Brasil pode ampliar oferta de soja sem desmatar, atesta Embrapa

Oferta de soja deve ser ampliada através da expansão da produção em áreas de pastagens degradadas e incremento da produtividade média com uso de tecnologia.

Nesta terça-feira (1) o NA, conversou com Alexandre Cattelan – chefe de transferência de tecnologia da  Embrapa para entender melhor as discussões que têm tomado as mídias nos últimos dias, envolvendo a floresta Amazônica, mas desta vez com o aumento da produção de soja no país. 

Alexandre Cattelan é um dos responsáveis pelo artigo “Avanço da soja será desafio, mas pesquisadores descartam ocupação de florestas” para rebater as notícias de que o aumento da produção de soja significaria o desmatamento da floresta.

“Nesse artigo nós colocamos dados científicos explicando porque não representa. Não tem dados apenas da Embrapa, mas tem dados da Nasa e outras universidades”, comenta. 

O especialista afirma que os números da atualidade comprovam e sustentam a tese do artigo. “Se nós pegarmos a soja que é produzida na Amazônia, representa menos de 2,5% de toda a soja produzida no Brasil. Realmente uma quantidade bastante pequena, considerando apenas os estados da Amazonas, se considerar o biomio da Amazônia é menos ainda”, explica.

Cattelan explicou ainda que caso a China deixe de comprar soja dos Estados Unidos, poderá sim aumentar a demanda da soja brasileira. Mas, segundo ele, o aumento seria decorrente do aumento de produtividade e que quando ele acontece é em área de pastagem degradada e não na floresta, como circula em algumas redes.

“Pode-se utilizar no máximo 20% para atividade agrícola ou pecuária, só por aí já se vê que a agricultura, seguindo a lei, ela mesma vai preservar a floresta”, afirma. 

Durante a entrevista Cattlelan comentou ainda as questões que envolvem a moratória da soja. “As instituições que exportam não comercializam a soja que foi produzida em área de desmatamento. As áreas são monitoradas por satélite, então a soja que é feita nesses moldes não é adquirida”, comenta.

De acordo com o especialista, a lei está em vigor há 10 anos e durante esse período cerca de 64 mil hectares foram identificados como produção de soja ilegal. “Isso é muito pequeno considerando a dimensão da Amazônia não representa basicamente nada”, afirma. 

Ele afirma que apesar das leis ainda existem agricultores que façam o plantio ilegal. Reforça ainda que uma das soluções para o problema local seria encontrar alternativas que levem rendas significativas para o produtor.

“O que se precisa é buscar alternativas para a Amazônia para que população local se tenha uma renda digna. Porque se fala muito na biodiversidade da Amazônia, o que é uma realidade, mas essa biodiversidade pouco tem refletido para os moradores locais, em benefício, em renda”, analisa.

O especialista comentou ainda sobre o futuro da produção da soja no Brasil. Para ele, o Brasil tem potencial para se tornar o maior produtor de soja do mundo. Fatores como a tecnologia é um dos que devem contribuir para esse aumento. “Primeiramente será feita em pastagem degradada, não vai precisar derrubar nenhuma área”, comenta. 

Afirmou ainda que a quebra de safra nas lavouras Americanas é mais um indício que o país deve avançar. Para ele, Argentina e Ucrânia também podem expandir significavelmente de maneira sustentável, mas não o suficiente para atrapalhar as exportações brasileiras.

Outro fator positivo da soja brasileira é o sequestro de carbono para a produção sustentável. “Quando são seguidas as boas práticas de produção realmente nós temos uma agricultura altamente sustentável com baixa emissão de carbono”, explica.

Veja o artigo na íntegra:

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Fonte: Notícias Agrícolas

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