Demanda aquecida, exportações recordes e início do consumo de fim de ano sustentam as altas no mercado do boi gordo ao longo dessa semana; veja as cotações pelas principais praças pecuária
A primeira semana de dezembro confirmou a virada de cenário para o mercado do boi gordo no Brasil. Após quase um mês de estabilidade, a arroba voltou a subir com força em importantes regiões pecuárias, impulsionada por um conjunto de fatores que se renovam a cada início de fim de ano: frigoríficos com estoques enxutos, maior apetite do consumo interno com o pagamento do 13º salário e exportações em ritmo próximo ao recorde histórico. O resultado foi uma nova rodada de valorização, com negócios acima de R$ 325/@ em diversas praças.
Com uma performance de destaque em várias praças brasileiras, consolidando a recuperação das cotações após semanas de estabilidade nas indústrias. As informações foram reunidas a partir dos levantamentos publicados pelo Cepea/Esalq e consultorias como Safras & Mercado, Agrifatto e Scot Consultoria.
Valorização nas principais praças brasileiras
Segundo os dados da Scot Consultoria, a arroba do boi-China atingiu R$ 326/@ em São Paulo, enquanto o boi comum ficou em R$ 322/@, após encerrar o maior período de estabilidade do ano — foram 28 dias sem alterações, conforme registrado.
A consultoria Safras&Mercados também confirma o movimento de alta, trazendo médias de R$ 324/@ em São Paulo, além de avanços em outras regiões:
- Goiás: R$ 316,25/@
- Minas Gerais: R$ 320,53/@
- Mato Grosso do Sul: R$ 320,23/@
- Mato Grosso: R$ 301,49/@ (estável)
Esses números reforçam que o mercado físico passou a registrar negócios acima da referência média, comportamento atribuído à melhora da demanda doméstica e à expectativa otimista para as exportações nas próximas semanas.
Exportações em ritmo acelerado impulsionam as cotações do boi gordo
As exportações seguem como um dos pilares de sustentação das altas. Dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) mostram que o Brasil embarcou 318 mil toneladas de carne bovina em novembro, número praticamente idêntico ao recorde registrado em outubro.
A China permanece como o principal destino, adquirindo 176 mil toneladas no mês. Já os Estados Unidos devem ganhar protagonismo nas próximas semanas, após retirarem as tarifas aplicadas à carne bovina brasileira — movimento que melhora ainda mais as perspectivas de demanda externa.
No mercado interno, o impulso de consumo típico de dezembro já aparece nas estatísticas. De acordo com o Cepea, a liberação do 13º salário aumenta a movimentação no varejo e melhora o escoamento da proteína bovina, principalmente na primeira quinzena do mês, quando supermercados e açougues registram maior rotatividade de cortes. Trata-se de um comportamento sazonal que historicamente sustenta os preços do boi gordo no início do mês.
As consultorias consultadas pela Compre Rural também apontam o mesmo movimento: “A firmeza nos valores da arroba é sustentada pelo ritmo acelerado das exportações e pelo consumo doméstico aquecido.”
O levantamento relata que as escalas de abate seguem confortáveis em boa parte do país, embora com diferenças regionais. Mesmo assim, parte das indústrias ainda precisa comprar volumes significativos de animais para atender ao mercado de fim de ano, o que mantém a competição pela arroba no curto prazo.
O Cepea reforça que, historicamente, a primeira quinzena de dezembro é marcada por forte escoamento de carne, sustentando preços no atacado e no vivo. A segunda quinzena costuma apresentar desaceleração pela aproximação das férias coletivas e recessos industriais, mas a tendência para 2025 é de manutenção de preços firmes.
Na B3, o contrato de boi gordo com vencimento em janeiro de 2026 fechou a R$ 327,65/@, com alta de 0,21% em relação à sessão anterior, segundo o Agrifatto. O movimento indica confiança do mercado na sustentação das cotações, mesmo diante da aproximação do período de menor atividade industrial.
Perspectivas: dezembro deve seguir firme
O Cepea resume o sentimento do setor:
“Com oferta ajustada e exportações em ritmo recorde, os preços da pecuária podem atravessar dezembro sustentados, sem pressão significativa de baixa.”
Com demanda internacional crescente, reposição enxuta e consumo doméstico reforçado pelo calendário, a arroba acima de R$ 325/@ nas praças de referência reforça um cenário de virada positiva para o pecuarista no fim de 2025.
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