Café/Abics: com tarifa, Brasil deve perder espaço no segmento de solúvel dos EUA

Segundo a Abics, os EUA respondem por 19% do total, em volume e receita cambial, das exportações brasileiras de café solúvel.

São Paulo, 21 – O anúncio do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, no último dia 9 de julho, de taxar produtos importados do Brasil em 50%, a partir de 1º de agosto, causa grande preocupação e pode provocar impacto no desempenho das compras do principal parceiro comercial dos cafés solúveis brasileiros. A avaliação é da Associação Brasileira da Indústria de Café Solúvel (Abics).

Atualmente, segundo a Abics, os EUA respondem por 19% do total, em volume e receita cambial, das exportações brasileiras de café solúvel. Por sua vez, o Brasil é o segundo principal fornecedor do produto aos norte-americanos, respondendo por 24% do mercado estadunidense.

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Para o presidente da Abics, Fabio Sato, a eventual adoção da taxa de 50% tende a provocar impacto na competitividade do café solúvel nacional no principal mercado consumidor do mundo. “Se isso se tornar realidade, o produto brasileiro, certamente, perderá espaço para o produzido por outros concorrentes, uma vez que o principal fornecedor, o México, poderá comercializar sem tarifas, e os demais principais fornecedores serão taxados de 10% a, no máximo, 27%”, detalhou em nota.

Exportação no semestre

As exportações brasileiras de café solúvel apresentaram desempenho positivo no primeiro semestre de 2025, alcançando o equivalente a 1,944 milhão de sacas de 60 kg, volume 1,3% superior ao registrado nos seis primeiros meses de 2024. Em receita cambial, o desempenho é ainda mais expressiva, com o valor de US$ 586,925 milhões sendo 45,2% superior no mesmo comparativo anual, segundo dados estatísticos da Abics.

Entre os 81 países que compraram café solúvel do Brasil entre janeiro e o fim de junho deste ano, os Estados Unidos lideram o ranking, com a importação do equivalente a 361.088 sacas do produto. Fechando o top 5, aparecem Argentina, com 193.298 sacas; Rússia, com 138.492 sacas; Indonésia, com 75.140 sacas; e Peru, com 74.069 sacas.

“O desempenho do primeiro semestre não teve impacto causado pela confusão tarifária provocada pelo presidente dos EUA, Donald Trump, por isso, as indústrias brasileiras de cafés solúveis conseguem manter seu ritmo de abastecimento global, consolidando o país como o principal produtor e exportador mundial do produto”, analisou o diretor de Relações Institucionais da Abics, Aguinaldo Lima.

Mercado interno

Conforme dados atualizados pela Abics, a população brasileira consumiu 11,090 mil toneladas (o equivalente a 548.054 sacas) de café solúvel no primeiro semestre de 2025, apresentando um crescimento de 4,2% na comparação com o mesmo intervalo de seis meses em 2024 (526 mil sacas).

Por tipo de produto consumido, observa-se um avanço de 18,7% no freeze dried (liofilizado), para 1,557 mil toneladas, e de 2,5% no spray dried (em pó), a 11,090 mil toneladas. O consumo de todos os tipos de café solúvel importado – já incluídos no compilado total de spray e freeze dried -, por sua vez, apresentou uma elevação de 23%.

O diretor de Relações Institucionais da Abics acredita que a evolução no consumo interno se dá por dois motivos: melhor qualidade e novos produtos no mercado e custo mais acessível em relação aos demais cafés. “O solúvel tem um custo por xícara relativamente inferior para os consumidores, além de não demandar gastos com filtros e outros utensílios em seu preparo, o que gera economia essencial em tempos de inflação. Além disso, nossas indústrias não param de investir e apresentar novidades, melhorando ainda mais a qualidade da bebida e ampliando a diversidade de uso do produto em diversas formas de preparo e processamentos”, concluiu Lima.

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