Mercado do boi gordo segue estável na maior parte do país e com preço ainda acima da referência em importante praça pecuária, mas escalas de abate alongadas e maior oferta levantam dúvidas sobre a sustentação dos preços.
O mercado do boi gordo vive um momento de resistência nos preços, mesmo diante da pressão exercida pelo alongamento das escalas de abate e do aumento da oferta de animais terminados. Em algumas praças pecuárias, a arroba chegou a R$ 321,00, evidenciando a força da demanda, sobretudo pelas exportações, que seguem em ritmo acelerado em 2025. No entanto, analistas alertam que a manutenção desses patamares dependerá do equilíbrio entre oferta e consumo nos próximos meses.
Segundo a consultoria Safras & Mercado, muitas indústrias frigoríficas já operam com escalas completas para setembro, sustentadas pelo uso de animais de confinamentos próprios e contratos a termo. Esse cenário garante tranquilidade ao setor industrial e limita a urgência de compras no mercado físico, reduzindo o poder de barganha dos pecuaristas.
A Agrifatto reforça esse diagnóstico: a média nacional das escalas já alcança dez dias, reflexo do grande volume de negociações registradas no início da semana. A consultoria aponta que, após as altas do final de agosto, o mercado físico abriu setembro em tendência negativa, com quedas registradas em dez das dezessete regiões monitoradas, incluindo São Paulo, Mato Grosso do Sul e Goiás.
Diferença regional de preços do boi gordo
Apesar da pressão, algumas praças seguem valorizadas. Dados mais recentes indicam:
- Mato Grosso do Sul: R$ 321,00/@
- São Paulo: R$ 310,83/@
- Mato Grosso: R$ 303,45/@
- Goiás: R$ 301,96/@
- Minas Gerais: R$ 297,06/@
Essas variações mostram como o mercado se movimenta de forma desigual pelo país, impactado pela disponibilidade regional de gado e pela proximidade dos principais polos exportadores.
Exportações seguem como sustentação
Mesmo diante do aumento de oferta interna, o mercado externo segue como fator decisivo para a sustentação da arroba. O Brasil iniciou setembro com média de embarques de 15 toneladas por dia, desempenho considerado recorde para o período. A forte presença brasileira no comércio internacional ajuda a reduzir os efeitos do alongamento das escalas e a manter preços firmes.
Futuro do mercado: estabilidade ou queda?
O mercado futuro dá sinais de cautela. Na B3, o contrato de outubro/25 – auge da entressafra – foi negociado a R$ 313,65/@, registrando queda de 1,8% em relação ao pregão anterior. Esse movimento reflete a expectativa de que o aumento da oferta de gado confinado e o avanço do abate de fêmeas, que atingiu recorde no 2º trimestre, continuem exercendo pressão sobre os preços.
O boi gordo ainda encontra sustentação em exportações aquecidas e consumo interno em recuperação, mas o mercado enfrenta um dilema: até quando a arroba conseguirá resistir à pressão imposta pelo alongamento das escalas de abate e pela forte presença de gado confinado?
A resposta dependerá da manutenção da demanda externa e da capacidade da indústria em absorver o aumento de oferta sem repassar quedas mais acentuadas ao produtor. Por ora, a marca de R$ 321/@ mostra a resiliência do mercado, mas o horizonte aponta para maior volatilidade nas próximas semanas.
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