
Rica em proteínas e minerais, a carne de búfalo tem menos colesterol e gordura que a bovina e começa a conquistar consumidores no Brasil.
A carne de búfalo, ainda pouco explorada no Brasil, vem chamando a atenção por suas qualidades nutricionais e funcionais que a tornam uma alternativa saudável e competitiva à carne bovina. Apesar de o país deter o maior rebanho de búfalos do Ocidente, o consumo interno ainda é limitado. No entanto, pesquisas, eventos de divulgação e novas práticas de manejo estão impulsionando sua presença no mercado e despertando a curiosidade de consumidores e produtores.
Pesquisas desenvolvidas pela Embrapa Pecuária Sul e Embrapa Clima Temperado mostraram que a carne bubalina pode ser até 50% mais magra que a bovina, com teor médio de gordura de apenas 1,29%, contra 2,25% da carne de bovinos criados a pasto. Essa composição a coloca como uma opção ideal para quem busca uma dieta equilibrada sem abrir mão do sabor.
Outro destaque está em seu perfil lipídico mais saudável, com maior presença de ácidos graxos insaturados e menor teor de gordura saturada, como apontou um estudo italiano publicado no Journal of Translational Medicine, que reforça os benefícios da carne bubalina para a saúde cardiovascular.
Visualmente, a carne de búfalo se assemelha muito à bovina, mas sua gordura é branca e, em embalagens a vácuo, a coloração pode parecer mais pálida. O sabor é suave, levemente adocicado e muito agradável, conquistando consumidores logo no primeiro contato.
Os cortes são os mesmos da carne bovina, como picanha, contrafilé e entrecot, permitindo fácil adaptação na rotina culinária. Pode ser usada em churrascos, assados, grelhados ou embutidos, além de hambúrgueres e linguiças, ampliando sua versatilidade na cozinha.
Apesar do baixo consumo nacional, o setor começa a avançar com iniciativas como:
- Abate precoce de animais jovens, que proporciona carnes mais macias e atrativas;
- Identificação em rótulos e eventos de divulgação, que aumentam a visibilidade da carne bubalina;
- Pesquisas de melhoramento genético, voltadas a carcaça, crescimento e qualidade da carne.
No entanto, ainda há desafios. Um dos principais é a falta de padronização na comercialização. Muitos animais abatidos como búfalos acabam sendo rotulados como bovinos, o que prejudica tanto produtores, que não recebem bonificação pela qualidade diferenciada, quanto consumidores, que deixam de saber exatamente o que estão comprando.
A carne de búfalo já é apreciada em diversos países:
- Estados Unidos: usada em hambúrgueres premium, com apelo para dietas de baixo colesterol.
- Argentina: avaliada com o mesmo padrão da bovina, também empregada em embutidos.
- Brasil: presente em vários estados, mas ainda pouco identificada nos pontos de venda.
No Rio Grande do Sul, por exemplo, há um esforço dos criadores para consolidar o mercado da carne bubalina, apesar de a cadeia produtiva ainda ser mais focada no leite. Como destaca Delfino Beck Barbosa, ex-presidente da Associação Sulina de Criadores de Búfalos, o desafio está em criar uma base de consumidores fiéis e um mercado forte que garanta valorização justa.
Com a crescente demanda por alimentos mais saudáveis e sustentáveis, a carne de búfalo tem espaço para se consolidar no Brasil. O avanço das pesquisas da Embrapa, a melhoria genética do rebanho e a maior divulgação ao consumidor podem transformar essa proteína em uma alternativa estratégica para diversificar a pecuária nacional.
Mais magra, nutritiva e saborosa, a carne de búfalo carrega o potencial de sair da sombra da bovina e conquistar cada vez mais espaço no prato dos brasileiros.
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