Retomada das exportações e alta competitividade impulsionam a presença da carne bovina brasileira no mercado norte-americano
A carne bovina brasileira tem conquistado espaço estratégico nos Estados Unidos ao se mostrar significativamente mais barata que a produzida localmente. Mesmo com a taxa de exportação de 26,4% ainda em vigor, a suspensão da tarifa adicional de 50% — imposta durante a gestão anterior de Donald Trump — trouxe novo fôlego ao setor e reposicionou o produto brasileiro no mercado internacional com 16% de vantagem competitiva sobre a carne americana.
Atualmente, o mercado pecuário nacional mantém um cenário de estabilidade, com o boi gordo cotado a R$ 322,61/@ na praça-base São Paulo, conforme o Indicador do Boi da Datagro. No entanto, a expectativa é de aquecimento nas próximas semanas por dois fatores sazonais importantes: as festas de fim de ano e a injeção do 13º salário na economia brasileira, o que costuma elevar o consumo interno.
EUA voltam a importar carne bovina brasileira em grande escala
O diferencial de preço abriu uma janela de oportunidade para os frigoríficos brasileiros ampliarem seus embarques para os EUA. A analista Isabela Ingracia, da consultoria Datagro, explica que a retirada da tarifa extra de 50% torna a carne nacional mais competitiva, mesmo com a tarifa padrão de 26,4%. “Hoje, nossa carne bovina chega a ser 16% mais barata que a americana, o que fortalece nosso posicionamento comercial”, afirmou.
Além do preço, há um cenário estrutural favorável para o Brasil: os Estados Unidos enfrentam o menor rebanho bovino das últimas décadas, o que limita sua capacidade de abastecimento interno. Isso gera uma demanda crescente por importação de beef trimmings — os cortes secundários provenientes da desossa —, o que tende a elevar o volume de carne adquirida dos exportadores brasileiros.
Números robustos nas exportações de novembro
De acordo com dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), nos primeiros 10 dias úteis de novembro, o Brasil exportou 163,699 mil toneladas de carne bovina (fresca, refrigerada ou congelada), com um valor total de US$ 905,060 milhões. A média diária ficou em 16,370 mil toneladas e US$ 90,506 milhões em faturamento.
O preço médio da tonelada exportada ficou em US$ 5.528,80, e o comparativo com novembro de 2024 mostra um cenário amplamente favorável:
- +54,7% no valor médio diário exportado;
- +36,3% no volume médio diário embarcado;
- +13,5% no preço médio por tonelada.
Perspectivas para o setor de carne bovina brasileira
Com a demanda externa aquecida e os fatores internos favoráveis, a pecuária brasileira entra em um momento estratégico de valorização, tanto em preços quanto em volume. A presença mais forte no mercado norte-americano pode gerar efeitos positivos de longo prazo, incentivando investimentos em produção, logística e rastreabilidade.
Além disso, a possível manutenção da tarifa reduzida — a depender da continuidade de políticas comerciais favoráveis — poderá consolidar os Estados Unidos como um dos principais destinos da carne bovina brasileira, ao lado da China, Egito e Emirados Árabes Unidos.
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