Boi gordo sobe em importante região, mas frio intenso traz alerta para o pecuarista

Mercado do boi gordo se mantém firme em algumas praças, mesmo com queda no consumo e avanço de escalas de abate em estados-chave

O mercado do boi gordo segue com movimentações mistas nesta semana, refletindo o impacto do frio intenso em diferentes regiões pecuárias do país. Enquanto algumas praças registraram valorização da arroba impulsionadas pela oferta restrita de animais terminados, outras enfrentam recuos nos preços por conta do aumento pontual na disponibilidade de boiadas e dificuldades no varejo.

Apesar das baixas temperaturas registradas nos últimos dias — principalmente no Sudeste e Centro-Oeste —, a oferta de animais prontos para abate não aumentou na proporção esperada, o que fez com que muitos frigoríficos dependessem quase exclusivamente de contratos a termo para manter as escalas. De acordo com a Agrifatto, a média nacional das escalas está em torno de oito dias.

Esse cenário favoreceu uma manutenção ou até mesmo elevação dos preços em diversas regiões. A consultoria destaca que sete das 17 praças monitoradas apresentaram alta, com destaque para os estados de Acre (AC), Alagoas (AL), Espírito Santo (ES), Maranhão (MA), Rio de Janeiro (RJ), Rondônia (RO) e Santa Catarina (SC).

Cotações do boi gordo em destaque

Segundo a Agrifatto, a arroba do boi gordo em São Paulo permaneceu estável em R$ 320, enquanto a média nacional nas 16 outras regiões subiu para R$ 301,60.

Já os dados da Safras & Mercado indicam quedas em estados importantes, como:

  • São Paulo: de R$ 322,08 para R$ 320,58
  • Mato Grosso do Sul: de R$ 321,14 para R$ 316,93
  • Goiás: de R$ 304,11 para R$ 302,50
  • Mato Grosso: de R$ 323,85 para R$ 322,50

Esse movimento baixista é atribuído à evolução das escalas de abate em alguns estados por conta da entrada inesperada de lotes, favorecida pelas frentes frias.

Exportações sustentam cenário positivo

Mesmo com oscilações nos preços físicos, o mercado do boi gordo segue sustentado por exportações robustas de carne bovina in natura, que mantêm firme o escoamento da produção e fortalecem o poder de barganha dos pecuaristas. Há ainda a expectativa de aumento da demanda interna com a chegada de salários no início de julho, o que pode contribuir para estabilidade ou retomada de altas nos preços.

No mercado futuro, no entanto, houve ajustes negativos. O contrato para outubro/25 na B3 fechou a R$ 339,30/@, queda de 1,02% em relação ao pregão anterior.

Varejo segue desaquecido

Apesar do clima mais frio — que em teoria estimularia a venda de “carnes de panela” —, o consumo no varejo segue fraco. A Agrifatto aponta que houve praticamente nenhum pedido de reposição por parte dos varejistas, o que reflete o impacto da renda comprimida da população e o apelo por proteínas mais acessíveis, como frango e ovos.

No atacado, os preços do traseiro, dianteiro e ponta de agulha permanecem estáveis, cotados em R$ 23/kg, R$ 20/kg e R$ 19/kg, respectivamente.

Alerta para o pecuarista

Com a chegada de frentes frias mais intensas, há também um alerta sanitário importante. A hipotermia em animais de pasto, especialmente bezerros e novilhos mais jovens, pode causar mortes súbitas e queda no desempenho produtivo, exigindo ações emergenciais como suplementação energética e abrigos emergenciais.

A expectativa para os próximos dias é de manutenção nos preços no mercado do boi gordo, com possibilidade de novas altas pontuais conforme a demanda interna se aqueça no início de julho. A atenção do pecuarista deve seguir voltada tanto ao ritmo das exportações quanto à resiliência da oferta diante das baixas temperaturas.

A conjuntura reforça o momento de cautela na comercialização: quem tem boiada pronta pode buscar negociações mais seletivas, aproveitando a limitação das escalas e o bom desempenho do setor externo.

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