Brasil vai ficar sem fertilizante nitrogenado

O nitrato é o fertilizante com maior dependência da produção da Rússia, visto que todo o volume importado em 2021 veio dessa origem, e agora poderá ser suspendida!

Importante produtora de fertilizantes nitrogenados russa, a SDS Azot está na iminência de parar de exportar para o Brasil, aponta o portal especializado Globalfert. De acordo com eles, a proibição deve partir do próprio governo daquele país numa medida protecionista para manter o abastecimento do mercado interno.

“Desde dezembro de 2021, o Ministério da Indústria e Comércio da Rússia divulgou cotas de exportações de fertilizantes. Esta medida foi importante para os agricultores russos, que a partir da limitação da exportação, poderiam contar com parte da produção, que será destinada para uso interno no país e garantir volumes e preços mais competitivos”, explica o Globalfert.

Porém, destacam os especialistas, para os fabricantes de fertilizantes nitrogenados, estas quotas foram vistas de “forma negativa”. Isso porque as limitações “impossibilitavam aproveitar por completo os altos preços de vendas do exterior que bateram recordes no fim de 2021”.

O resultado do imbróglio: “Uma das maiores produtoras de fertilizantes nitrogenados da Rússia, SDS Azot, pode perder sua cota de exportação. Tal possibilidade pode ocorrer devido ao descumprimento das obrigações de abastecer os agricultores russos. Além da retirada da cota, o procedimento atual não prevê sanções para os fabricantes”

“O mercado russo é de extrema importância para o Brasil. No ano de 2021 importamos pouco mais de 2,8 milhões de toneladas de fertilizantes nitrogenados da Rússia, totalizando 22,7% do total. O nitrato é o fertilizante com maior dependência da produção desse país, visto que todo o volume importado em 2021 veio dessa origem”, Disse Bárbara Evangelista, especialista em fertilizantes nitrogenados do GlobalFert.

Importação de fertilizantes é recorde e chega a 41,6 milhões de toneladas

As importações de fertilizantes pelos produtores brasileiros atingiram nível recorde no ano passado, chegando a 41,6 milhões de toneladas entre janeiro e dezembro de 2021. É o que mostra o Boletim Logístico deste mês, divulgado nesta sexta-feira (28) pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).

Foto Yara Brasil

Apesar do porto de Paranaguá, no estado paranaense, ainda ser a principal porta de entrada para o recebimento do produto, outras rotas têm conquistado um maior espaço. Santos, por exemplo, registrou um aumento na entrada de fertilizantes com um direcionamento ao Mato Grosso e estados do Sudeste e Centro-Oeste em torno de 53%, saindo de 6,6 milhões de toneladas para 10,1 milhões de toneladas.

“Em momentos de custos elevados destes insumos, o setor tende a procurar por rotas mais acessíveis e que causem menos impactos no preço final de venda dos fertilizantes aos produtores rurais”, destaca o superintendente de Logística Operacional, Thomé Guth.

Principal produtor de grãos do país, Mato Grosso foi o estado que mais importou em 2021, registrando um volume de 8,0 milhões de toneladas de adubos, sendo a sua maioria, por meio dos portos de Santos e Paranaguá, “o que demanda um alto custo de transporte, tendo em vista a distância acima de 2000 km”, pondera Guth.

Crescimento Arco Norte

De acordo com o boletim divulgado, o mesmo comportamento apontado em Santos ocorre nos portos do Arco Norte, que também tiveram um incremento na sua participação em volume, sobretudo visando atender a Região do Matopiba (Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia) e Mato Grosso. Os volumes recebidos em Santarém (PA), Barcarena (PA), Itacoatiara (AM) e Itaqui (MA) equivalem a 29,1% do volume importado para atendimento do Mato Grosso, evidenciando que o produtor deste estado tem buscado alternativas visando diminuir o custo logístico deste produto de alto valor agregado.

De acordo com o superintendente da Companhia, com a maior participação dos portos do Arco Norte na exportação de milho e soja, principalmente, era esperado uma maior movimentação de fertilizantes, uma vez que é comum a utilização da modalidade de frete de retorno, visando diminuição do custo logístico.

“Ou seja, movimenta-se em direção aos portos com os grãos e retorna para as regiões produtoras com os fertilizantes. Isso torna evidente a importância de se continuar com os investimentos na região do Arco Norte e nos sistemas de transportes para essas rotas, não somente visando a exportação dos grãos, mas, também, nas importações dos insumos, completando o atendimento logístico da cadeia produtiva como um todo, aumentando a competitividade nacional”, ressalta Guth.

Mercado de frete nos estados

O início da colheita da soja tem pressionado os preços de frete na maioria dos estados analisados pela Conab. De acordo com o boletim publicado, a alta das cotações dos serviços de transporte pode ser verificada em Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Goiás ainda no final do ano passado. Além disso, a elevação no preço do óleo diesel também exerce influência no valor praticado no mercado.

O Paraná também registrou uma alta nos preços praticados em dezembro, mas a elevação se justifica pela menor oferta de caminhões, parados devido às festas de final de ano. A previsão é que em janeiro os preços normalizem, porém, com a entrada da nova safra, a redução não deverá ser muito grande.

Já no Distrito Federal, o mercado continua operando com baixos volumes a serem transportados. A excessiva oferta de caminhões no período, aliada à baixa disponibilidade de produtos dado a entressafra forçaram as cotações para baixo na maioria das rotas pesquisadas em dezembro de 2021, comparando com o mês anterior. No entanto, o desempenho das lavouras de grãos na região segue positivo, com a expectativa de que sejam alcançados níveis recordes de produtividade.

Compre Rural com informações da Conab, Agrolink e Reuters

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