relativamente confortáveis e um consumo interno que, apesar de momentaneamente pressionado pelos gastos de Natal, tende a ganhar força novamente nos dias que antecedem as confraternizações de fim de ano.
Boi gordo tem preço firme em praças estratégicas, apesar da pressão das indústrias
Levantamentos recentes indicam que, embora haja tentativas de compra a preços menores por parte dos frigoríficos, não se observa uma queda generalizada nas cotações. Em São Paulo, principal referência do mercado físico, o boi gordo é negociado próximo de R$ 322 a R$ 325/@, a depender do padrão do animal, especialmente quando se trata de boi destinado à exportação para a China .
Dados das consultorias mostram que, das 17 praças monitoradas nacionalmente, sete registraram recuos pontuais, enquanto as demais, incluindo São Paulo, seguiram com preços estáveis. No mercado interno, o boi gordo gira ao redor de R$ 320/@, enquanto o chamado “boi China” alcança até R$ 330/@, refletindo a demanda externa ainda aquecida.
Frigoríficos reduzem ritmo e avaliam férias coletivas
Um dos principais fatores por trás da postura mais firme das indústrias é o maior conforto na originação, ou seja, na compra de boiadas prontas para abate. Com isso, os frigoríficos conseguiram alongar as escalas de abate para cerca de 10 dias úteis, em média, reduzindo a necessidade de pagar preços mais altos no curto prazo .
Além disso, diversas plantas frigoríficas já operam com menor capacidade, seja pela proximidade das festas, seja pela programação de férias coletivas e manutenção do parque fabril, prática comum neste período do ano. Esse movimento contribui para um mercado mais travado, com negócios acontecendo de forma pontual e seletiva .
Atacado firme e expectativa de reação no consumo
No mercado atacadista de carne bovina, os preços seguem firmes e com viés de sustentação. Cortes do quarto traseiro são negociados ao redor de R$ 26,25/kg, enquanto o quarto dianteiro e a ponta de agulha giram em torno de R$ 18,50/kg. O bom desempenho é sustentado pela entrada do 13º salário, pela geração de empregos temporários e pelas confraternizações típicas de dezembro .
Analistas destacam que, embora o consumo de carne tenha perdido força nos primeiros dias do mês — quando o consumidor prioriza compras natalinas —, a expectativa é de retomada consistente da demanda a partir do dia 18, especialmente para cortes voltados ao churrasco, muito procurados pelo food service e pelo varejo .
Exportações seguem como pilar de sustentação no preço do boi gordo
Outro ponto de sustentação importante para o mercado do boi gordo é o forte ritmo das exportações brasileiras de carne bovina in natura. As indústrias exportadoras seguem operando com vendas diárias consistentes, o que ajuda a equilibrar o mercado mesmo diante do ritmo mais lento no mercado doméstico .
Apesar da leve pressão observada em algumas praças e da recente queda nos contratos futuros na B3, analistas não descartam novos movimentos de alta pontuais até o fechamento do ano, especialmente se o consumo interno reagir como esperado e as exportações mantiverem o atual desempenho.
Em resumo, o boi gordo encerra o ano com preços sustentados em regiões estratégicas, frigoríficos ajustando o ritmo via férias coletivas e manutenção, e um mercado atento ao comportamento do consumo e das exportações nas últimas semanas de dezembro.
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