Prova PCAD/TEA 2025 reúne criadores, pesquisadores e entidades, destaca progresso genético da raça e reforça sua expansão no mercado de carne; evento trouxe pré-lançamento do projeto Canchim On Dairy
A Associação Brasileira de Criadores de Canchim (ABCCAN) apresentou, na última sexta-feira (28), os grandes campeões e campeãs da 15ª PCAD / TEA Nacional da Raça Canchim – Edição 2025. A prova foi realizada no Instituto de Zootecnia (IZ), em Sertãozinho, interior de São Paulo, e os trabalhos representaram um esforço coletivo entre a associação de criadores da raça, a Embrapa Pecuária Sudeste e o próprio IZ.
Ao longo de todo o semestre, os animais participaram de uma bateria de testes com ênfase em eficiência produtiva, adaptação ambiental e novos indicadores de sustentabilidade. Entre as avaliações, destaca-se, mais uma vez, o Teste de Eficiência Alimentar (TEA) — já aplicado há seis anos consecutivos à raça —, que teve 22 machos inscritos nesta edição. Dando continuidade às avaliações de fertilidade, neste ano participaram 12 fêmeas, provenientes de seis criatórios de diferentes estados brasileiros, submetidas ao protocolo de Inseminação Artificial em Tempo Fixo (IATF) para mensurar fertilidade e precocidade reprodutiva.

A pesquisadora da Embrapa Pecuária Sudeste e responsável técnica pela prova, Dra. Cíntia Righetti Marcondes, ressaltou o encerramento de mais um ciclo da prova de desempenho da raça Canchim. Segundo ela, o evento marcou não apenas a apresentação dos animais, mas também um momento de integração entre criadores, pesquisadores e estudantes.
Durante a cerimônia de premiação, a pesquisadora agradeceu o investimento contínuo dos criadores na avaliação e na parceria técnica estabelecida ao longo dos anos. Ela também parabenizou os vencedores desta edição: Valentin Suchek (Canchim Canta Galo), Júlio Silvestre (Fazenda São Joaquim), Emílio Gouveia (Canchim Mangalba) e Adriano e seu Irineu (Ilma Agropecuária), reconhecidos pelo desempenho de seus animais tanto na prova de machos quanto na de fêmeas.
A presidente da ABCCAN, Kika Ribeiro, agradeceu a participação dos criadores na prova e destacou a expectativa de ampliar o número de animais inscritos na próxima edição. Segundo ela, o aumento do volume avaliado permitirá gerar mais dados sobre emissão de metano e outros indicadores relevantes para a pecuária nacional e para a pesquisa científica.
Kika também ressaltou o trabalho do IZ de Sertãozinho e de toda a equipe envolvida na condução da prova. Citou ainda a atuação da pesquisadora Dra. Cíntia Marcondes, que lidera os trabalhos técnicos com “competência e constância ao longo dos anos”.
A presidente enfatizou a qualidade das palestras apresentadas, especialmente a da Dra. Lilian Matimoto, que trouxe informações atualizadas sobre o mercado de genética. Para Kika, a edição deste ano fortalece a base de conhecimento dos criadores: “Saímos desta prova com ainda mais bagagem para refletir sobre o que precisamos aprimorar em nossos plantéis e sobre como podemos continuar contribuindo para a pecuária nacional” – ressaltou a presidente. 
Outro destaque especial desta edição foi a realização, pelo segundo ano consecutivo, da coleta de metano entérico nos machos participantes. O procedimento utilizou um protocolo avançado, envolvendo cangas equipadas com tubos nas narinas para captura das eructações durante 24 horas, repetidas ao longo de cinco dias, seguido de análise por cromatografia para quantificação de CH₄. A metodologia está alinhada aos avanços da Embrapa e do Instituto de Zootecnia (IZ) na mensuração contínua de emissões em animais em terminação.
A pesquisadora do Instituto de Zootecnia de Sertãozinho (IZ), Maria Eugênia Mercadante, destacou durante o evento os avanços na mensuração da emissão de metano entérico em bovinos. Segundo ela, esse tipo de avaliação já é uma realidade consolidada na cadeia produtiva de leite em diversos países. “No exterior, já existem sumários de touros que incluem valores genéticos e DEPs específicos para emissão de metano, permitindo selecionar animais cujas filhas produzam menos metano. Holanda e Espanha são alguns dos exemplos”, afirmou. 
Mercadante explicou que o Brasil também avança nessa direção. O IZ já possui um amplo banco de dados com medições de emissão de metano em bovinos Nelore — informação que resultou na publicação das primeiras DEPs para esse indicador no sumário da raça. “Estamos caminhando no mesmo sentido com o Canchim”, acrescentou, reforçando que a mensuração de características relacionadas à sustentabilidade é um passo estratégico para a pecuária nacional.
A superintendente suplente da Associação Nacional de Criadores Herd-Book Collares (ANC), Juliana Souza, ressaltou o crescimento expressivo dos registros da animai da raça Canchim. Segundo ela, a raça ocupa pelo segundo ano consecutivo a segunda posição em número de registros, superando 59 mil animais. “É um avanço importante para a pecuária, para os criadores e para a própria raça, que demonstra uma demanda crescente no mercado”, afirmou.
Juliana destacou ainda que esse aumento fortalece o PROMEBO, programa de melhoramento genético da ANC, ampliando a precisão das avaliações e valorizando o trabalho dos selecionadores. Ela também apontou o desempenho das raças sintéticas, como o Canchim, no rendimento e na qualidade da carne, atributos reforçados pelas tecnologias de avaliação, como o ultrassonografia de carcaça. “O Canchim vem se consolidando e ganhando cada vez mais espaço no mercado de carne de qualidade”, concluiu Juliana.
A executiva da Associação Brasileira de Inseminação Artificial (Asbia), Lilian Matimoto, ressaltou o avanço consistente da raça Canchim no cenário nacional. Segundo ela, os dados apresentados pela ANC mostram que o Canchim é hoje a segunda raça que mais cresce em número de registros no país — informação que também se confirma nos levantamentos da Asbia sobre a contribuição genética das raças à pecuária brasileira e internacional.
Lilian destacou que os números evidenciam a força do Canchim na entrega de produtividade aliada à rusticidade, além de animais com conformação alinhada ao que o mercado demanda. “Os resultados mostram a qualidade da raça e o retorno financeiro que ela proporciona”, afirmou Matimoto.

