Cargill investe R$ 550 milhões em fábrica na região de Rio Preto

Unidade de Bebedouro é responsável pela produção de fibra natural a partir da casca da laranja e do limão; foram investidos R$ 550 milhões na operação e gerados 140 empregos.

Prestes a completar um ano de operação, a fábrica da Cargill em Bebedouro já ampliou o quadro inicial de funcionários, passando de 120 para 140 empregos diretos. Com investimentos da ordem de R$ 550 milhões, a planta de pectina – uma fibra natural extraída das cascas de laranjas e limões – é a primeira instalada fora da Europa e a quarta deste segmento da multinacional norte-americana.

A instalação da unidade fabril em Bebedouro foi anunciada em 2018, mas o projeto precisou ser repensado em função das restrições impostas pela pandemia. A inauguração ocorreu em setembro de 2021 e início das operações em novembro do ano passado.

“Essa não é a primeira vez em que a Cargill inaugura uma fábrica em Bebedouro. A cidade tem um histórico de quase 100 anos de produção de laranja e, por conta do boom citrícola entre os anos 1970 e 1980, é conhecida informalmente como Califórnia brasileira, dentro do que a gente pode chamar de cinturão citrícola do País”, afirmou Renato Wandrey, gerente da fábrica de pectina da Cargill, ao explicar a escolha de Bebedouro para o investimento milionário.

Segundo o executivo, o grupo esteve na cidade por 30 anos e, em 2004, vendeu a unidade que produzia sucos de laranja e derivados. “Bebedouro facilita o acesso às matérias-primas, pois as laranjas são cultivadas a poucos quilômetros da fábrica. Estamos muito felizes em atuar de forma mais intensa na região com essa fábrica de pectina”, disse.

A fábrica em Bebedouro está relacionada ao portfólio de ingredientes “label friendly”, ou seja, obtido com matéria-prima de origem natural. Segundo Wandrey, na prática, a fábrica recebe cascas de laranjas e limões – que seriam considerados resíduos – e extrai essa fibra solúvel que tem função texturizante, emulsificante e alto valor agregado.

O tipo de pectina produzido é a HM (High-Methoxyl, ou alta metoxilação em português), que tem uso combinado com outros produtos e funciona como estabilizante, espessante e gelificante. “A nova fábrica foi planejada para colocar a Cargill em uma nova posição do setor que cresce influenciado pelo consumo de bebidas lácteas ácidas, iogurte, geleia, doces e balas, alguns dos principais destinos da pectina”, disse.

O produto fabricado na região Noroeste paulista, além de fornecer para empresas que operam no Brasil, também abastece mercados como outros países da América do Sul, Europa e Ásia. “A empresa aposta em um aumento anual de até 4% na demanda global por pectina, crescimento influenciado pelo consumo dos produtos finais e por novos perfis de consumo, já que a pectina pode ser usada em dietas livres de proteína animal.”

Segundo Wandrey, os investimentos foram na construção de uma unidade fabril que reduz as emissões de CO2, inclusive porque está mais perto da matéria-prima, que seria considerada resíduo se não fosse esse processo de produção da pectina. “A fábrica de Bebedouro consome energia térmica gerada a partir de biomassa e biogás, com tecnologias e boas práticas de sustentabilidade já aplicadas em outras unidades da empresa”.

A Cargill, que oferece serviços e produtos alimentícios, agrícolas, financeiros e industriai, tem 155 anos de história, 155 mil funcionários em 70 países. No Brasil desde 1965, é uma das maiores indústrias de alimentos. Com sede em São Paulo, está presente em 17 estados por meio de unidades industriais e escritórios em 147 municípios e 11 mil funcionários. “A Cargill anunciou investimentos de R$ 600 milhões no Brasil para 2022, incluindo todos os negócios e região. Esse investimento inclui atualização das nossas operações no País”.

Fonte: Diário da Região
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