“Dependendo do número de pedidos (de registros) e da nossa capacidade de atendimento, será estabelecido um prazo para enviar as primeiras listas para a China”.
O Brasil está trabalhando na análise de documentos de empresas interessadas em exportar milho à China, assim como em vistorias de armazéns, incluindo dos portos, que serão habilitados para embarcar o cereal aos chineses, disse o Ministério da Agricultura brasileiro nesta quinta-feira.
A partir da conclusão desta etapa e envio das informações aos chineses, o Brasil estará apto a exportar, acrescentou o ministério.
Além do milho, os brasileiros também estão cumprindo etapas para exportar outros produtos agrícolas à China, país que já é o maior importador de soja, carnes e açúcar do Brasil, entre outros. Na lista de novas commodities, está o farelo de soja.
“Dependendo do número de pedidos (de registros) e da nossa capacidade de atendimento (análise documental e vistorias), será estabelecido um prazo para enviar as primeiras listas para a China”, afirmou o ministério nesta quinta-feira, após ser questionado pela Reuters sobre o processo do milho.
“A partir deste momento as empresas estarão aptas a exportar.”
O ministério ressaltou ainda que as exportações de milho à China “já estão autorizadas”, dependendo destes últimos trâmites burocráticos –um tema superado foi o aval para transgênicos aprovados no Brasil.
As empresas interessadas em exportar milho, farelo de soja, polpa cítrica e proteína de soja para a China tiveram até o dia 26 de agosto para enviar pedidos de registro no Cadastro Geral de Classificação do Ministério da Agricultura.
Entre esses produtos, o milho é visto como o de maior potencial para movimentar os maiores volumes, uma vez que chineses são grandes produtores de farelo de soja.
“Está na fase da parte burocrática… Esses depósitos têm que ser vistoriados pelo Ministério da Agricultura, autorizados e cadastrados”, disse uma fonte do setor exportador na condição de anonimato, para poder falar livremente sobre o assunto.
Segundo essa pessoa, o esforço para as vistorias deve começar pelo porto de Santos, o principal para exportação de milho do país.
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O segmento avalia que o início de exportações de milho do Brasil à China é um marco, mas não tem expectativas de que os volumes serão tão grandes quanto os de soja, pois os chineses são grandes produtores do cereal.
“Não vai ser um volume de soja, mas não deixa de ser um momento histórico”, comentou.
A fonte avalia que a perspectiva para o Brasil começar a exportar milho aos chineses ainda este ano “é boa”, mas os maiores volumes poderiam ser vistos em 2023, uma vez que boa parte dos embarques nos próximos meses já está fechada.
Para o diretor-executivo da Associação Brasileira de Produtores de Milho (Abramilho), Glauber Silveira, não haveria nenhum impedimento para o Brasil exportar milho ainda este ano aos chineses, após o processo de vistoria nos armazéns, mas os volumes seriam relativamente pequenos, pois grande parte da safra atual já está comprometida para vendas a outros clientes.
“A gente não tem tanta sobra, o mais importante é para a próxima safra”, disse ele, concordando que boa parte dos negócios para este ano já estão fechados.
“Se for para exportar, por exemplo, 1 milhão de toneladas, a gente tem, a gente tem estoques”.
A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) atualizou nesta quinta-feira números de oferta e demanda de grãos, estimando as exportações de milho do Brasil em 2021/22 em 37 milhões de toneladas.
De janeiro a agosto, o país já embarcou cerca de 19 milhões de toneladas, conforme dados de exportadores.