Responsável por avaliar os animais de destaque e eleger os grandes campeões da PCAD/TEA 2025, o gestor de Expansão e Estratégia de Mercado de Corte da CRV Lagoa, Delmiro Rodrigues, destacou a qualidade dos exemplares apresentados na prova. Com quase três décadas de experiência na seleção de touros para centrais de inseminação, ele afirmou que os animais avaliados se destacaram pelo equilíbrio entre morfologia, desempenho e consistência genética.
Segundo Delmiro, a combinação de ferramentas como DEPs, ultrassonografia de carcaça e provas de ganho de peso, aliada a características fenotípicas desejáveis — como musculatura, profundidade, comprimento e harmonia — reforça o potencial dos touros para gerar bezerros superiores e alta produção de carne. “Encontramos indivíduos extraordinários, alinhados ao que o mercado busca e ao que o produtor precisa para melhorar rendimento e desempenho no campo”, afirmou.

Entre as fêmeas, o título de Grande Campeã ficou com o animal de registro 6368, pertencente ao criatório Canchim Canta Galo, que se destacou pelo desempenho superior nos critérios avaliados. Já o posto de Reservada Campeã foi conquistado pela fêmea de registro 14427, da ILMA Agropecuária, reforçando a qualidade genética apresentada pelos criatórios nesta edição da prova. 
Entre os machos, o título de Grande Campeão foi conquistado pelo animal de registro 14425, NEXUS da ILMA Agropecuária, que apresentou o melhor conjunto de desempenho e características avaliadas na prova. O criatório Canchim Mangalba garantiu o título de Reservado Campeão com o macho de registro 544, evidenciando a competitividade e a qualidade genética dos exemplares participantes.
Campeões e campeãs da PCAD Canchim 2025
FÊMEAS
- Campeã: 6368 – Canchim Canta Galo
- Reservada Campeã: 14427 – ILMA Agropecuária
Campeãs do desempenho CAR:
- 1ª Colocada – 6368 – Canchim Canta Galo
- 2ª Colocada – 6337 – Canchim Canta Galo
Campeãs do desempenho CAR e prenhas:
- 1ª Colocada – 14427 – ILMA Agropecuária
- 2ª Colocada – 2546 – Fazenda São Joaquim
- 3ª Colocada – 2536 – Fazenda São Joaquim
MACHOS
- Campeão Progênie de pai: Hildeu MN Mangalba EG
- Reservado Campeão Progênie de pai: Zimbaue S.J.
- Grande Campeão: 14425 – ILMA Agropecuária
- Reservado Campeão: 544 – Canchim Mangalba
- Elite Ouro: 544 – Canchim Mangalba
- Elite Prata: 2537 – Fazenda São Joaquim
- Elite Bronze: 14425 – ILMA Agropecuária
- 1º no CAR: 2531 – Fazenda São Joaquim
- 2º no CAR: 14438 – ILMA Agropecuária
- 3º no CAR: 6367 – Canchim Canta Galo

Novo selo Canchim On Dairy
O Canchim também realizou o pré-lançamento do selo Promebo/Embrapa, marcando sua adesão aos programas Beef on Dairy, ou “carne com leite”, com o projeto Canchim On Dairy — título sugerido pela presidente Kika Ribeiro.
A iniciativa tem como objetivo inserir genética Canchim em fazendas leiteiras para a produção de bezerros mais produtivos para carne, unindo rusticidade, ganho de peso e qualidade de carcaça a sistemas tradicionalmente voltados apenas ao leite. Trata-se de um movimento estratégico que amplia oportunidades para o pecuarista e reforça a versatilidade da raça. 
“Fizemos o pré-lançamento do selo Canchim On Dairy, que certificará touros para uso nessa estratégia. Teremos, junto à avaliação genética do Promebo — em uma parceria técnica entre Embrapa, Promebo e ANC — a inclusão dessa certificação. Com o lançamento do selo, o animal passará a contar, em sua avaliação, com uma indicação específica para utilização também em rebanhos leiteiros.” – revelou a Dra. Cintia.
Dra. Cintia ressaltou ainda que é mais uma forma de o produtor ampliar sua fonte de renda, passando a contar com bezerros que podem ser recriados e engordados com ótimo valor de mercado. Sabemos que o Canchim agrega carcaça e ganho de peso, e a tendência é que essa estratégia valorize significativamente o trabalho e a rentabilidade do produtor de leite.
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