
Encurtamento das escalas de abate, retomada da reposição no varejo e novo status sanitário do Brasil impulsionam negócios mais aquecidos em algumas regiões, mesmo com resistência de frigoríficos em pagar mais pelo boi gordo
O mercado físico do boi gordo segue operando com cautela, mas já apresenta sinais pontuais de firmeza e alta nas cotações em algumas das principais praças pecuárias do país. Mesmo com um cenário ainda marcado por lentidão nas negociações, o encurtamento das escalas de abate, especialmente entre frigoríficos de menor porte em importantes praças pecuárias, tem exigido pagamentos acima da média.
Segundo Fernando Henrique Iglesias, analista da Safras & Mercado, embora os preços estejam subindo, o avanço ocorre de forma comedida e seletiva, sem movimentos explosivos. O destaque vai para frigoríficos com escalas apertadas, que precisam garantir a matéria-prima para seus abates e acabam puxando as cotações para cima.
Situação por região
De acordo com a Agrifatto, a oferta de fêmeas para abate está restrita em estados como SP, MG, MS e GO, o que sustenta os preços. Já em PA, TO, AC e RO, o cenário é oposto, com alta oferta de fêmeas, o que acaba pressionando os valores dos machos para baixo.
Das 17 praças monitoradas diariamente pela consultoria, três registraram valorização na arroba nesta quinta-feira (29/5): Mato Grosso do Sul, Mato Grosso e Paraná.
Apesar disso, a Scot Consultoria destaca que em São Paulo houve recuo de R$ 2/@ para o boi comum, agora cotado a R$ 302/@, e queda de R$ 1/@ para o boi-China, atualmente em R$ 305/@.
Cotações médias da arroba do boi gordo por estado
Conforme os dados mais recentes:
- São Paulo: R$ 305,50/@
- Goiás: R$ 288,75/@
- Minas Gerais: R$ 287,35/@
- Mato Grosso do Sul: R$ 303,86/@
- Mato Grosso: R$ 300,26/@
No entanto, a Agrifatto aponta negociações acima disso em São Paulo: o boi comum foi negociado a R$ 300/@, enquanto o animal com padrão exportação, conhecido como “boi-China”, alcançou R$ 310/@.
Futuros e expectativa com exportações
Na B3, os contratos futuros para o boi gordo voltaram a operar em alta. O vencimento junho/25 fechou a R$ 310/@, com avanço de 1,09% sobre o pregão anterior, refletindo o otimismo do mercado com o novo status sanitário do Brasil.
A Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA) declarou o Brasil como território livre de febre aftosa sem vacinação, um marco que, segundo a Abiec (Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes), poderá ser um “ativo estratégico” nas negociações com mercados exigentes, como o Japão, além de Filipinas e Indonésia, interessadas em importar miúdos bovinos.
“A nova classificação também traz novos desafios e responsabilidades para todos os atores envolvidos”, declarou a Abiec, alertando para a necessidade de rigor sanitário contínuo.
Varejo e atacado: sinais de reação
A reposição no varejo e a demanda no atacado paulista mostram melhora desde o início da semana. A Agrifatto aponta que a entrada da massa salarial e o pagamento dos servidores públicos devem impulsionar o consumo nos próximos dias.
Com isso, estoques foram escoados dos centros de distribuição, e os preços subiram. As negociações do dia 28/5 indicaram:
- Boi castrado: R$ 20,50/kg (+R$ 0,50)
- Vaca e dianteiro: R$ 18,50/kg (+R$ 0,50)
A previsão é de novo reajuste para o boi castrado, com R$ 21,00/kg para entregas a partir de 2 de junho, segundo as projeções da consultoria.
Já no mercado atacadista, houve recuo nos preços da carne bovina, mas com expectativa de retomada gradual nas próximas semanas. Segundo Iglesias, o consumidor deve priorizar proteínas mais acessíveis como frango, ovos e embutidos, o que limita o espaço para altas expressivas.
Cotações no atacado:
- Quarto traseiro: R$ 23,00/kg (queda de R$ 0,90)
- Quarto dianteiro: R$ 18,50/kg (queda de R$ 0,50)
- Ponta de agulha: R$ 18,00/kg
Câmbio
O dólar comercial encerrou o dia em queda de 0,48%, cotado a R$ 5,6673 para venda e R$ 5,6653 para compra. A moeda oscilou entre R$ 5,6428 e R$ 5,7028, influenciando os custos das exportações e o comportamento dos mercados futuros.
O mercado do boi gordo vive um momento de transição, com sinais tímidos de alta em algumas regiões, resistência dos pecuaristas às baixas e potencial positivo para as exportações com a mudança no status sanitário do país. A curto prazo, o mercado segue cauteloso, mas atento aos movimentos de demanda interna e internacional.
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