
Demanda aquecida, oferta restrita e exportações recordes fortalecem expectativa de valorização da arroba do boi gordo que, nesta semana, já mantém viés de alta
O mercado do boi gordo voltou a registrar movimento positivo nas cotações, especialmente em importantes praças pecuárias, impulsionado por um conjunto de fatores que reforçam a expectativa de valorização no curto e médio prazo. Mesmo com o impacto inicial do tarifaço de 50% imposto pelos Estados Unidos à carne bovina brasileira, o setor já demonstra sinais consistentes de recuperação.
Segundo dados da Scot Consultoria, a arroba do boi gordo paulista apresentou alta nesta quinta-feira (31), com o animal “comum” negociado a R$ 295/@ e o “boi-China” alcançando R$ 300/@. Essa valorização ocorre após um período de baixas e está diretamente ligada à necessidade das indústrias em alongar as escalas de abate, que permaneciam curtas devido à retração dos negócios provocada pela incerteza no comércio internacional.
Além disso, a proximidade do pagamento dos salários tende a estimular a demanda interna por carne bovina, somando-se à redução da oferta de boiadas disponíveis para abate. Essa escassez de animais prontos é apontada por especialistas como um dos principais pilares para a sustentação dos preços nos próximos meses.
Exportações recordes e cenário favorável no boi gordo
Pedro Gonçalves, analista da Scot Consultoria, destaca que, mesmo antes do fechamento de julho, o volume e a receita obtidos com as exportações de carne bovina in natura já superaram os recordes históricos para o mês, com previsão de embarques superiores a 270 mil toneladas. A demanda externa, especialmente de mercados asiáticos, segue robusta, compensando em parte o impacto das tarifas impostas pelos EUA.
“Com base no que temos hoje, o cenário é sim de alta na cotação da arroba do boi gordo. A oferta de boiadas é menor que no ano passado, e a demanda, tanto interna quanto externa, está aquecida. Os fundamentos para alta estão bem claros”, afirma Gonçalves.
Tendência de recuperação no curto prazo
Para Fernando Henrique Iglesias, analista da Safras & Mercado, a tendência de alta deve continuar no curto prazo, especialmente para frigoríficos de menor porte, que sentem com mais intensidade o encurtamento das escalas de abate. Ele observa que, apesar das pressões iniciais do tarifaço, o Brasil mantém boas perspectivas no mercado internacional, com oportunidades relevantes na Ásia.
Cotações médias da arroba (31/07):
- São Paulo: R$ 299,75 (ontem: R$ 296,92)
- Goiás: R$ 281,43 (ontem: R$ 278,04)
- Minas Gerais: R$ 288,53 (ontem: R$ 287,06)
- Mato Grosso do Sul: R$ 299,66 (ontem: R$ 297,16)
- Mato Grosso: R$ 291,82 (ontem: R$ 290,61)
Mercado atacadista
No atacado, os preços apresentam acomodação, com o quarto traseiro cotado a R$ 21,40/kg, o dianteiro a R$ 17,50/kg e a ponta de agulha a R$ 17/kg. A expectativa é de melhora na primeira quinzena de agosto, impulsionada pela data comemorativa do Dia dos Pais, embora a concorrência com proteínas mais baratas, como frango, possa limitar avanços.
Perspectivas no mercado do boi gordo
Com oferta restrita, exportações em ritmo recorde e demanda interna reagindo, analistas acreditam que a trajetória de alta deve se consolidar no segundo semestre. Ainda assim, o mercado segue atento a eventuais mudanças no cenário internacional, especialmente no campo das tarifas comerciais impostas por grandes importadores.
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