
Com 12 mil lojas espalhadas pelo mundo, o grupo Carrefour suspendeu a compra de carne do Frigoestrela, frigorífico que tem, entre seus fornecedores, um pecuarista autuado por trabalho escravo.
O cancelamento aconteceu após reportagem da Repórter Brasil, publicada nesta quarta-feira (18), que revelou que outras duas grandes redes de supermercados, o Pão de Açúcar (GPA) e o Cencosud, também adquiriram carne de frigoríficos com fornecedores que já estiveram na ‘lista suja’ do trabalho escravo – cadastro divulgado semestralmente pelo Ministério da Economia com a relação de empregadores que são flagrados praticando o crime.
O Grupo Carrefour informou, em nota enviada poucas horas após a publicação da reportagem, que “decidiu suspender a compra de produtos do Frigoestrela” após apuração interna e pedidos de esclarecimentos do fornecedor. O grupo informou ainda que “repudia todo e qualquer tipo de violação aos direitos humanos ou leis trabalhistas” e que é membro fundador e curador do Instituto Pacto Nacional pela Erradicação do Trabalho Escravo (InPacto).
A investigação da Repórter Brasil mostrou que a Frigoestrela comprou gado em 2018 e 2019 do fornecedor Hélio Cavalcanti Garcia, do Mato Grosso, incluído na “lista suja” do trabalho escravo em 2017 —onde permanece até hoje. Garcia foi prefeito de Rondonópolis na década de 1960 e, além de pecuarista, também é tabelião. Os auditores fiscais do Trabalho identificaram cinco trabalhadores em situação análoga à escravidão na sua Fazenda Rio Dourado, em Poxoréu (MT).
Procurado, o Frigoestrela disse realizar acompanhamentos constantes junto aos pecuaristas e afirmou que, no caso específico, ainda não havia nenhuma condenação judicial contra o fornecedor. O Frigoestrela possui unidades de abate em Rondonópolis (MT) e Estrela D’Oeste (SP). A Repórter Brasil tentou contato com Garcia em seu cartório e por meio de seu advogado, mas não obteve retorno.
Ao portal G1, ele declarou que foi vítima de um flagrante armado por um funcionário que lhe devia R$ 17 mil. Disse ainda que os trabalhadores não eram seus funcionários – um deles era empreiteiro e os outros quatro, subempreiteiros.
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Além do Carrefour, o Pão de Açúcar também já havia informado sobre a suspensão de compra de fornecedores, segundo informou a diretoria de Sustentabilidade do GPA à Repórter Brasil. O Cencosud negou ter comprado carne de frigoríficos que negociam com fazendeiros incluídos na “lista suja” do trabalho escravo.
Fonte: UOL.