Com escalas de abate curtas e demanda aquecida, arroba sobe em diversos estados; frigoríficos aumentam agressividade nas compras e exportações seguem impulsionando preços no mercado do boi gordo.
O mercado físico do boi gordo entrou em novembro com força total, consolidando um movimento de valorização que ganha tração à medida que se aproxima o fim do ano. A arroba subiu até R$ 5 em apenas um dia em alguns estados, ultrapassando novamente a média de referência nacional e mantendo o viés de alta no curto prazo.
De acordo com Fernando Henrique Iglesias, analista da Safras & Mercado, os frigoríficos, principalmente os de menor porte, estão operando com escalas de abate bastante enxutas, o que os leva a adotar uma postura mais agressiva na compra de bois nos próximos dias. “A demanda segue aquecida, considerando o auge do consumo no mercado doméstico, somado ao forte ritmo de embarques”, avalia .
Esse encurtamento das escalas e a disputa por lotes prontos para o abate ajudam a explicar os movimentos de valorização observados entre os dias 4 e 5 de novembro.
Cotações do boi gordo reagem e ultrapassam a referência
Segundo o Indicador Boi Datagro, o preço médio da arroba em Mato Grosso do Sul (R$ 324,07) já superou o da praça tradicional de São Paulo (R$ 322,71) . Goiás aparece logo atrás, confirmando a pressão de alta em importantes praças produtoras.
Além disso, o levantamento mostra saltos expressivos nas cotações em três estados em apenas um dia:
- Bahia: de R$ 305,46 para R$ 310,60 (+R$ 5,14)
- Goiás: de R$ 308,47 para R$ 313,08 (+R$ 4,61)
- Mato Grosso: de R$ 305,06 para R$ 310,12 (+R$ 5,06)
Já São Paulo registrou uma leve variação positiva, com a arroba indo de R$ 324,75 para R$ 325,17, e Mato Grosso do Sul se manteve como destaque, com média de R$ 331,36 .
Mercado atacadista acompanha movimento
O atacado também confirmou o viés altista. Os preços das principais peças bovinas registraram ajustes para cima, impulsionados pelo aumento do consumo e expectativa de maior demanda nos próximos dias, com destaque para:
- Quarto dianteiro: R$ 18,75/kg (+R$ 0,25)
- Ponta de agulha: R$ 17,75/kg (+R$ 0,25)
- Quarto traseiro: R$ 25,00/kg (estável)
Exportações e “efeito China” reforçam tendência
Além da demanda interna aquecida pelo pagamento do 13º salário e festas de fim de ano, o mercado internacional também dá suporte aos preços. A exportação de carne bovina in natura segue forte, e há expectativa de aceleração nas compras da China, com a proximidade do Ano Novo Chinês .
Contudo, os analistas pedem atenção para um ponto de incerteza: o governo chinês deve divulgar ainda em novembro o resultado da investigação sobre o impacto das importações de carne bovina na produção local. A depender do desfecho, isso pode afetar os embarques brasileiros no médio prazo .
Oferta limitada mantém firmeza nos preços
Segundo a Scot Consultoria, a postura dos vendedores também colabora com o atual cenário. Apesar de haver bons volumes de bois confinados, os pecuaristas estão firmes nas pedidas e evitam fechar abaixo das referências. Além disso, há pouca oferta de boiadas de pasto, o que limita ainda mais o volume disponível para abate .
Na avaliação da Agrifatto, o viés segue de alta para a primeira quinzena de novembro, com destaque para as praças de São Paulo, Mato Grosso do Sul, Paraná, Rio de Janeiro, Rondônia e Santa Catarina, que já registraram altas diárias nos últimos levantamentos .
Resumo das cotações médias da arroba do boi (5/11):
| Estado | Cotação (R$/@) | Variação (Diária) |
| São Paulo | 325,17 | +0,42 |
| Goiás | 315,89 | +0,35 |
| Minas Gerais | 310,88 | +0,59 |
| Mato Grosso do Sul | 331,36 | +0,22 |
| Mato Grosso | 306,23 | +0,35 |
| Bahia | 310,60 | +5,14 |
| Rondônia | 287,97 | -0,13 |
Perspectivas no mercado do boi gordo
A combinação de oferta controlada, demanda aquecida no atacado e exportações em alta cria um cenário de sustentação para os preços do boi gordo. A expectativa é de que novos reajustes possam ser observados nos próximos dias, especialmente com o aumento da liquidez trazido pelo 13º salário e o avanço da China sobre os estoques internacionais.
Com esse movimento, o pecuarista ganha poder de negociação, enquanto os frigoríficos, pressionados por escalas curtas, devem manter a agressividade nas compras.
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