Capim verde mesmo com poucas chuvas? Sim, é possível!

Imagens de drone mostram diferenças de pastagem entre Tifton 85, mais resistente e robusto, e o capim braquiária, mesmo sem irrigação. Inovação é caminho para amenizar efeitos negativos da estiagem nos campos, que chega à mesa do brasileiro

A estiagem prolongada e períodos de chuvas irregulares são fatores que preocupam produtores rurais e toda a sociedade. A situação pode impactar em toda a economia, já que colheitas podem ser prejudicadas, assim como o fornecimento de proteína animal. Em novembro, o Brasil registrou, segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) alta variabilidade das chuvas e temperaturas mais altas em praticamente todo o país. Alguns estados registraram volume pluviométrico acima da média e outros abaixo da média, com predominância da instabilidade.

O Estado de Goiás, por exemplo, recebeu menos chuva. No mês de novembro, a precipitação foi até 41% inferior, ao se considerar a região de Posse (Nordeste goiano), por exemplo, – se comparado ao ano passado. No estado em geral, choveu aproximadamente 188 mm, sendo que a média é de 213 mm. Dezembro chega com perspectiva de chuva dentro da média, porém, podendo ocorrer de forma irregular, com padrões distintos de precipitação pelo país. A maior parte da região Sul, por exemplo, deve registrar chuva abaixo da média climatológica.

Para enfrentar esse cenário e amenizar os possíveis efeitos na produção agropecuária, a tecnologia é aliada. Na criação de bovinos, quando há pouca chuva, a recuperação das pastagens fica atrasada e isso impacta negativamente na produção. Contudo, com inovação nas pastagens, fazendas conseguem permanecer com o verde mesmo em tempo de seca.

Um exemplo é a Fazenda Santa Maria, em Goiás, que implantou o capim Tifton 85 e mesmo no fim de novembro, com chuvas escassas e irregulares, exibia amplo pasto verde – mesmo sem irrigação. Ao lado da propriedade, imagens de drone mostram pastagem de braquiária seca e esparsa.

O zootecnista Oswaldo Stival Neto explica por que o Tifton 85 apresenta mais resistência e robustez, mesmo na estiagem. A espécie, criada em 1992 nos Estados Unidos, tem arranque mais rápido, alta cobertura vegetal, e produz maior quantidade de matéria seca por hectare, protegendo o solo contra erosão.

“A partir do momento que ele não deixa o solo exposto, qualquer chuva que venha vai reter umidade e evitar a evaporação”, explica.

Mesmo com oscilações de chuva e sol quente, o Tifton 85 mantém umidade suficiente para crescimento, destacando-se na produção de forragem em relação a outras forrageiras. Aliado a adubação estratégica, acelera o crescimento, produz muita massa e entrega alto valor nutricional, permitindo alto ganho de peso ou alta produção de leite.

Saiba mais sobre o Tifton 85

O Tifton 85 oferece ao gado o dobro do valor nutritivo em comparação à braquiária, além de maior produção de matéria seca e proteção do solo. Porém, seu plantio por ramas era limitado, já que sua semente não germina.

Para resolver esse gargalo, Oswaldo e sua equipe da Amazon Mudas desenvolveram tecnologia de clonagem e plantio mecanizado, semelhante ao de tomate ou batata, garantindo melhoramento genético e implantação eficiente. Fazendas em Goiás e em outras regiões já adotam a forrageira com facilidade.

Segundo Oswaldo Neto, é possível aumentar a produtividade do gado em até 10 vezes, proteger o solo da erosão e atender à crescente demanda mundial por proteína animal. Ele afirma que, usando tecnologias corretas, o Brasil pode suprir 50% da demanda futura usando apenas 10% da área de pastagens atuais.

Com o Tifton 85, é possível alcançar 40 arrobas por hectare, frente à média nacional de quatro arrobas, e chegar a até sete cabeças por hectare, sem uso de ração.

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ℹ️ Conteúdo publicado pela estagiária Ana Gusmão sob a supervisão do editor-chefe Thiago Pereira

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