Mesmo com o aumento significativo no valor da arroba, a indústria frigorífica enfrenta desafios em manter escalas de abate consistentes e, com isso, pecuarista aposta em alta generalizada do boi gordo na entressafra.
O mercado físico do boi gordo continua a apresentar um cenário de alta nos preços em diversas regiões do Brasil, apresentaram as consultorias que acompanham as principais praças pecuárias pelo país. Mesmo com o aumento significativo no valor da arroba, a indústria frigorífica enfrenta desafios em manter escalas de abate consistentes, o que evidencia a limitação na oferta de animais prontos para o abate, característica da entressafra.
Essa alta é impulsionada pela demanda aquecida, especialmente para exportação, que caminha para um recorde histórico em 2024. As cotações máximas do ano têm se renovado dia a dia tanto para o boi quanto para os animais de reposição e também para a carne no atacado. Levantamento do Cepea mostra que, no acumulado de setembro, o Indicador do boi gordo CEPEA/B3 teve forte acréscimo de 14,4%, fechando em R$ 274,35 no dia 30.
Aceleração dos Preços e Escalas de Abate Reduzidas
Na última semana, observou-se uma aceleração no movimento de alta da arroba do boi gordo, com o valor atingindo até R$ 300/@ no mercado paulista, segundo Fernando Henrique Iglesias, analista da consultoria Safras & Mercado.
Essa alta é impulsionada pela demanda aquecida, especialmente para exportação, que caminha para um recorde histórico em 2024. Apesar do crescimento nos preços, a indústria frigorífica continua enfrentando dificuldades em avançar com suas escalas de abate, que têm ficado entre quatro e sete dias, conforme relatado pela Scot Consultoria.
Pesquisadores do Cepea explicam que, em julho e agosto, as cotações pecuárias ensaiaram o início da recuperação das quedas que se sucederam ao longo de todo o primeiro semestre. Mas foi em setembro que os reajustes compensaram as perdas do ano. Segundo pesquisadores do Cepea, a forte estiagem agravada por queimadas reduziu significativamente as ofertas de animais a pasto em setembro, ao mesmo tempo em que a demanda esteve aquecida.
Demanda Interna e Competição com Outras Proteínas
O mercado atacadista também reflete preços firmes, com perspectivas de novas altas no curto prazo, especialmente com a entrada de salários na economia, que pode estimular a reposição de mercadorias ao longo da cadeia produtiva.
Contudo, Fernando Iglesias destaca que a competição com outras proteínas, como o frango, pode ganhar força no ambiente de alta dos preços da carne bovina. Cortes como o quarto dianteiro permanecem com valores de R$ 16,50/kg, enquanto o quarto traseiro chega a R$ 21,50/kg e a ponta de agulha a R$ 15,50/kg.
Impacto do Câmbio e Condições Climáticas
Outro fator que influencia o mercado é o comportamento do dólar, que registrou alta de 0,53%, encerrando a sessão em R$ 5,4745 para venda. O valor da moeda americana impacta diretamente os custos e as margens das exportações, especialmente para o mercado chinês, que continua sendo um destino importante para a carne bovina brasileira.
Além disso, a seca severa e as queimadas nas regiões do Brasil-Central estão comprometendo as pastagens, dificultando a entrega de animais terminados e limitando ainda mais a oferta de boiadas. A Agrifatto destaca que essa combinação de oferta restrita com alta demanda, tanto interna quanto externa, cria um cenário propício para novas altas nos preços, com expectativa de que a arroba alcance os R$ 300 em diversos estados, como São Paulo e Mato Grosso.
Valorização do Boi Gordo em Diversas Regiões
No levantamento realizado pela Agrifatto, 10 das 17 praças monitoradas apresentaram valorização no preço da arroba na quarta-feira (2/10). Entre os estados que registraram alta, destacam-se São Paulo, Bahia, Goiás e Minas Gerais. O preço médio da arroba do boi gordo no estado de São Paulo ficou em R$ 280, sendo R$ 277 para o animal “comum” e R$ 280 para o “boi-China”. Nas outras 16 regiões acompanhadas, a média ficou em R$ 254,85/@.
Preços médios da arroba do boi gordo pelas principais praças pecuárias do país
- São Paulo: R$ 290,00/@ ou até R$ 300,00/@ a depender do lote e prazo
- Goiás: R$ 270,00/@
- Minas Gerais: R$ 283,00/@
- Mato Grosso do Sul: R$ 282,00/@
- Mato Grosso: R$ 245,00/@
Expectativas para o Futuro
O mercado futuro também reflete o otimismo com a continuidade da alta dos preços. Na B3, os contratos futuros de boi gordo para outubro de 2024 fecharam com forte valorização, subindo 3,46% e atingindo R$ 288,95/@. Esse movimento é um indicativo de que os pecuaristas estão confiantes em um cenário de alta generalizada durante a entressafra, quando a oferta de boiadas costuma ser ainda mais limitada.
Exportações para a China: Ritmo Lento
Enquanto o mercado interno segue aquecido, o mercado externo, especialmente para a China, apresenta uma dinâmica diferente. Devido ao feriado do Mid-Autumn Festival, os importadores chineses adotaram uma postura mais cautelosa, resultando em pouca movimentação nas compras. O preço do dianteiro brasileiro destinado à China se manteve estável, cotado a US$ 4.600 por tonelada, sem variação nas últimas quatro semanas.
O cenário atual do mercado de boi gordo no Brasil reflete uma combinação de alta demanda e oferta limitada, impulsionada por fatores internos e externos. Com a arroba do boi gordo atingindo patamares históricos e a expectativa de novos aumentos, os pecuaristas permanecem otimistas, apostando em valorização contínua durante a entressafra. Ao mesmo tempo, a concorrência com outras proteínas e a influência do mercado internacional continuam sendo variáveis importantes a serem observadas.
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