
Enquanto exportações continuam firmes, mercado interno registra pouca fluidez, com frigoríficos operando com escalas confortáveis e produtores cautelosos quanto à oferta do boi gordo
O mercado do boi gordo segue em compasso de espera no Brasil. Apesar de alguns negócios pontuais acima da média, o cenário predominante ainda é de preços lateralizados, ou seja, sem tendência clara de alta ou baixa, refletindo um equilíbrio instável entre oferta e demanda.
Essa configuração tem gerado incerteza entre os pecuaristas, enquanto frigoríficos mantêm certa tranquilidade nas escalas de abate.
Segundo o analista Fernando Henrique Iglesias, da consultoria Safras & Mercado, a maior dificuldade para os frigoríficos está na obtenção de animais padrão exportação (boi-China). Essa escassez levou a pagamentos acima da referência média em alguns negócios, principalmente em regiões onde a demanda externa continua aquecida. “O país caminha a passos largos para um recorde histórico de exportações de carne bovina, tanto em volume quanto em receita”, afirma Iglesias .
Em contrapartida, as escalas de abate continuam relativamente folgadas, posicionadas entre sete e nove dias úteis, o que reduz a pressão de compra por parte das indústrias.
Atacado ainda fragilizado
No mercado atacadista, os preços da carne bovina se mantêm estáveis, mas o ambiente de negócios é descrito como frágil, devido ao escoamento lento entre o atacado e o varejo. A preferência do consumidor por proteínas mais acessíveis, como frango, ovos e embutidos, segue limitando o avanço das cotações da carne bovina.
As referências do atacado mostram:
- Quarto traseiro: R$ 23,90/kg
- Dianteiro: R$ 19,00/kg
- Ponta de agulha: R$ 17,80/kg
Cotações do boi gordo por estado
Apesar da aparente estabilidade, a média da arroba apresenta diferenças significativas entre os principais estados produtores:
- São Paulo: R$ 304,17/@
- Mato Grosso do Sul: R$ 302,73/@
- Mato Grosso: R$ 299,18/@
- Minas Gerais: R$ 286,65/@
- Goiás: R$ 286,07/@
Mercado futuro sinaliza fragilidade
No cenário da B3, os contratos futuros para junho/25 mostraram recuo de 1,19%, fechando em R$ 305,55/@, o que reforça a percepção de um mercado físico ainda fragilizado e volátil para o próximo mês .
Consultorias como Agrifatto e Scot Consultoria destacam que a queda de braço entre frigoríficos e pecuaristas continua, com vendedores retraídos esperando uma eventual reação de preços. Enquanto isso, as escalas de abate estão encurtando em estados como São Paulo.
Diferenças regionais
- Norte do país: alta oferta de fêmeas pressiona os preços dos machos. A vaca casada, por sua vez, mantém preços estáveis, mas fragilizados.
- Centro-Sul (SP, MG, MS, GO): escassez de fêmeas contribui para sustentar os preços do boi terminado, oferecendo mais poder de barganha ao pecuarista .
O boi gordo segue em uma fase de indefinição, onde o cenário internacional favorável contrasta com o consumo interno travado e a cautela na reposição. Para os próximos dias, o mercado pode continuar oscilando lateralmente, à espera de um fator novo — seja uma mudança no ritmo das exportações, entrada de capital com o início do mês, ou alterações climáticas que impactem a oferta de pastagens.
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