
Produção recorde de grãos na safra 2025, estimada em 345,2 milhões de toneladas, marca avanço histórico e reforça protagonismo do agro brasileiro
O agronegócio brasileiro vive um momento histórico. A safra 2024/25 já coloca o País no futuro, com números que só eram esperados para o fim da década. Segundo estimativa da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a colheita deverá alcançar 345,2 milhões de toneladas de grãos, um crescimento de 15,6% em relação à temporada anterior, superando em quatro anos a projeção feita pelo próprio Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa).
Entre os destaques, a soja deve crescer 15%, o milho terá alta de 19%, o algodão sobe 7%, o sorgo deve registrar avanço de 23% e o amendoim desponta com um aumento impressionante de 45%, ultrapassando pela primeira vez 1 milhão de toneladas. Esses resultados confirmam a capacidade do Brasil de responder rapidamente à demanda global por alimentos e energia, em um cenário que exige cada vez mais produtividade e eficiência.
Um relatório publicado em 2024 pelo Mapa, em parceria com 13 entidades como Embrapa, Conab e Abag, projetava que o volume atual só seria atingido em 2028/29. Ou seja, o País está quatro anos adiantado em relação às expectativas oficiais.

Mais que grãos: expansão em carnes e energia
O crescimento não se limita aos grãos. Produtos florestais devem registrar alta de 11% em 2025, enquanto o etanol atingiu recorde de 34,96 bilhões de litros no ciclo 2024/25 da cana-de-açúcar, aumento de 4% sobre o ano anterior. O biodiesel também deve crescer 10%, chegando a 9,9 bilhões de litros.
Nas proteínas, os números impressionam: em 2024, foram 10,2 milhões de toneladas de carne bovina (+14,2%), 13,6 milhões de toneladas de frango (+2,4%) e 5,3 milhões de carne suína (+1,2%). Para 2025, o frango e os suínos devem continuar crescendo, enquanto a bovina deve ter leve recuo por conta da menor oferta de novilhas.

Exportações em alta, mesmo com desafios
As exportações brasileiras de carnes atingiram os maiores volumes da história em 2024: 2,89 milhões de toneladas de bovina, 5,3 milhões de frango e 1,35 milhão de suína. Mesmo com a imposição de tarifa de 50% sobre a carne bovina pelos EUA, o Brasil deve manter a liderança global. Além disso, soja e milho devem encerrar 2025 com recordes de exportação: 109 milhões e 45 milhões de toneladas, respectivamente.
Relatórios de instituições como BTG Pactual e Cogo Inteligência em Agronegócio reforçam o protagonismo brasileiro, que já lidera exportações de algodão, café, açúcar, tabaco e suco de laranja, além de ocupar posição de destaque em soja, milho e etanol.
Potencial e gargalos do agro
Especialistas ressaltam que esse crescimento ocorre mesmo com baixa participação de subsídios governamentais. O consultor José Carlos Hausknecht, da MB Agro, destaca que o Brasil é um dos poucos países com condições climáticas, geográficas e tecnológicas para atender à crescente demanda global:
“Somos um dos poucos países com clima tropical e tecnologia adaptada à nossa realidade. Para muitos países, restam poucas alternativas além do Brasil para suprir suas necessidades”, afirmou.
No entanto, desafios persistem. O Plano Safra 2025/26 disponibilizou R$ 605,2 bilhões em crédito — pouco mais de 46% das necessidades do setor, estimadas em R$ 1,3 trilhão. O cenário é agravado pelo alto custo do crédito, burocracia e ausência de políticas eficazes de seguro rural, além de entraves logísticos que encarecem e atrasam o escoamento.

Cooperativismo e sucessão no campo
Para o presidente da OCB, Márcio Lopes de Freitas, o desafio é equilibrar os custos em meio à queda nos preços pagos por unidade produzida. Isso ajuda a explicar o crescimento médio de 10% ao ano no número de associados a cooperativas agrícolas e de crédito, responsáveis por cerca de 50% da colheita de grãos do País.
Já Matheus Marino, presidente da Coopercitrus, ressalta a importância da diversificação da produção e da sucessão familiar, defendendo maior envolvimento das novas gerações no agro com o apoio de tecnologia, educação e assistência jurídica.
A safra de grãos de 2025 mostra que o Brasil não apenas cumpre, mas antecipa projeções históricas, consolidando-se como potência agroalimentar mundial. O desafio, agora, é transformar esse avanço em sustentabilidade econômica para o produtor, superando gargalos de crédito, logística e sucessão no campo. O futuro chegou antes do esperado — e o Brasil já colhe os frutos.
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